Deep Purple

Inglaterra
http://www.deep-purple.com/

Titulo: Machine Head Live 1972
Ano de Lançamento: 2002
Gênero: Hard-prog
Gravadora: Label n�o informado
Número de catálogo: 54444
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  Revisto por: Gibran Felippe Nota:8.0
O grupo brit�nico Deep Purple j� havia iniciado uma trilha de sucesso a partir dos seus primeiros discos, sempre chamando a aten��o de cr�tica e p�blico para seu hard altamente trabalhado e com grandes destaques instrumentais, por�m essa trilha ficou realmente iluminada por conta do lan�amento do seu �lbum mais proeminente; "Machine Head". A partir desse monumental trabalho, para muitos o maior disco de hard em todos os tempos, a banda ingressou ao pante�o dos maiores nomes da �poca e suas turn�s passaram a ser longas e extremamente concorridas. "Machine Head Live 1972" aborda justamente um desses momentos, na fria Dinamarca, um registro hist�rico e representativo da carreira do grande Deep Purple.

A forma��o cl�ssica n�o deixa margem a qualquer tipo de frustra��o: Jon Lord - teclados, Ian Gillan - vocais, Ritche Blackmore - guitarras, Ian Paice - bateria e Roger Glover - baixo. � uma oportunidade de ver em a��o dividindo o mesmo palco, os controversos Gilan e Blackmore, algo que se tornaria raro alguns anos depois, para despeito dos milhares de f�s do grupo mundo afora. O entrosamento da banda � contagiante, tocando fogo na plat�ia dinamarquesa.

As imagens em preto e branco podem deixar o p�blico jovem um tanto quanto at�nito, afinal l� se v�o mais de trinta e cinco anos, imaginando assistir algo da �poca dos seus av�s, mas cessando esse impacto inicial, a for�a do Deep Purple mostra-se presente, abrindo com o seu grande petardo "Highway Star". O interessante desse show � que as vers�es est�o bem distintas das originais, dando vaz�o a uma s�rie de improvisos, num palco pequeno. Logo de cara percebemos Blackmore fazendo ajustes nos equipamentos, afinal de contas, naquela �poca o staff do grupo deveria ser diminuto. Nessa m�sica inicial, destaca-se a performance de Jon Lord, o que ele toca no hammond � um arraso, entretanto Blackmore n�o teve a mesma presen�a, seu solo ficou bem descaracterizado, muito truncado e com algumas aus�ncias de notas significativas. Deve se levar em considera��o que a qualidade do som n�o estava das melhores. Na sequ�ncia quem d� as cartas � Ian Paice em "Strange Kind Of A Woman", a batera dessa m�sica ao vivo ficou muito boa. Se na anterior Gilan parecia meio travado, se aquecendo ainda, aqui ele est� totalmente solto e mostrando o vozerio t�o caracter�stico com agudos fant�sticos, uma de suas marcas registradas. Nessa segunda m�sica j� se pode perceber a propens�o da banda aos improvisos e longos solos de guitarra, � tamb�m a partir desse ponto que as c�meras se voltam um pouco para a plat�ia tamb�m e nota-se cada figura que n�o � brincadeira, chega a ser hil�rio de t�o viajante, puro esp�rito de liberdade que somente o rock and roll � capaz de produzir. Temos em "Strange Kind Of Woman" o primeiro duelo entre Gilan e Blackmore, momento simplesmente antol�gico!

Na seq��ncia chega-se � apoteose total, o grande momento do show, j� nas notas iniciais do teclado de Lord o p�blico vai ao del�rio. Nada mais, nada menos que uma das maiores m�sicas de rock em todos os tempos e o carro chefe do grupo - "Child In Time", numa vers�o estendida e absolutamente deslumbrante. A combina��o de solos entre teclados e guitarras � bem equilibrada, ao contr�rio da maioria das m�sicas, onde notamos uma presen�a muito maior do Blackmore, a rigor em "Child In Time" o destaque maior fica mesmo para o mestre John Lord que conduz um anticl�max extasiante, numa suavidade que arrepia, evoluindo com uniformidade para a nova explos�o que o grupo provocaria no andamento da m�sica, com Gilan fazendo-se de percusionista a maior parte do tempo, at� mesmo para poupar um pouco a voz, pois n�o � f�cil soltar a garganta daquela forma. Acredito que ao longo da hist�ria do hard, o nome do Deep Purple esteja relacionado a um significado onom�stico por ocasi�o de interpreta��es como essa, pois "Child In Time", nos seus mais de quinze minutos faz esse dvd valer a pena.

Em "The Mule", Ian Gilan n�o tem o menor pudor em associar-se � tem�tica sat�nica, t�o reverenciada pelas bandas de hard, posteriormente as de metal, que teve seu primeiro recado na m�sica dos Rolling Stones, mas sinceramente depois de "Child In Time" soa como um balde de �gua fria. O som fica pavoroso, mal se ouve os teclados e o riff t�o tradicional, salvou-se pelo n�mero de Paice. O turbilh�o de improvisos continua numa das m�sicas que mais curto do Purple; "Lazy". A introdu��o � bem forte com incid�ncia psicod�lica, lembrando algumas bandas viscerais do Krautrock, tipo Ikarus e Kin Ping Meh at� desaguar no rif super conhecido do p�blico, provavelmente o mais popular ao lado dos marcantes de "Black Night" e obviamente "Smoke On The Water", entretanto "Lazy" tem um qu� especial, aquela batida do blues sessentista americano, acetuando-se ainda mais pela gaita executada por Gilan. Como na maioria das m�sicas, as aten��es ficam voltadas para os longos solos de Blackmore, h� de se destacar que seus melhores improvisos est�o justamente nessa m�sica, culminando com um final matador com grande destaque. No caso de "Space Trucking" n�o h� muito o que relatar, apenas que temos o maior solo de John Lord em todo o show, ficando claro porque ele est� entre os melhores tecladistas de sua gera��o, num movimento de aproximadamente dez minutos pautado com muita inspira��o, t�cnica e alma. Se tivesse que escolher o melhor momento solo dentre todos executados pelos integrantes do grupo, n�o hesitaria em apontar esse solo do Lord, nota 10 e a sequ�ncia no dedilhado chorado do Blackmore serve para engrandecer ainda mais esse momento.

Ap�s essa longa sequ�ncia creio que o dvd j� deixaria qualquer admirador do grupo satisteito, mas ainda assim a banda retorna para tr�s n�meros no seu bis e a zoeira � geral, a qualidade do som � prec�ria, embolando por diversas vezes, mas n�o tem nada mais contagiante que um bis de um medalh�o do hard, o clima fica perfeito e isso � que vale para �xtase de uma plat�ia enfeiti�ada. Destinam at� um espa�o para um n�mero inusitado de "long time ago" conforme palavras do Gilan, o cl�ssico "Lucille". Em que pese praticamente a aus�ncia total de extras, � muito agrad�vel ver o Purple na flor da idade. "Black Night" encerra a festa na Dinamarca, para um p�blico que se soltou de vez com os famosos rifs da m�sica em meio a diversas microfonias...