O Ter�o |
Brasil |
|
Clique aqui para Ficha Tecnica |
Revisto por: Gibran Felippe | Nota:10.0 |
Discoteca b�sica, fundamental. Esta obra � tida como o pin�culo do rock progressivo brasileiro, respons�vel por encantar o p�blico nacional e internacional, al�m de influenciar gera��es nestes mais de trinta anos de sua concep��o. Se o grupo O Ter�o j� havia alcan�ado o interesse do p�blico e respeito da cr�tica em seus dois primeiros �lbuns, com o advento de 'Criaturas da Noite' passou a ingressar no seleto time de bandas lend�rias nacionais, dividindo com Os Mutantes e Secos e Molhados, o posto de grupo mais importante da cena rock brasileira dos anos setenta. Da forma��o original, apenas permaneceu para 'Criaturas da Noite'; S�rgio Hinds - guitarrista e vocalista, respons�vel por manter a chama do grupo acesa at� os dias atuais, participando de in�meras forma��es e de todas as fases pelas quais o grupo percorreu nestes quarenta anos de estrada. Al�m dele, uniu-se � banda os talentosos S�rgio Magr�o - baixo e vocal, Luiz Moreno - bateria e vocal, al�m do sublime multinstrumentista Fl�vio Venturini - piano, �rg�o, sintetizador, viola e vocais. O trabalho ainda conta com as participa��es especial�ssimas do saudoso Rog�rio Duprat nos arranjos orquestrais, Cesar de Merc�s na percuss�o e vocais e Marisa Fossa tamb�m nos vocais. H� de se destacar a presen�a do Fl�vio, sua personalidade engrandeceu sobremaneira a musicalidade do O Ter�o, possibilitando um horizonte mais sinf�nico em detrimento do forte psicodelismo de outrora, descortinando a originalidade das ra�zes rurais nacionais com a fus�o do genu�no rock progressivo ingl�s, calcado principalmente no portentoso Yes. A abertura do disco com 'Hey Amigo' tornou-se emblem�tica entre os f�s do grupo, o rife inicial levado pelo baixo de Magr�o � como uma folha de celul�ide pronta para entrar em combust�o, criando a atmosfera perfeita para a apote�tica guitarra de Hinds e os vocais de todos os integrantes suplicando para que os amigos cantem com eles esta can��o. O desenrolar da m�sica pende para o hard rock cl�ssico, ainda que pese a simplicidade da letra, Cesar de Merc�s foi muito feliz em escolher uma forma direta de di�logo com o p�blico, soa quase como um convite, afinal neste rock estamos todos juntos e perto de ser a unidade final! Ap�s este arrasa quarteir�o inicial, surge o que considero um dos melhores temas compostos em todos os tempos pelo O Ter�o, a deslumbrante 'Queimada', onde Venturini apresenta suas primeiras cartas, tanto na execu��o da viola, nos radiantes vocais, na letra e obviamente na �nfase mel�dica. Assim como o Yes, O Ter�o foi pioneiro em passar o recado de l�stima pelo ataque � natureza, num retrato incipiente de consci�ncia ecol�gica e conex�o com a Terra, pois hoje entendemos o quanto mal as queimadas provocam na qualidade do ar que respiramos. 'Pano de Fundo' abre espa�o para o talento de S�rgio Magr�o, n�o s� como compositor, mas principalmente pela ousada linha de baixo que leva durante toda a faixa, permanecendo sempre em primeiro plano. A sua desenvoltura e agilidade impressionam, provando ser um dos melhores baixistas do pa�s, executando estruturas musicais complexas com extremo requinte. A sua performance continua em alta na instrumental 'Ponto Final', mas aqui o seu baixo ganha em sentimento, deixando a quebradeira de lado. O piano melanc�lico executando na segunda metade da m�sica por Fl�vio Venturini � de uma emo��o profunda, harmonizando perfeitamente com os singelos vocais de Marisa Fossa. Com o perd�o do pleonasmo, 'Ponto Final' � um dos pontos fortes de 'Criaturas da Noite'! Ap�s estas quatro primeiras faixas, j� � poss�vel come�ar a entender porque este �lbum atrav�s dos tempos, tornou-se a obra mais representativa do cen�rio progressivo nacional. Trabalho muito variado, alternando entre momentos hard e sinf�nicos, permeados por baladas sublimes. O que para alguns pode soar como falta de coes�o, por outro lado torna a obra extremamente agrad�vel com esta �tima miscel�nea criada pelo grupo com raro primor. Entretanto, no pr�ximo n�mero; 'Volte na Pr�xima Semana'; temos um m�cula inevit�vel de ser citada: os vocais s�o pavorosos, a despeito do potente instrumental liderado pelas guitarras ser muito bom. De qualquer forma, esta breve faixa n�o chega a ferir a uniformidade e beleza da obra, at� porque em seguida vem uma das mais conhecidas m�sicas do cancioneiro nacional, a m�gica can��o t�tulo com arranjos inspirados de Rog�rio Duprat. Dif�cil n�o entoar junto com Venturini a cl�ssica frase - 'sou viajante querendo chegar antes dos raios de sol'. 'Jogo das Pedras' traz novamente a beleza rural, tanto na melodia, quanto no instrumental, de 'Queimada', linha caracter�stica do estilo violeiro de Fl�vio Venturini. Aqui temos um solo de guitarra muito inspirado por parte de S�rgio Hinds, criando uma fus�o da for�a do rock com a suavidade dos viol�es realmente encantadora, provando o qu�o atraente � o uso dos viol�es nas camadas musicais do rock, quando bem conduzido, conforme se pode observar nesta obra, ficando simplesmente perfeito. Infelizmente, com a popularidade do metal nos anos oitenta, este instrumento ficou relegado a segundo plano, meio que envolvido num tolo preconceito relacionado ao cowntry, tamanha era a for�a das guitarras hiper plugadas dos grupos pesados de rock. O Ter�o guardou para o final a melhor surpresa de 'Criaturas da Noite', a magn�fica '1974', com suas diversas mudan�as de andamento, solos de guitarra espetaculares, sintetizadores e piano a toda prova e um arranjo absolutamente devastador. Aos oito minutos, quando todos os instrumentos cessam, permanecendo apenas as camas de teclados e os vocais de Venturini num lamento de rasgar o cora��o, entende-se por completo a grandeza do significado de rock progressivo. A cozinha entrosada de Magr�o e Moreno que em todo disco esteve muito bem, acabou por se superar nesta su�te, ambos est�o definitivamente formid�veis. '1974' deixou de ser m�sica faz tempo, pois se tornou um aut�ntico hino, destes que cabe � eternidade resguardar! |