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Revisto por: Marcello Rothery | Nota:9.0 |
Nestes tempos dif�ceis que a ind�stria musical enfrenta, mais especialmente ainda o mundo progressivo (quase sempre marginalizado pela cr�tica), o lan�amento de obra como esta � quase um milagre. Kalevala � um ambicioso projeto de 2003 encabe�ado pela gravadora finlandesa Colossus (em parceria com a francesa Musea, respons�vel pela distribui��o), magnificamente comandado pelo produtor Marco Bernard, no qual 30 bandas e artistas de diversos pa�ses criaram m�sicas baseadas na saga que d� nome ao projeto. O resultado foi um cd triplo (10 m�sicas em cada um), com um belo e riqu�ssimo encarte, repleto de gravuras inspiradas na saga, ficha t�cnica completa, fotos de cada banda ou artista, letra em ingl�s de todas as m�sicas, e a descri��o dos poemas em que cada uma se baseou. Literalmente falando, ao se folhear o encarte, a sensa��o � semelhante � de se estar folheando um livro.
Em 2008, o pacote foi relan�ado, com nova capa, nova arte interna, e uma faixa adicional no cd 3 (com isso, passou a conter 31 bandas/artistas). Al�m disso, todas as faixas passaram por nova mixagem. � deste relan�amento que falamos aqui. Kalevala, a saga, � a mais famosa obra liter�ria da hist�ria da Finl�ndia, e apesar de desconhecida no Brasil, � admirada em todo o mundo. Criada na primeira metade do s�culo 19 pelo pesquisador e poeta Elias L�nnrot, a partir de poemas antigos que ele reuniu em viagens de pesquisas pelo pa�s. A saga de Kalevala, entre outras coisas, serviu de inspira��o para Tolkien criar a saga do Senhor dos An�is. Algumas normas definidas pela Colossus ao contactar os artistas : 1) os temas deveriam ser baseados na saga, sendo que cada artista teria liberdade para escolher um ou mais poemas dela como fonte de inspira��o. 2) os temas poderiam ser instrumentais; mas se forem cantados, a recomenda��o � que fossem criados na l�ngua p�tria do artista. 3) recomendavam o uso de instrumentos antigos, cl�ssicos, medievais, ou caracter�sticos do progressivo dos anos 70. Nem todos seguiram � risca as 2 �ltimas normas da gravadora, pois alguns tiveram dificuldades em ter acesso a instrumentos como mellotron e �rg�o hammond, e outros preferiram criar suas m�sicas em ingl�s, mesmo n�o sendo esta sua l�ngua p�tria. O time que a Colossus recrutou foi extremamente variado. Nomes como Museo Rosenbach, Magenta, Leviathan, Haikara, Malibran e Simon Says d�o uma no��o da variedade que h� de estilos no projeto. Mas em comum, todos tiveram duas caracter�sticas : a dedica��o e o capricho na cria��o de suas obras. As bandas realmente "mandaram brasa" e criaram v�rios n�meros memor�veis, inesquec�veis. O �lbum abre com a banda finlandesa Haikara, com o �pico The Creation/The Sowing (que descreve a cria��o do mundo, tema inicial da saga). Composta e comandada pelo seu falecido l�der Vesa Lattunen (nas guitarras e teclados), o tema come�a com um discreto piano el�trico, e se desenvolve numa base sinf�nica comandada por violoncelos, baixo e bateria, com os teclados e guitarras de Vesa (junto com o violoncelo) criando uma atmosfera meio tensa, meio contemplativa. A can��o, quase totalmente instrumental, tem na parte final (que retrata o surgimento da vida) um suave vocal feminino em estilo folk, combinando de forma interessante com o tema. A seguir, outra banda local : Overhead, com Wainamoinen and Youkahainen/The Fate of Aino. A banda, em parceria com o convidado Karo Vartiainen, cria uma can��o no t�pico caminho das bandas progressivas sinf�nicas atuais, com energia no arranjo (passagens aceleradas de guitarra e sintetizador, e um bom vocal), e um leve apelo pop na melodia. Uma bela melodia, que me lembra um pouco bandas como Transatlantic. At� que, h� a virada para o trecho The Fate of Aino, onde a m�sica muda totalmente de dire��o, para uma levada lenta, comandada pelo vocal e o violino de Vartiainen, bem mais voltado para o folk. A seguir, os suecos do Simon Says, com Som Floder Flyter, a vers�o original em sueco da m�sica que sairia mais tarde, com o nome de As the River Runs no seu �lbum Tardigrade (al�m dos vocais em sueco, a m�sica aqui n�o tem a sua parte inicial de cerca de 4 minutos). Na linha da can��o do Overhead, com destaque para a forte melodia, principalmente no refr�o, e para os belos trabalhos de teclados e guitarra. O �lbum segue com os suecos do Sinkadus, com a excelente Trubadurens Kval. A banda d� um show de exuber�ncia instrumental, com viradas e quebras de ritmo de bateria, passagens caracter�sticas de hammond, v�rias camadas de mellotron, e um excelente trabalho de guitarra (que v�o desde solos virtuosos at� bases e solos mel�dicos). Ainda h� espa�o para um trecho cantado em sueco. Tudo isso em menos de 6 minutos! Realmente impressionante, essa faixa �, para mim, um dos pontos altos do �lbum. A pr�xima faixa tr�s os italianos do Moongarden, com Maiden of the Bow, em mais um t�pico progressivo sinf�nico. Come�a num andamento lento, com viol�es e uma cama mais simples de teclados, al�m de um r�pido solo de moog. Este trecho � cantado de forma tamb�m discreta. At� que, por volta dos 4 minutos, a melodia cresce, com um verso mais tenso, a entrada de um trecho instrumental mais ousado, e o cl�max que vem depois, com uma melodia forte comandada por camas de mellotron, e um vocal mais dram�tico. A m�sica se encerra com um belo solo de guitarra em cima deste tema. A seguir, mais um italiano : Il Castelo di Atlante, com Ilmarinen Forges the Sampo (que, apesar do t�tulo em ingl�s, � toda cantada em italiano). N�o conhe�o a banda, mas nessa can��o aqui, o estilo � predominantemente folk, com destaque para o violino, e uma atmosfera inegavelmente italiana, n�o s� pelo idioma, como principalmente pelo estilo vocal, a proced�ncia � imposs�vel de n�o se perceber. Assim como quase tudo neste �lbum, a m�sica � um capricho s�, com um excelente arranjo que, embora pare�a ter sido feito diretamente para o violino, mostra destaque tamb�m na guitarra, al�m dos j� mencionados vocais. O prog sinf�nico retorna com os ingleses do Magenta, com a bela Lemminkainen's Lament. Do pouco que conhe�o desta banda, nunca ouvi m�sica melhor do que esta, com lindos solos de guitarra e bases de mellotron, al�m de boas passagens de moog e hammond (tudo isso a cargo de Rob Reed, que comp�s a melodia - o produtor do projeto, Marco Bernard, foi quem fez a letra), al�m do belo vocal de Christina. A coisa fica mais acelerada e ousada com o power trio italiano Submarine Silence (guitarra, bateria, e um �timo tecladista que faz o baixo num pedal Taurus), na excelente pe�a instrumental The Three Battles. Muito bons instrumentistas, os caras mandam brasa numa bela pe�a que tem uma introdu��o lenta, toda levada em sons de mellotron, para entrar no tema principal, com bateria, polymoog e base de guitarra hard, de onde se desenvolvem belos solos de moog, e guitarras choradas com mellotron ao fundo. Ainda h� uma passagem mais tensa (com ru�dos de guerreiros em batalha), antes da retomada do tema principal. M�sica para ser ouvida bem alto. Chega a vez dos americanos do Metaphor, com Raking the Bones. Com uma excelente introdu��o (com teclados "espaciais" e um vocal forte, num clima �pico), a melodia se altera depois para um tema mais convencional. At� que, por volta dos 4 minutos, muda tudo, com um interl�dio de "quebradeiras" de teclados e guitarra. A partir da�, a melodia segue num ritmo quebrado por alguns versos at� nova mudan�a, para um tema mais folk e lento, que encerra essa aut�ntica "salada musical" que � Raking the Bones. O cd 1 encerra com o Clearlight, projeto americano liderado pelo franc�s Cyrelle Verdaux. Eles apresentam a suave su�te The Boat Builder/Searching for the Lost Word, toda levada em um andamento sinf�nico e lento, com atmosfera tranquila, beirando a new age, onde se sobresseam os teclados de Verdaux e o vocal do baterista Shaun Guerin. O cd 2 abre com os noruegueses do Orchard, com a bel�ssima can��o sinf�nica instrumental "3". Teclados cl�ssicos, guitarra pesada, bela cozinha baixo/bateria, e duas flautas na linha de frente, nos trazem um tema muito coeso, com for�a roqueira de um lado e apelo mel�dico do outro, tudo na medida certa. Uma das melhores faixas do �lbum. Ali�s, este segundo cd �, para mim, o melhor do pacote. E segue impec�vel com os italianos do Greenwall e a longa su�te The Wedding, a mais longa pe�a de todas, com mais de 14 minutos mergulhados no folk e no erudito. Dividida em 8 partes, o grupo utilizou 6 poemas da saga de Kalevala em seu processo de cria��o. Talvez esta seja, de todas, a m�sica com mais atmosfera teatral do �lbum. Tem uma abertura simples ao piano, para depois entrar em sua melodia central, toda conduzida pela orquestra de cordas que acompanha o grupo, e pelo vocal de Silvia Ceccarelli. O restante da banda entra no final desta parte. O trecho seguinte, por sua vez, � levado em piano e voz, com a orquestra ao fundo em alguns momentos. Depois, entra um solo de sax, que introduz a 4a parte da su�te, onde a banda inteira retorna, acompanhando o tema (um pouco mais acelerado); este trecho se encerra com a orquestra voltando ao fundo, e os demais membros da banda fazendo coral com Silvia. Um interl�dio calmo se segue, com apenas orquestra e piano se revezando no acompanhamento � cantora. Entra ent�o um trecho muito bonito da su�te, conduzido por uma melodia ao viol�o, com a orquestra ao fundo, e o vocal sempre � frente; a banda entra novamente, dando for�a ao tema, e preparando terreno para o trecho final, que irrompe com a mais bela melodia da su�te, onde banda e orquestra, juntos, conduzem um final apote�tico, que certamente ir� levar muitos f�s de m�sica progressiva ao del�rio. Sem sair da It�lia, temos agora o Revelation, com Uninvited Guest. Mais um longo tema, de 10 minutos de dura��o, s� que desta vez voltados para o prog sinf�nico. Alternando momentos calmos com trechos tensos (simbolizando a hist�ria que conta, sobre um visitante n�o convidado ao casamento), a primeira parte nos leva a um trecho que reproduz a melodia principal da can��o anterior. Passagens narradas se revezam com trechos mais mel�dicos, com passagens de flauta, guitarra e moog, e o mellotron fazendo a cama ao fundo. A desejar apenas o final repentino da m�sica, em fade-out, quando a melodia passa a impress�o de que ainda teria altera��es. Fica a inc�moda impress�o de que a m�sica saiu cortada no cd. O cd prossegue com os finlandeses do Scarlet Theard, com a boa instrumental Pime�sta Pohjolasta, uma can��o que mistura folk e rock, o que fica evidente nas passagens de violino, flauta e bandolim de um lado, e de guitarra com pegada roqueira de outro. Voltamos � It�lia com o Mad Crayon, em Il Suono Dei Ricordi. Mais uma bela can��o sinf�nica, onde os m�sicos criam muitas passagens interessantes, dando mais complexidade ao tema original que � relativamente simples. Ainda h� de se destacar duas belas passagens de flauta, a cargo de um m�sico convidado. Gostei do que a banda mostrou nessa m�sica : um prog sinf�nico diferente, com dois tecladistas e os dois guitarristas (um deles tamb�m baixista), e nada mais! Sem bateria, inclusive; seu lugar � ocupado por algumas percuss�es tocadas pelos tecladistas e por um dos guitarristas. A pr�xima m�sica, Fiore Di Vendetta, � assinada pelo, provavelmente, mais consagrado de todos os participantes do projeto : o lend�rio Museo Rosenbach, que, para quem n�o sabe, voltou � ativa h� alguns anos, com o baterista e o baixista/tecladista (e, importante lembrar, compositor de todas as melodias do �lbum Zarathustra) originais, e novos m�sicos completando o grupo. Que aqui aparece em grande forma, com uma bela can��o sinf�nica, com muita for�a e um arranjo gradioso, gra�as �s duas guitarras e aos 2 teclados presentes. Alberto Moreno, que nos anos 70 era baixista e eventual tecladista do grupo, aqui aparece na guitarra e no mellotron. Gostei, tamb�m, do novo vocalista. A se lamentar, apenas, a dura��o da m�sica, que, por sua estrutura rica, poderia ter mais do que os seus 6:42 minutos. Todavia, essa bela can��o do Museo chega a ser ofuscada pelo arrasa-quarteir�o que vem a seguir : Filo Di Lama, do tamb�m italiano Leviathan, � uma maravilha sinf�nica de mais de 10 minutos de dura��o. Que come�a com uma bela melodia conduzida por um forte som de mellotron, com moog fazendo solos entre os versos cantados. A seguir, uma virada de melodia para outro belo tema, mais quebrado, conduzido no hammond, com interven��es de piano e sintetizador. No 4o minuto, a melodia muda novamente, para um tema lento e emocionante (e lindo, mais uma vez), comandado por uma flauta (e, novamente, com mellotron ao fundo). � a hora do trecho mais acelerado da m�sica, todo instrumental, onde o tecladista/flautista se solta de vez, com direito a um fant�stico solo de moog por volta dos 7 minutos, que se repete logo depois, e faz a ponte para a parte final da m�sica, novamente mais lenta. E esta parte final � uma apoteose, com uma forte cama de sintetizadores, e o vocal com delay, dando o clima dram�tico e emocionante que terminam de transformar esta can��o em um cl�ssico. Para mim, esta � a melhor m�sica de todo o �lbum. E o destaque, definitivamente, � o tecladista/flautista Andrea Amici, que literalmente "arrega�ou as mangas", compondo sozinho a melodia (a letra � do vocalista), e sendo respons�vel por todos os climas e solos da can��o. � a vez do Malibran, com Strani Colori. A banda, que j� teve tecladista e flautista pr�prios, aqui tem esses instrumentos executados pelo vocalista/guitarrista Giuseppe Scaravilli. No estilo t�pico do grupo, a can��o � calcada no prog sinf�nico, com belas passagens de flauta, bons solos de guitarra, e o vocal apenas razo�vel de Giuseppe, que por�m n�o compromete. Mais uma bela can��o. O cd segue sem sair da It�lia. � a vez de Sofia Baccini, com a estranha Malvagio Per le Stelle. Sofia, al�m de cantar e tocar todos os teclados e o baixo, ainda escreveu a can��o sozinha. A �nica participa��o adicional � a de Corrado Villa na guitarra. A can��o � fortemente voltada para o erudito, mais especificamente para o estilo oper�stico. O vocal de Sofia � puro canto l�rico de �pera, e seus teclados e corais (feitos com v�rias grava��es sobrepostas de sua voz), al�m de alguns sussuros, completam a atmosfera sombria. Este 2o cd fecha com outra obra-prima sinf�nica : a instrumental Ilmarienen's Bride of Gold, com a banda inglesa Elegant Simplicity. N�o conhe�o nada do grupo al�m desta can��o, por�m o que fizeram aqui foi absolutamente brilhante. Uma delicada e mel�dica base de teclados (mellotron � frente), com uma (e �s vezes, duas) guitarra fazendo um lindo solo "chorado". Intercalando com isto, algumas passagens com moog e outros sintetizadores � frente. Na metade da m�sica, h� uma passagem mais virtuosa da guitarra, e depois outra de sintetizador, ambas brilhantes, sem pecar pelo exagero. A can��o tem apenas 5 minutos de dura��o, e acaba com gosto de "quero mais". Outro dos melhores momentos do �lbum. Detalhe : todos os instrumentos, com exce��o da bateria, s�o executados por um �nico m�sico : a fera se chama Steven McCabe. No 3o cd, infelizmente, o n�vel (at� ent�o, irretoc�vel) cai. A come�ar pela abertura com Ilmarien's Fruitless Wooing, dos ingleses do Qadesh. Em comum com a bel�ssima faixa que encerra o cd anterior, apenas o fato de um dos m�sicos executar todos os instrumentos com exce��o da bateria (e ainda cantar). O estilo aqui � uma mistura estranha de canto l�rico, trash metal, e experimenta��es aqui e ali, com quebras de ritmo durante praticamente todos os 11 minutos da m�sica. A letra � a mais longa do �lbum, e � cantada do in�cio ao fim da m�sica, sem um interl�dio instrumental sequer. Pessoalmente, n�o me agradou. A banda italiana Cantina Sociale vem a seguir, com Kantele, uma obra sinf�nica razo�vel, na qual o destaque vai para um belo e agrad�vel solo de teclado no final, que gruda no ouvido. Experimente ouvir. Com certeza, daqui a algum tempo, ser� a primeira coisa que voc� lembrar� da can��o. A banda sueca Grand Stand, vem a seguir com Stormen, que inicia com uma melodia entre o sinf�nico e o pop. Ap�s 3 minutos, h� um interl�dio instrumental, com um bom solo de guitarra sob uma cama de mellotron. A banda inteira volta (com exce��o do vocal), com um belo solo de teclado, e depois, outro belo solo de guitarra chorada, que encerram muito bem a can��o. A seguir, os italianos do Germinale, com a pe�a mais fraca do disco : La Battaglia Per il Sampo. Uma base instrumental comum (com uma guitarra solando discretamente ao fundo) faz a cama para os vocais que, no entanto, s�o declamados, ao inv�s de cantados. E s�o declamados por dois dos membros do grupo, com um fazendo uma esp�cie de eco do primeiro. N�o entendi a proposta. Para mim, foi um tiro n'�gua. A banda finlandesa Aadvark, com Uusi Kantele, melhora um pouco as coisas. Um bom trabalho de guitarra, uma boa base de teclados, al�m de um baterista inspirado, s�o os destaques nesta razo�vel can��o sinf�nica. Os su��os do Thonk v�m a seguir, com a instrumental Kapittu 45/46. Toda concentrada em teclados, por�m sem muitos atrativos, � outra faixa que passa batido. Os finlandeses do Groovector, a seguir, melhoram um pouco as coisas com outra instrumental : Tuletta. De andamento lento, com belas passagens de piano, e um belo solo de guitarra no final. A seguir, outra banda local, com outra faixa instrumental : Whobodies, com a faixa Pine, que mescla passagens lentas e esparsas de piano com trechos acelerados com solos de sax e trombone, encerrando com um trecho mais jazz�stico, com passagens de guitarra e dos metais, que termina numa jam session. Uma das �nicas pe�as jazz�sticas do �lbum. � a banda italiana Randone & Tempore, por�m, que ir� dar novo brilho instrumental � obra. Sua pe�a, Runo 49, inicia com excelente duelo de guitarra e teclados, contendo depois um lindo duo de guitarras, e um excelente solo de moog, sob uma base muito bonita com mellotron e bateria "quebrada" ao fundo. Ainda h� passagens com viol�o, solos excelentes de guitarra e teclados no meio da can��o. Por�m, um item adicional deixa a desejar : os vocais, fracos e mal colocados, que tiram o brilho e a din�mica da can��o, t�o harm�nica e coesa na sua parte instrumental. Apenas no final o vocal se encaixa bem, deixando as coisas no seu devido lugar. � �nica banda francesa presente no projeto coube a tarefa de encerrar o �lbum. E o Cafeine o fez com brilhantismo, criando a sinf�nica Way is Open, de longe a melhor faixa do �ltimo cd. Com quase 12 minutos, � dividida em 4 partes. A primeira, instrumental, � marcada por um excelente solo de guitarra, em uma melodia muito bonita, sob um andamento lento. A segunda parte come�a com vocal, sob uma levada mais quebrada. Depois, entram todos os instrumentos, numa esp�cie de mistura com a levada da introdu��o. Entra junto um segundo vocal, mais agudo, em interessante contraponto com o primeiro. A 3a parte tamb�m � instrumental, e permite o v�o do tecladista e do guitarrista, que s�o os diferenciais da can��o. Na parte final, por�m, a banda n�o fez feio : com um piano introduzindo-a, preparou terreno para o retorno dos dois vocais, sob base de teclados num clima �pico, encerrarem de forma brilhante a can��o (e a vers�o original desta caixa). No relan�amento de 2008, uma faixa adicional foi acrescentada no final deste cd. A banda finlandesa Viima entrou com a curta Kaukomielen Kaipaus, de apenas 3 minutos. Ela inicia com o tema principal da faixa de abertura do �lbum,do Haikara (no que parece ser uma homenagem ao falecido l�der desta banda), e segue com uma bonita parte lenta com teclados e um forte vocal (at� semelhante aos italianos dos anos 70), para depois mudar para um bel�ssimo tema folk, com um solo de sax do vocalista. A can��o se encerra com mais um verso cantado sob a mesma lenta melodia anterior. Conclus�o : a despeito de n�o ser perfeita do come�o ao fim (sobretudo no 3o cd, muito fraco se comparado aos outros dois, por�m bom se julgado em separado), a caixa Kalevala - A Finnish Progressive Rock Epic � um fant�stico item, que deveria repousar na estante de todo amante de m�sica progressiva. Por seu ecletismo, por seu brilhante conte�do gr�fico de capa e encarte, pela impec�vel qualidade de �udio de todo o �lbum, e pelos v�rios brilhantes temas contidos ao longo de suas quase 4 horas de dura��o. Um dos mais importantes itens do progressivo mundial dos �ltimos 10 anos, sem d�vida alguma. Um item que n�o vale por si s�, mas que tamb�m tem a import�ncia de apresentar trabalho original e recente dos seus 30 (31 na reedi��o de 2008) participantes, em pleno s�culo XXI, onde muita gente acha que o rock progressivo n�o produz mais nada de novo. Esta caixa mostra como quem pensa assim est� longe da verdade. E como continua havendo coisa nova e boa, a ser explorada neste estilo. |