Triumvirat

Alemanha

Titulo: Spartacus
Ano de Lançamento: 1975
Gênero:
Gravadora: Label n�o informado
Número de catálogo:
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  Revisto por: Gibran Felippe Nota:9.5
Obra-prima, irretoc�vel.

Ao entrar em est�dio, mais uma vez com a forma��o premiada do �lbum anterior 'Illusions On A Double Dimple', o maior grupo de rock setentista da Alemanha, j� com estrondoso sucesso no ano anterior obtido na Am�rica, necessitava da confirma��o do seu legado, j� que a maior parte das grandes bandas se solidificam com uma trilogia composta por discos consistentes, faltava ent�o para o Triumvirat mais um belo trabalho, j� que os anteriores estavam consolidados no cen�rio musical da �poca.

Para satisfa��o dos admiradores do power trio, este trabalho tomou forma r�pida, se firmando no conceito do grande gladiador Spartacus, imortalizado nas telas dos cinemas pela dobradinha Stanley Kubrick e Kirk Douglas. Muitos apregoam a sonoridade do Triumvirat a uma c�pia bem feita dos ingleses Emerson, Lake And Palmer, inclusive associando 'Spartacus' ao disco 'Trilogy', dif�cil compreender o fato, muitas vezes rotulando os alem�es pejorativamente de n�o possu�rem qualquer ind�cio de originalidade. Quando simplesmente nos atentamos a escutar ambos os discos, percebe-se que s�o extremamente diferentes em seus arranjos e constru��es sonoras, sem falar que tais grupos praticamente iniciaram suas jornadas juntos, no ano de 1970, mesmo que pese os ingleses terem lan�ado seu debut pioneiramente. � verdade que h� semelhan�as no escopo das obras, o tamanho das m�sicas (at� porque a grande fonte inspiradora dos alem�es foi de fato o grupo The Nice), mas a qualidade mel�dica do Triumvirat � inigual�vel na busca do perfeito equil�brio entre movimentos complexos/rebuscados e aqueles inteiramente mel�dicos.

Aqui se encontra a forma��o cl�ssica da banda: o magn�fico J�rgen Fritz - teclados, o t�cnico Helmut K�llen - baixo, guitarras e vocais e a genialidade visceral de Hans Bathelt - bateria. A performance fenomenal dos m�sicos se inicia com 'The Capital Of Power' mostrando nos mais diversos teclados e baixo a dramaticidade que o conceito solicita e n�o poderia iniciar melhor do que intitular o centro do imp�rio romano. Em 'The School Of Instant Pain', atrav�s dos seus quatro movimentos, j� se torna claro que o disco � essencial em qualquer cole��o que se preze. As letras s�o muito inspiradas, sendo assinadas pelo baterista Hans Bathelt, seguindo a cartilha de outros not�veis grupos como Eloy e Rush. Os acordes iniciais ao piano s�o bel�ssimos, de uma suavidade �mpar, combinando sublimemente com os belos vocais de K�llen. Essa caracter�stica mel�dica � algo diferenciado com rela��o ao Emerson, Lake and Palmer que possui um nervosismo quase perene, j� que os teclados de Keith Emerson sempre se caracterizaram por ser um azougue, enquanto Fritz mescla movimentos agressivos e r�pidos com outros menos tensos, sem bem que ap�s essa singela introdu��o, a quebradeira rola solta at� o fim da m�sica com direito a um solo de bateria inclusive, diga-se de passagem, uma dos melhores do �lbum

A momento inicial da m�sica 'The Walls Of Doom' n�o � muito inspirado, o swing do baixo n�o casa muito bem com os teclados e como o tema � instrumental, merecia uma leitura menos simples e um pouco mais tensa, da metade da m�sica em diante, eis que surge um movimento dram�tico, grandioso, com uma bateria forte, fazendo jus ao t�tulo. A seguir a composi��o mais po�tica do �lbum, trazendo-nos uma interpreta��o brilhante dos vocais do saudoso K�llen - 'The Deadly Dream Of Freedom', onde podemos destacar os momentos de viol�o e guitarra bem executados ao longo do trabalho, realmente um m�sico completo. Esta bela m�sica foi uma das respons�veis por al�ar 'Spartacus' a um verdadeiro sucesso de vendas, principalmente nos Estados Unidos.

O conceito musical do �lbum torna-se claramente mais simples que o anterior ap�s a execu��o de 'The Haze Shades Of Dawn', muito dessa percep��o decorre da aus�ncia orquestral, pois este n�mero em particular � daqueles que possuem um arranjo inteiramente instrumental e muito pomposo, em que casaria perfeitamente com um quinteto de violinos e alguns metais, caracter�stica fartamente explorada em 'Illusions On A Double Dimple'. A saga do her�i Spartacus possui em 'The Burning Sword Of Capua' um dos seus momentos mais vibrantes, configurando a m�xima de um genu�no power trio: baixo, bateria e teclados simplesmente destruidores.

Mais uma vez as cordas do viol�o de K�llen surgem imponentes na bela 'The Sweetest Sound Of Liberty', levando-nos por uma volta ao passado, imaginando a caminhada do gladiador atrav�s de um sublime bulevar antes do ingresso nas grandes arenas em busca da sobreviv�ncia e da gl�ria junto � turba romana. Esta dramaticidade e tens�o dos temas em conson�ncia com o per�odo hist�rico recriado na obra aportam com intensidade nos dois �picos finais, 'The March To The Eternal City' e 'Spartacus'. A virada para o segundo movimento na primeira � incr�vel, com Hans Bathelt desenvolvendo uma linha de bateria muito inspirada em conjunto com o possante baixo de K�llen, criando uma harmonia perfeita para a entrada triunfante dos teclados do mestre Fritz.

A m�sica t�tulo � considerada por muitos admiradores como uma das melhores constru��es do grupo, tamb�m sou daqueles que consideram esse fechamento excelente. Por�m 'Spartacus', mesmo grandioso, n�o atinge o n�vel do 'Illusions On A Double Dimple', j� que alguns movimentos s�o repetitivos, verificando-se ainda um certo desequil�brio entre os temas, justamente pela superioridade do lado B, principalmente os dois n�meros finais. De qualquer forma, essa forma��o foi a respons�vel pelos dois melhores trabalhos do grupo, pena que jamais foi repetida, ficando restrita na hist�ria do Triumvirat aos 'Illusions On A Double Dimple' e 'Spartacus'.

Pra finalizar, apesar de sempre associarem os alem�es � figura do Emerson, Lake And Palmer, sempre enxerguei o Triumvirat numa sintonia maior com os holandeses do Trace, devido �s tintas mel�dicas e tamb�m a aus�ncia quase completa de experimentalismos psicod�licos, algo t�pico da carreira de Keith Emerson, que abusava de improvisos, alguns at� catat�nicos e sem sentido.