Extremamente bom, um cl�ssico do rock progressivo.
Primeiro trabalho deste renomando grupo germ�nico, 'Malesch' � um disco de dif�cil classifica��o, daqueles pioneiros do que hoje classifica-se como world music, principalmente pela explora��o de temas e efeitos ex�ticos, movimentos experimentais, 'escapistas' e �tnicos, al�m de passagens quebradas numa linha fusion. Mesmo sendo comparada a outros pares da escola berlinense, devido � origem comum entre seus integrantes, tais como Tangerine Dream, Kraftwerk e Asha Ra Tempel, a musicalidade do Agitation Free n�o � especificamente eletr�nica, basta para isso analisar a presente forma��o neste �lbum de estr�ia: Michael Hoenig - sintetizadores, Michel Gunter - baixo, Burghard Rausch - bateria, teclados e vocais, Jorg Schwenke - guitarra e Lutz Ulbrich - guitarra e teclados, al�m dos convidados especiais Peter Michael Hamel - teclados e Uli Pop - agog�.
J� na primeira faixa 'You Play For Us Today', torna-se percept�vel que os efeitos eletr�nicos a cargo de Hoenig e Hamel, n�o suplantam os demais instrumentos, a rigor os sintetizadores n�o est�o na linha de frente na constru��o musical do grupo, fato que j� apresenta certo distanciamento para a tradicional escola eletr�nica de Berlim. A introdu��o chega com um di�logo incidental ao fundo solicitando que hoje 'voc�s' toquem pra gente. Ent�o o grupo atende o desejo, que bom! Segue uma cama de teclados absolutamente magn�fica em conjunto com uma linha forte de baixo, entremeados pelo agog� de Pop e a desconcertante bateria de Burghard Rausch, um verdadeiro azougue. Ap�s os quatro minutos de contempla��o inicial a m�sica se desenvolve num constante crescente atingido seu �pice atrav�s da guitarra feroz de Ulbrich. Emenda-se 'Sahara City' e para os que inicialmente achavam que se tratava de um mero derivado da fase 'Pipes Gates At Down' e 'Saucerful Of Secrets' do Pink Floyd, percebe-se que muito al�m da clara influ�ncia floydiana, o voo do Agitation Free foi mais complexo e variado que o encontrado nas maquina��es de Syd Barret na fase inicial do Floyd. A m�sica possui movimento introdut�rio calcado na cultura eg�pcia, estas influ�ncias africanas afloraram com for�a devido � viagem do grupo pelo Egito um pouco antes das grava��es do disco, servindo como base tem�tica e fonte de inspira��o em todo o �lbum, entretanto deve ficar claro que n�o se trata de um disco conceitual ou tem�tico, pois tamb�m se encontram influ�ncias claras de Karlheinz Stockhausen, acentuadamente na condu��o dos teclados de Honenig. O baixo introspectivo de Michel Gunter nos faz tocar a areia do deserto, impressionante os efeitos criados por ele. O andamento ca�tico d� o tom no desenvolvimento da m�sica, maximizado pela instigante bateria e jogo de pratos de Rausch at� a entrada triunfante das guitarras de Schwenke e Ulbrich, o primeiro na base e o segundo no solo, num movimento hard progressivo de arrepiar.
Em 'Ala Tul' � poss�vel observar similaridades com o �lbum 'Shamal' do Gong, n�o por acaso ambos abordam a mesma tem�tica, ressaltando-se que anos depois outro grande m�sico alem�o a criar um trabalho sobre a aridez do deserto foi o mestre Klaus Schulze com seu atmosf�rico 'Dune'. O leque de efeitos sonoros do grupo n�o cessa, mesmo diante do anticl�max na hipn�tica 'Pulse'. 'Khan El Khalili' � totalmente inspirada na passagem do grupo pelo Egito, o nome � uma refer�ncia a um famoso bazar de arte antiga. A se destacar nessa m�sica, al�m de outros fatores, a espetacular execu��o de bateria com milhares de varia��es e uma rotatividade de viradas impressionante, mostrando uma grande desenvoltura t�cnica e criativa de Rausch, sem d�vidas, um dos grandes bateristas que o rock progressivo possui.
A capa do disco, mostrando o grupo em perspectiva, rubicundo diante do forte sol do Egito, na pir�mide de Djoser, � muito bela e tem muita afinidade com o pr�prio t�tulo da obra, pois 'Malesch' foi a express�o que os integrantes mais ouviram do povo quando estavam no Cairo. A m�sica t�tulo � um cap�tulo � parte, pois � considerada um dos grandes feitos do Agitation Free, e por extens�o do pr�prio krautrock. O in�cio � esquisito e tenso com bizarros vocais de Burghard Rausch, depois a parafern�lia eletr�nica do grupo mais uma vez entra em a��o, criando um anticl�max conduzido num crescendo constante at� desembocar no surgimento da apote�tica guitarra de Lutz Ulbrich - o grupo � mestre nesse tipo de arranjo sonoro e muito se deve � for�a da bateria/baixo que crescem em doses homeop�ticas. Da metade em diante 'Malesch' ganha em emotividade, beleza e um feeling surpreendentemente inesperado e sutil, pavoneado pelo solo final de guitarra. 'R�cksturz' soa apenas como despedida desse grande �lbum debutante do Agitation Free que ousa por mesclar a aridez do caos sonoro, dramaticidade em temas complexos, psicodelismo e toques singelos. |
