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Revisto por: Marcello Rothery | Nota:8.5 |
Lan�ado em 2004, este cd duplo inaugurou, junto com o Colossus of Rhodes, duas tend�ncias da revista finlandesa : a de criar projetos dedicados a filmes cl�ssicos (sobretudo italianos), e a de �lbuns onde cada artista cria �picos em torno de 20 minutos de dura��o. Esta �ltima, uma t�tica bastante ousada, e tamb�m arriscada, mas que mostra claramente o foco da revista : os admiradores mais fan�ticos de m�sica progressiva.
O primeiro Spaghetti Epic �, como era de se esperar para uma cole��o com 6 �picos de 20 minutos, dif�cil de se assimilar, e de se ouvir inteiro de uma vez. Para assimilar bem o seu rico conte�do, eu recomendo ouvir aos poucos. Porque se trata de uma obra de grande valor, onde 2 das su�tes s�o maravilhosas (a primeira e a �ltima), e nas outras h� momentos brilhantes, al�m do �lbum ser rico em termos de estrutura, bem produzido, e esbanjar qualidade na execu��o dos v�rios instrumentos que as bandas utilizam. E retratar muito bem, em toda sua extens�o, a atmosfera western do filme. Centrado no filme Once Upon a Time in the West, � imposs�vel falar deste projeto sem falar da sua fant�stica faixa de abertura : The West, uma das �ltimas cria��es dos finlandeses do Haikara antes do falecimento do seu talentoso l�der e mentor Vesa Lattunen. Seguindo o caminho da faixa que abre o projeto Kalevala, a banda criou uma su�te sinf�nica que consegue ser ao mesmo tempo tensa e relaxante, com evolu��o lenta e base comandada pela dupla baixo/violoncelo, que d� um belo toque erudito � su�te, e deixa o caminho livre para Vesa se alternar entre os teclados e guitarras. O come�o � levado em delicada voz feminina e viol�o (com um acordeon ao fundo dando um toque "western"). A longa segunda parte entra, com o j� falado clima meio tenso e cativante, com baixo, violoncelo e piano fazendo a base, sob uma linda melodia que tem um discreto vocalise da cantora junto com os instrumentos. O tema evolui para uma varia��o apenas no piano (e com um pouco mais de vocalise), e ent�o muda para um andamento mais acelerado, e uma melodia mais roqueira, com a guitarra aparecendo um pouco mais em uma base bem bacana. Assim a su�te segue, com o tema ficando novamente mais lento, teclados reaparecendo mais, at� os dois minutos finais, quando a can��o se encerra com um retorno ao tema inicial, apenas de voz e viol�o. Uma su�te impressionante, de constru��o genial e desenvolvimento realmente incr�vel, coisa de g�nio. Uma das melhores coisas que eu j� ouvi em todos os projetos da Colossus. A segunda su�te, Jill, � assinada pelos italianos do Randone. Trata-se de uma su�te sinf�nica italiana at� a medula, que intercala trechos instrumentais (onde esbanja n�o apenas t�cnica, mas tamb�m belas melodias) com partes onde um vocal masculino e dois femininos se revezam, e v�o causar estranhamento a muita gente, por serem bastante calcados no romantismo italiano. Teclados e guitarras solam � vontade por toda a su�te, intercalando com os trechos vocais, e com eventuais passagens de violoncelo e flauta. Enfim : esta su�te, que beira os 22 minutos, � repleta de belas passagens, e a banda mostra qualidades tanto nas melodias quanto nos arranjos e no talento como instrumentistas. A grande quantidade de mudan�as de melodia e andamento a torna de dif�cil assimila��o, h� momentos que voc� se perde na audi��o, e fica meio sem saber onde a can��o est�. Mas o resultado final, na minha opini�o, � muito bom, s� precisa de mais audi��es para se assimilar. O primeiro cd se encerra com outra banda italiana, o Tilion, e a su�te Cheyenne. Tamb�m tem uma forte "cara" de prog italiano, embora seja menos complexa, e menos inspirada, que sua antecessora. No lugar do apelo mel�dico (e por vezes rom�ntico), temos uma atmosfera mais sombria e reflexiva. O vocal masculino � mais s�rio, e talvez um pouco mais bem encaixado na su�te. Instrumentalmente falando, os teclados aparecem mais, embora h� tamb�m boas passagens de guitarra. No geral, uma su�te razo�vel. O segundo cd abre com a bela su�te Harmonica, assinada pelo projeto La Voce Del Vento, que apesar do nome � ingl�s (trata-se de uma banda montada por Andy Tillison e Guy Manning exclusivamente para os projetos da Colossus). A parte inicial � de uma agrad�vel melodia de voz e viol�o. Evolui para uma parte instrumental com forte presen�a de hammond, e uma levada que lembra um pouco Focus, oscilando entre jazz e sinf�nico. Basicamente, a su�te intercala trechos que oscilam entre estas duas atmosferas, al�m de ter um refr�o que � repetido v�rias vezes (algo pouco comum em uma su�te deste tamanho), e algumas passagens de guitarra que fazem um bom contraponto com o �rg�o. Talvez a mais ousada das su�tes deste projeto seja a que vem agora. Morton, assinada pelo trio italiano Taproban, � dividida em 6 partes bastante distintas entre si. Come�a como um country rock um pouco pesado, levado no baixo, que � tocado como se fosse uma velha guitarra, com um efeito de peso que lembra o som de bandas como os americanos do Kyuss. Acompanhando o baixo, um moog e a bateria (a su�te n�o tem guitarra), o resultado bastante interessante. No trecho seguinte, o �rg�o toma a frente do som, e cria um clima de suspense, para a seq��ncia instrumental acelerada que vem a seguir, que ao meu ver � o ponto negativo da su�te; carece de inspira��o e � cansativa, quase uma masturba��o sonora de baixo e bateria, com um solo de teclado pouco inspirado. Ap�s este trecho, por�m, a coisa melhora, com a entrada de um trecho instrumental e calmo de piano, que evolui para uma linda melodia, conduzida tamb�m no piano, com baixo e bateria acompanhando, e uma cantora convidada fazendo um vocalise realmente muito bonito, que d� um ar meio sobrenatural � m�sica (proposital, pois estes trechos falam da morte do personagem Morton). Este � o trecho da m�sica que gruda na cabe�a, uma das passagens mais bonitas de todo o �lbum. Este primeiro Spaghetti Epic se encerra com uma linda su�te instrumental sinf�nica : Frank, assinada pelos holandeses do Trion. Rica em belas passagens de �rg�o, mellotron e solos mel�dicos de guitarra, esta su�te � um verdadeiro deleite para os ouvidos de qualquer f� de progressivo sinf�nico; n�o tem nem muito mais a se falar, � uma bel�ssima faixa, muito bem estruturada, e que n�o tem qualquer trecho menos inspirado. � ouvi-la do come�o ao fim, e se deliciar com a bela pe�a que estes holandeses constru�ram. Esta e a faixa de abertura, sozinhas, j� fazem valer o pre�o do cd. |