Klaus Schulze |
Alemanha |
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Revisto por: Gustavo Jobim | Nota:10.0 |
Parte 1: Contexto hist�rico
A primeira d�cada da produ��o de Klaus Schulze � uma constante evolu��o de seu estilo e ao mesmo tempo um retrato da evolu��o dos instrumentos musicais eletr�nicos. Al�m disso, � a funda��o do estilo que viria a ser conhecido como a Escola de Berlim de m�sica eletr�nica. O mesmo vale para o Tangerine Dream, grupo do qual, em sua fase embrion�ria, Klaus fez parte como baterista. Por�m enquanto o Tangerine Dream, sendo grupo, passou por v�rias fases distintas de estilo, Klaus Schulze prosseguiu em sua rota solit�ria, sendo o principal arquiteto da Escola de Berlim que incont�veis artistas ainda hoje seguem. O quinto �lbum, Timewind, � um dos pilares deste estilo, junto com Phaedra (1974) e Rubycon (1975), do Tangerine Dream. Para Schulze, representa mais um salto qualitativo em mat�ria de timbres, harmonia, e organiza��o dos diferentes elementos sonoros, no discurso mais coerente e completo desde a estreia em Irrlicht (1972). A estrutura, no entanto, ainda � a mesma dos �lbuns anteriores: pulsa��es r�tmicas, camadas de sintetizadores tra�ando uma paisagem harm�nica, e efeitos sonoros. Aqui esta estrutura encontra os timbres e a cuidadosa organiza��o que a consagram, cristalizando definitivamente o estilo a que Schulze vai se manter fiel para o resto da carreira, com raras varia��es. O disco � dedicado ao compositor preferido de Schulze, Richard Wagner, o que se reflete nos t�tulos "Bayreuth Return" e "Wahnfried 1883". Wagner passou seus �ltimos anos num palacete na cidade de Bayreuth. Wagner batizou este palacete de "Wahnfried", neologismo alem�o que significa, numa tradu��o simplificada, "livre da loucura". Wagner faleceu em 1883 e foi enterrado nos quintais de Wahnfried, junto com sua esposa. Um anfiteatro comp�e a propriedade, e foi criado por Wagner para abrigar um festival independente dedicado � pr�pria m�sica. Este festival acontece anualmente at� hoje, e � administrado pelos descendentes de Wagner. A fila de espera � t�o grande que s� se consegue ingressos para daqui a 5 a 10 anos. Parte 2: A m�sica "Bayreuth Return" n�o perde tempo: depois de uma curt�ssima introdu��o atmosf�rica, surge a pulsa��o do sequencer que embala os 30 minutos desta obra. � uma pulsa��o em andamento r�pido mas o desenvolvimento � lento. Como mencionado anteriormente, n�o h� muitas novidades aqui em mat�ria de conte�do musical, mas a atmosfera � leve e on�rica, pois Schulze naquele ponto ainda n�o tinha um instrumento que produzisse timbres mais graves. A sequ�ncia e as harmonias v�o e v�m como mar�s ou ventos. O t�tulo "Timewind" - "tempo-vento" - parece descrever bem este tipo de m�sica, cuja aprecia��o completa depende da disponibilidade do ouvinte a ouvir atentamente durante toda sua dura��o. O som de sequencer passa por algumas mudan�as sutis at� a ter�a parte final da obra, onde a pulsa��o torna-se mais marcada nos tempos do compasso. � mesma manobra usada em Picture Music (1973). A m�sica continua pulsando at� terminar numa s�bita explos�o de ru�do. A estrutura de "Bayreuth Return" e da maioria das composi��es de Schulze at� Timewind refletem no fato do compositor, at� aquele momento, n�o dispor de est�dio com gravador em v�rias pistas. Quase tudo que ele faz at� Timewind � criado ao vivo: timbres, mixagem, etc, gravado diretamente nos 2 canais do stereo, em est�dio caseiro improvisado. A composi��o acontece conforme a fita vai gravando. O que mostra do que � capaz um compositor com vis�o e criatividade. "Bayreuth Return" levou duas horas para ser criada, em 3 tentativas. "Wahnfried 1883", outro monolito de 30 minutos, consome o lado B inteiro no �lbum original. O sequencer � deixado de lado para uma vasta explora��o de harmonias e efeitos sonoros, numa atualiza��o de "Exil Sils Maria" de Irrlicht (1972). Mas desta vez Schulze j� desenvolveu habilidades e t�cnicas, al�m de possuir mais instrumentos, e � capaz de produzir uma paisagem sonora rica e po�tica, mais interessante ainda que "Bayreuth Return". Parte 3: Conclus�o A qualidade de Timewind rendeu a Schulze premia��o na Fran�a, e consequentemente o primeiro ganho financeiro real com sua m�sica. At� ent�o ele vivia de biscates como trabalhar como carteiro. Realidade semelhante a que vivia outros colegas: Edgar Froese (Tangerine Dream), por exemplo, pintava �nibus. Esta premia��o e o fato de agora estar em um selo internacional - Virgin, o mesmo de Mike Oldfield e Tangerine Dream - contribu�ram para que Timewind se tornasse o �lbum mais famoso de Schulze. A reedi��o de 2006 do selo InsideOut/Revisited Records traz como sempre hist�rias contadas por Schulze e seu editor, retratando as circunst�ncias que cercavam a produ��o de seus �lbuns. Fotos e artes gr�ficas tamb�m s�o inclusas. Vale notar que todas as artes originais dos vinis (salvo engano) s�o reproduzidas nestas edi��es. Como b�nus, Timewind � acompanhado de um CD inteiro extra, com mais quase uma hora de m�sica. Duas delas s�o as outras tentativas de "Bayreuth Return", at� aqui in�ditas, e uma terceira, de 5 minutos, foi gravada em 2000 como homenagem a este �lbum. Hist�rias � parte, Timewind permanece at� hoje uma li��o e um exemplo fundamental de seu g�nero. � o primeiro da s�rie dourada de cl�ssicos que Schulze desfilaria na segunda metade dos anos 1970. Mas o �lbum seguinte � ainda melhor. |