Spock's Beard |
Estados Unidos |
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Revisto por: Alexandre Sinicio | Nota:10.0 |
Existem alguns discos que s�o dif�ceis de resenhar, ou porque s�o cl�ssicos e qualquer coisa que dissermos � "chover no molhado", ou porque eles t�m algum significado pessoal muito especial, para o bem ou para o mal. O disco "V" do Spock's Beard se encaixa nessa defini��o de "especial para o bem" para mim. E se n�o � um cl�ssico, � porque ainda � um disco recente, visto que foi lan�ado em 2000.
O Spock's Beard � uma das bandas que deram um novo "g�s" pro rock progressivo nos anos 90, mesclando o melhor dos grandes medalh�es com a energia e a for�a da m�sica popular desta d�cada. E fazem isso com extremo bom gosto, criando m�sicas f�ceis de ouvir, "pegajosas", mas ao mesmo tempo muito ricas do ponto de vista musical. No "V", parecem ter conseguido construir um �lbum quase perfeito para os amantes do g�nero, talvez o melhor disco da banda. Abre com "At The End Of The Day", uma suite inspirad�ssima tanto na harmonia como nas letras. Alterna momentos de extrema sutileza e delicadeza com outros de muita energia. � poss�vel perceber claramente influ�ncias sobretudo de Yes nessa m�sica, principalmente "Yours Is No Disgrace". Ao mesmo tempo, o peso dos anos 90 est� bastante presente, e os teclados de Ryo Okumoto parecem envolver o ouvinte. Neal Morse, como sempre, canta com enorme feeling, com uma voz suave, mesmo quando arrisca partes mais agressivas. No final da m�sica, uma grande brincadeira do excelente baixista Dave Meros tocando o verso de forma funkeada. Enfim, uma m�sica excelente, com refr�o poderoso, versos simples, que tem tudo para agradar gregos e troianos. A segunda m�sica � "Revelation". Tensa, alterna um verso extremamente lento e sereno com um refr�o pesado, forte. Mais um show de Neal Morse e Ryo Okumoto. A escolha de timbres n�o podia ter sido melhor, e o ritmo arrastado causa uma certa sensa��o de ang�stia e tranq�ilidade conforme se varia o peso da m�sica. Em seguida temos "Thoughts (Part 2)", esp�cie de continua��o de "Thoughts" do disco "Beware Of Darkness". Assim como a primeira parte, as m�ltiplas vozes em contraponto formam um todo complexo e bastante chamativo, agrad�vel. Tudo come�a com viol�o e voz: "I thought, I'd come to you and say all the things I had on my mind I thought, it'd might be really great to show you how I feel inside Then I think... maybe not!" Em seguida, o tema principal, que vai crescendo. Discretas mudan�as de compasso fazem o ouvinte "acordar" de repente, curioso, se perguntando se houve mesmo uma mudan�a ou se foi apenas uma falsa percep��o. Outra m�sica que deve agradar a todos, tanto pelo instrumental extremamente progressivo como pelo todo que � bastante acess�vel. "All On a Sunday" d� seq��ncia ao trabalho. � a balada do �lbum, m�sica alegre e bem arranjada. Talvez a mais fraca do disco, por n�o acrescentar muito � banda. Mas n�o deixa de ser gostosa de ouvir, principalmente os temas bem trabalhados e a voz sempre interessante (e cheia de efeitos nesse caso) de Neal Morse. Podemos dizer que essa � a m�sica que d� um tom informal pro disco, como vamos dizer mais tarde. "Goodbye To Yesterday" � outra balada, dessa vez intimista e lenta, bela e sublime. O viol�o d� o tom da m�sica, muito bem ambientada. A impress�o que se passa � de um fim de noite em frente a uma lareira, enquanto se pensa em "dizer adeus para o 'ontem'". O som totalmente vintage dos teclados (talvez seja usado mesmo um mellotron, n�o sei dizer) com certeza vai agradar os amantes da primeira fase do King Crimson. Dave Meros d� um show no baixo e � poss�vel mesmo sentir um forte calor humano ao ouvir a m�sica. Talvez a melhor compara��o poss�vel seja "Think Of Me With Kindness" do Gentle Giant, que no disco "Octopus" tamb�m faz uma esp�cie de contraponto � energia do resto das m�sica. Simples, por�m extremamente bonita e agrad�vel. Para fechar com chave de ouro, uma das mais fant�sticas suites do rock progressivo atual, "The Great Nothing". O come�o com um coro de vozes (de novo, parece um mellotron) causa um certo espanto, e n�o poderia ser diferente. Os instrumentos mudam, surge um viol�o. Depois guitarras, bateria, cello, baixo, teclados. A cada instante aumenta a tens�o, que se resolve maravilhosamente bem num tema memor�vel. O trabalho de bateria de Nick D'Virgilio, bastante contido no restante do disco, aparece aqui e no restante da m�sica com maestria. A letra j� come�a com "one note timeless", como um pren�ncio de que a m�sica em breve se tornaria um cl�ssico. O restante da letra � fant�stico, para mim especialmente, por motivos pessoais. Extremamente bem constru�das, as partes s�o em geral ligadas por pequenas passagens de piano, e � interessante notar como o uso de viol�o � feito com sutileza e funciona com perfei��o. � at� dif�cil destacar um instrumento na m�sica, pois a interpreta��o de todos � isenta de falhas. N�o h� nenhuma nota "a mais" nem "a menos", tudo est� no seu devido lugar. A altern�ncia entre tons maiores e menores torna cada momento interessante, e os vinte e sete minutos parecem passar rapidamente, para terminar com um dos temas iniciais de forma gloriosa. Falar de Spock's Beard � dif�cil, e desse disco especialmente. N�o parece que estamos ouvindo uma banda distante, mas um grupo de amigos. H� uma impress�o muito clara de prazer e felicidade nas m�sicas, que contagia o ouvinte. � como se conhec�ssemos as m�sicas h� muito tempo e n�o houvesse nenhum ar "profissional" por tr�s, apenas art�stico. Obviamente, isso � m�rito desse grupo fant�stico de m�sicos e, especialmente, Neal Morse, principal compositor da banda at� sua sa�da, depois do disco Snow. Disco obrigat�rio para todo amante da m�sica. |