Yes |
Inglaterra |
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Revisto por: Gibran Felippe | Nota:10.0 |
Pra come�ar, ressalto que no meu entendimento, a respeito da vasta obra do Yes, a banda possui uma trilogia de ouro, ou seja, tr�s obras que de fato se destacam mais que as outras. Muitos podem imaginar que seja imposs�vel classificar uma parte da discografia do Yes dessa forma, afinal, foram tantas obras memor�veis ao longo dessas quase quatro d�cadas de exist�ncia, que pode at� configurar uma injusti�a destacar uma trilogia dentro desse universo musical profundo e deveras pejado.
Dito isso, enumero a trilogia e inserida na mesma encontra-se essa obra-prima denominada "Tales From Topographic Oceans", os outros dois s�o "Close To The Edge" e "Relayer". � natural ao ser humano inteligente, antes de qualquer coisa, contestar toda opini�o que seja contundente. Entretanto, antes que isso ocorra, convido-os a revisitarem a discografia do Yes, n�o com o intuito de tornar a minha opini�o inconteste, mas, sobretudo para depurarmos ainda mais as obras dessa que foi talvez a grande banda do rock progressivo, ao lado do Pink Floyd e do G�nesis, na minha opini�o alguns degraus acima dessas duas �ltimas inclusive. � verdade que trabalhos como Time And A Word, The Yes Album, ?Fragile?, ?Going For The One?, ?Drama?, ?90125? e ?Keys To Studio? s�o muito bons, alguns extremamente cl�ssicos como ?The Yes Album? e refer�ncias obrigat�rias em qualquer discografia que se preze, por�m em nenhum desses encontramos os elementos que presenciamos ao ouvir a trilogia de ouro em v�rios aspectos: na elabora��o musical, no grau de complexidade t�cnica, nas in�meras varia��es r�tmicas em seus mais diversos movimentos contidos numa mesma pe�a musical, nos improvisos provocantes, talvez por conta dessa forma rebuscada de fazer rock � que algumas pessoas consideram o Yes, durante essa etapa de cria��o musical da sua carreira, uma banda pretensiosa. Ora, esse tipo de coment�rio � totalmente equivocado, j� que temos por pretensioso algo grandioso feito por algu�m sem capacidade para tanto ou realizado por aventureiros e charlat�es. Aqui eu pergunto para voc�s, meus amigos, diante de tamanha qualifica��o musical, de uma reuni�o composta por nomes como: Jon Anderson, Steve Howe, Alan White, Rick Wakeman e Chris Squire, faz sentido chamar de pretensioso um trabalho? Pretensioso seria, se m�sicos n�o t�o talentosos, tentassem criar num curt�ssimo espa�o de tempo(um ano aproximadamente), algo como ?Tales From Topographic Oceans?. Outras cr�ticas que tenho notado ao longo dos anos com rela��o a essa obra, � a de que a mesma foi elaborada e produzida praticamente por Jon Anderson e Steve Howe sozinhos e que os problemas de relacionamento foram intensos. Pode at� ter um fundo de verdade nessa vis�o, mas n�o acredito que esse seja um motivo real para criticar esse trabalho, afinal o resultado est� gravado para todos apreciarem e convenhamos a participa��o dos demais m�sicos � super efetiva para dizer que Anderson e Howe brilharam sozinhos, ali�s, acho completamente o contr�rio, com problemas de relacionamento ou n�o, quem brilhou de fato foi o conjunto e n�o pe�as isoladas. A sa�da do Wakeman da banda ap�s esse trabalho foi curiosa, alguns dizem que ele saiu criticando os rumos que o grupo estava levando, que estavam atingindo um n�vel de megalomanismo insuport�vel, ora, grande balela, tendo em vista que Wakeman saiu do grupo e produziu algo t�o grandioso quanto, pouqu�ssimo tempo depois, que foi o ?Journey To The Centre Of The Earth?, convenhamos, se bobear at� mais megaloman�aco. Ao meu ver, pelo pouco espa�o de tempo, Wakeman j� estava querendo sair do grupo, inclusive durante as grava��es para tocar o seu projeto, se � que n�o o fez de forma paralela, se fizermos uma an�lise temporal no que tange esse aspecto, eu praticamente n�o tenho d�vidas quanto a isso. Os conceitos filos�ficos de Jon Anderson sobre o universo e harmonia entre seus seres podem ter sido o grande cerne para as id�ias musicais, por�m isso n�o ofusca o todo e sobressai a tal ponto de abafar a participa��o dos outros integrantes. Temos o exemplo de v�rios compositores que apenas levantam id�ias, mas n�o se sobrep�em � execu��o, temos o caso do Peter Sinfield para o King Crimson que elaborou, durante um per�odo, a maior parte das m�sicas, mas de maneira alguma ofuscou o desempenho do grupo, a �nica diferen�a � que no caso do Jon Anderson ele participa ativamente tamb�m do processo de execu��o musical. � fato que muitos adeptos do rock e at� mesmo do progressivo, curtem m�sicas menos complexas, com mais pegada, algo como ?The Yes Album? e ?Fragile? por exemplo, que possuem composi��es mais centradas, com refr�es, com fraseados bem definidos e n�o t�o longas. Para esses o ?Tales From Topographic Oceans? talvez n�o seja muito recomendado, pois se trata de um �lbum que possui quatro su�tes de vinte minutos e necessita ser ouvido com muita aten��o para n�o se perder nenhum movimento. Muitas cr�ticas para esse trabalho tamb�m seguem esse vi�s, ou seja, cr�ticas � alta sofistica��o musical atingida pelo Yes. Fa�o aqui um paralelo com a vida moderna, cada vez mais as pessoas, devido � correria do dia-a-dia, n�o possuem paci�ncia para ouvir m�sicas longas, as famosas su�tes, t�o representativas do rock progressivo, uma j� � suficiente, duas s�o exagero e quatro nem pensar. Essas mesmas pessoas n�o conseguem entrar num cinema para ver um filme de tr�s horas, n�o conseguem assistir a uma exposi��o de pinturas, n�o conseguem ler um livro, posto que n�o seja necess�rio para a sua vida, que tenha mais de trezentas p�ginas. Isso para mim sinaliza que a arte est� perdendo espa�o na vida das pessoas a cada dia que passa, diante dessa necessidade crescente de mais informa��o e menos tempo para atividades culturais que demandam concentra��o. Assim sendo, os in�meros improvisos contidos nos diversos movimentos, desagrada a muitos f�s novos ou velhos, como disse, principalmente para aqueles que possuem uma vis�o mais roqueira, herm�tica com rela��o � plena concep��o de in�cio, meio e fim bem definidos e obviamente a exist�ncia de refr�es e passagens de f�cil assimila��o marcando o compasso musical. ?Tales From Topographic Oceans? � justamente a ant�tese disso e assim j� o era nos anos 70. N�o obstante, � livre! N�o adere nenhuma receita de bolo pr�-concebida, aproximando o Yes dos m�sicos mais inventivos do s�culo passado e por isso o classifico como o diferencial do grupo, que ao lado do ?Close To The Edge? e ?Relayer?, fizeram com que a banda atingisse uma ordem superior, � por essa trilogia de ouro que o Yes ser� relembrado com um status de primazia musical, em que pese terem na bagagem obras maravilhosas. Mesmo afirmando n�o ser uma obra solo de Anderson-Howe, � importante que se louve a performance do Steve Howe nesse trabalho, o que ele faz � absolutamente magistral, desde os acordes iniciais em ?The Revealling Sciene Of God?, passando pelo dedilhado j� cl�ssico de ?Giants Under The Sun? e obviamente os solos contidos em ?Ritual?, desde � introdu��o at� o magn�fico desfecho em ?Nous Sommes Du Soleil?. Fico imaginando o mesmo dentro do est�dio, com a sua guitarra deitada na mesa, tocando como se estivesse fazendo car�cias na mulher amada, com alma, com sofreguid�o, nota por nota, extraindo um efeito on�rico na sua guitarra. Assim � o relacionamento do Howe com a guitarra em ?Ritual?. Gostaria de acrescentar que nesse trabalho encontramos a melhor performance de Alan White em toda a sua trajet�ria no grupo, a responsabilidade de substituir Brufford era elevada, mas White tocou como nunca nesse trabalho, com grande personalidade e com o passar dos anos ele foi decaindo, tanto que ouvindo as obras posteriores sinto uma certa saudade do Brufford, mas aqui no ?Tales From Topographic Oceans?, Alan White arrasa e o solo que faz em ?Ritual? � muito interessante e perform�tico, tra�ando um anti-cl�max durante a virada dos movimentos com grande personalidade para quem acabara de chegar num grupo j� consagrad�ssimo. Se tivesse que definir com uma �nica palavra essa obra, a mesma seria: quintess�ncia! |