Camel

Inglaterra

Titulo: Snow Goose
Ano de Lançamento: 1975
Gênero: Prog Sinf�nico
Gravadora: Label n�o informado
Número de catálogo:
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  Revisto por: Demetrio Nota:10.0
The Snow Goose � um dos discos da fase �urea setentista do CAMEL, uma das bandas mais seminais do rock progressivo ingl�s e que contava, em seus quatro primeiros discos, com sua forma��o classica. Trata-se de um disco conceitual, completamente instrumental (bem entendido, sem letras, mas eventualmente com vocais), inspirado em um pequeno livro, de mesmo t�tulo, de autoria de Paul Gallico (ver Informa��es Adicionais).

The Great Marsh inicia o disco no modo fade-in, numa m�sica bem curta (2 minutos apenas) constru�da com base em teclado e coro de vozes cantando de uma forma bastante et�rea, meio fantasmag�rica, parecendo representar um alvorecer do dia na praia, com sons de gaivotas e outros p�ssaros marinhos cantando ao longe, culminando num r�pido crescendo de teclado ao final, fluindo diretamente para a m�sica seguinte, Rhayader (faixa 2), esta j� bem mais ritmada, no estilo t�pico do Camel, come�ando com piano e flauta e em seguida complementada com os demais instrumentos, mas mantendo at� o final a forte presen�a de flauta e teclados, passando-nos a impress�o de que, mesmo na solid�o de seu farol, Rhayader est� de certa forma feliz com o modo de vida que ele pr�prio escolheu.

Rhayader Goes to Town (faixa 3) marca o momento em que Rhayader vai � cidade e os habitantes locais reagem friamente � sua presen�a. Ele, entretanto, n�o se deixa abater, e o que esta faixa deixa transparecer � exatamente essa atitude altiva de Rhayader enquanto na cidade, atrav�s de uma m�sica bem alto-astral realmente, alternando momentos bem rock com passagens mais lentas, onde brilha a inconfund�vel guitarra de Latimer.

Sanctuary (faixa 4) traz de volta calmaria ao disco, numa m�sica bem curta e suave constru�da apenas com base em guitarra ac�stica e el�trica e que flui suavemente para a m�sica seguinte, Fritha (faixa 5), que mant�m a mesma atmosfera calma da faixa anterior, agora com viol�o, flauta e teclado. The Snow Goose (faixa 6) se refere exatamente � gansa-das-neves trazida ferida por Fritha a Rhayader, e � uma m�sica bel�ssima, profundamente mel�dica, apresentando um solo de guitarra de Latimer que � de encher a alma, al�m de excelentes interven��es de teclados, baixo e bateria. Com toda certeza uma das melhores faixas deste excelente disco.

Na seq��ncia temos Friendship (faixa 7), outra m�sica curta constru�da com base apenas em sons de fagote, obo� e talvez outros dois ou tr�s instrumentos orquestrais do g�nero. Esta m�sica flui diretamente para a jazz�stica Migration (faixa 8), marcando o momento em que a gansa, j� totalmente recuperada e seguindo seus instintos naturais de migra��o para o Norte, al�a v�o em dire��o ao seu destino. Uma m�sica bastante ritmada tamb�m, com forte presen�a de bateria, baixo, teclado e vocais (sem letras).

Rhayader Alone (faixa 9) descreve com toda perfei��o poss�vel a tristeza de Rhayader diante da solid�o motivada pela partida de Fritha e La Princesse Perdue, com piano, guitarra e um baixo bem suave fazendo a base musical dessa bonita faixa.

Assim como na faixa de abertura do disco, Flight of the Snow Goose (faixa 10) entra em fade-in, anunciando o regresso da gansa ao santu�rio e com ela tamb�m a doce presen�a da amiga Fritha, o que significa a volta de alegria ao lugar. Uma m�sica realmente alegre, feliz, com forte presen�a de guitarra, baixo, bateria e teclados.

Preparation (faixa 11) traz de volta a melancolia ao disco, numa m�sica constru�da sobre efeitos de teclados, baixo, flauta e vozes femininas num coro meio que fantasmag�rico, como que antevendo os perigos inerentes � her�ica miss�o a que Rhayader se prop�s, qual seja, a de ajudar no resgate de soldados ingleses encurralados sob fogo inimigo nas praias francesas de Dunkirk, exatamente o t�tulo da faixa seguinte (12), uma das mais longas do �lbum, come�ando com �rg�o e baixo acompanhados de uma batida de bateria em estilo tipicamente marcial, com eventuais interven��es de guitarra e metais, culminando em seguida num ritmo extremamente tenso e veloz, com solos arrasadores de guitarra e teclados e marca��es fren�ticas de baixo e bateria representando o medo, a tens�o e os horrores da guerra.

Epitaph (faixa 13) anuncia a morte de Rhayader, sendo musicalmente uma esp�cie de continua��o da faixa 11 (Preparation), com a melancolia de sinos de igreja badalando ao longe e um clima bastante sombrio, meio c�smico, proporcionado por teclados, como que indicando que a alma de Rhayader se foi.

Fritha Alone (faixa 14), como o t�tulo sugere, � uma m�sica triste, melanc�lica, basicamente piano. A melodia � uma esp�cie de continua��o da faixa 5 (Fritha), aqui representando a angustiante espera por Rhayader.

La Princesse Perdue (faixa 15) marca o momento em que Fritha pressente que Rhayader sucumbiu ao fogo inimigo e tem a certeza disso ao ver La Princesse Perdue retornar sozinha. Esta � uma m�sica que transborda emo��o em cada nota, come�ando com bel�ssimo trabalho de violinos, em seguida teclados, culminando ent�o com solos de guitarra de encherem o cora��o da gente. � por solos como estes que eu admiro tanto o Andy Latimer, que o coloco como o meu guitarrista predileto dentre tantos guitarristas sensacionais que existem no universo progressivo.

O �lbum termina exatamente como iniciou, com uma reprise da m�sica The Great Marsh, s� que agora terminando em fade-out (e n�o iniciando em fade-in) e apresentando uma atmosfera mais melanc�lica que a vers�o da abertura, parecendo transmitir um sombrio cair da noite, envolto pela tristeza da destrui��o do lugar, diferentemente da faixa inicial que parecia reproduzir o alvorecer.

Assim como acontece com algumas obras cl�ssicas, neste disco tamb�m encontramos diversas m�sicas com melodias reprisadas ao longo da obra. "Fritha", por exemplo, tem sua melodia reprisada em "Fritha Alone", "Rhayader" em "Rhayader Alone", "The Flight of the Snow Goose" em "La Princesse Perdue", "Preparation" e "Epitaph" t�m em comum alguns elementos tamb�m, "The Great Marsh I" & "The Great Marsh II" idem, dentre as que me ocorrem no momento.

Um disco bel�ssimo, que mesmo se tratando de um �lbum totalmente instrumental, consegue transmitir ao ouvinte todas as emo��es envolvidas no enredo proposto, passando da alegria de um momento especial para a profunda melancolia do momento seguinte de uma forma que voc� consegue efetivamente sentir essa mudan�a tamb�m, mesmo sem estar acompanhando a seq��ncia das m�sicas.