Neuschwanstein

Alemanha

Titulo: Battlement
Ano de Lançamento: 1979
Gênero: Prog Sinf�nico
Gravadora: Rock Symphony
Número de catálogo:
Clique aqui para Ficha Tecnica  

  Revisto por: Gibran Felippe Nota:9.0
O universo progressivo � muito interessante por in�meras raz�es e uma delas � justamente a capacidade de criar bandas lend�rias que fizeram um �nico trabalho, mas suficiente para mexer com o imagin�rio
coletivo do estilo. Esse � o caso da banda alem� Neuschwanstein que numa produ��o de apenas dez dias em outubro de 1978, brindou os amantes do g�nero com uma obra cl�ssica, com os elementos fundamentais para atingir o apre�o de todos que curtem um bom prog sinf�nico.

Infelizmente, o trabalho n�o vingou em termos de popularidade, fato que acabou culminando com o t�rmino da banda logo em seguida, j� que est�vamos vivendo o ocaso do rock progressivo nessa �poca, onde o estilo tentava se reinventar numa fileira mais pop e outros movimentos chamavam mais a aten��o dos meios de comunica��o, principalmente o punk e o new wave. Com o renascimento do progressivo a partir da d�cada de 90, "Battlement" voltou a ser revisitado com intensidade, o que me permite afirmar que sua popularidade entre os admiradores do estilo � muito grande em todo mundo, inclusive com edi��o brasileira em cd.

Apesar de originalmente a base musical do grupo executar covers de Rick Wakeman, a compara��o com o Genesis � inevit�vel, principalmente por conta da aura teatral e dos vocais a cargo do �nico n�o alem�o do grupo - Fr�d�ric Joos, franc�s, que ainda tocava viol�o de forma efetiva em todas as m�sicas do disco. Al�m dele, a banda era composta por Thomas Neuroth(teclados), Klaus Mayer(flauta e sintetizadores), Roger Weiler(guitarras), Reiner Zimmer(baixo e voz) e Hans-Peter Schwarz(bateria).

Mesmo tendo uma afinidade musical com o Genesis da era Peter Gabriel, diria que o Neuschwanstein n�o bebeu dessa �nica fonte e tamb�m est� distante de ser um mero clone, como alguns insistem em taxar, a come�ar pela fonte inspiradora centrada na pr�pria hist�ria rom�ntica da Alemanha, j� que Neuschwanstein � o nome do castelo do rei Ludwig II, localizado nos alpes da Bav�ria, servindo como escopo tamb�m para a arte gr�fica, bel�ssima por sinal. Algumas letras tamb�m remontam a esse per�odo medieval, tal como a contida na m�sica que d� t�tulo ao �lbum.

N�o percebo maiores semelhan�as entre a guitarra de Roger Weiler com as do Phillips e Hackett, fato que tamb�m distancia a similaridade com o Genesis, outro aspecto de diferen�a est� baseado na utiliza��o efetiva dos viol�es e flautas, instrumentos que no Genesis s�o espor�dicos necessitando da interven��o de um componente em detrimento do seu pr�prio instrumento. Se analisarmos com aten��o m�sicas como "Loafer Jack", "Ice With Dwale" e "Beyond The Bugle" pode-se perceber claras influ�ncias do Caravan, principalmente no que tange os viol�es, a flauta e o pr�prio trabalho de bateria que possui for�a sem perder a suavidade nos momentos mais lentos, t�pico de Richard Coughlan. Outra influ�ncia percept�vel tamb�m encontra-se no Camel, j� que os alem�es possuem um teclado muito semelhante ao do Peter Bardens em diversas passagens.

Provavelmente, esse � o charme que possibilita momentos maravilhosos quando a influ�ncia do Genesis desperta com for�a total em m�sicas como "Intruders And The Punishment", "Battlement" e "Midsummer Day",
aliada a essa mistura de folk com elementos do Caravan, na minha �tica essas s�o as melhores m�sicas dessa obra.

Interessante que "Midsummer Day", originalmente gravada junto com as outras faixas tenha sido renegada no lan�amento prim�rio em vinil do "Battlement", surgindo como b�nus na edi��o em cd da Musea, num trabalho de garimpagem louv�vel da gravadora francesa. Essa m�sica � espetacular, iniciando-se com uma base de guitarra, sintetizador ao fundo e muito viol�o como sempre, para em seguida surgir os vocais emotivos de Fr�d�ric Joos entoando midsummer day para rasgar a alma. Na segunda estrofe cantada, Klaus Mayer deixa o sintetizador de lado e faz o fundo com uma flauta bel�ssima. A partir desse momento a m�sica ganha mais for�a, com um baixo vibrante e uma bateria totalmente quebrada e agora a flauta deixa de fazer o fundo para ser o elemento principal juntamente com os vocais. Essa for�a termina definitivamente com uma parada que n�o chega a ser abrupta, mas � total, voltando com um teclado que mais parece embalar o sono de uma crian�a num despertar suave e tenro, para o retorno dos viol�es e os vocais que parecem ressucitar um Peter Gabriel no Genesis que j� n�o existia mais...

Descrevendo essa m�sica n�o me restam d�vidas, essa foi uma das bandas pioneiras de um movimento que nos anos 80 conseguiu manter a chama acesa do progressivo, mesmo com a enxurrada de cr�ticas dos f�s mais ortodoxos e exigentes e o abandono quase que completo da m�dia. Nada mais, nada menos que o neo prog capitaneado pelo medalh�o ingl�s Marillion.

Os caminhos geogr�ficos trilhados por diversas bandas de rock � muito curioso, temos o caso dos Beatles que se afirmaram como banda de verdade em Hamburgo, na Alemanha, talvez o per�odo mais importante do in�cio da carreira do grupo. Com o Nektar tamb�m ocorrera o mesmo, atualmente temos o caso do Anekdoten que encontra no Jap�o sua segunda morada. A cena francesa de rock progressivo foi extremamente pulsante a
partir da segunda metade da d�cada de 70, e justamente nesse pa�s que ocorreu a qu�mica dos integrantes do Neuschwanstein, numa turn� em Moselle onde encontraram Fr�d�ric Joos e a partir dessa ocasi�o passaram a se revesar por shows em ambos os pa�ses, at� a grava��o dessa obra em Col�nia.

Por fim, uma curiosidade sobre a trajet�ria do grupo � que eles eram a banda de abertura do medalh�o alem�o Novalis e por muitas vezes acabavam roubando a cena, tamanha a qualidade musical dos componentes e
ap�s a produ��o do "Battlement" tamb�m chegaram a fazer shows abrindo para o Novalis no ano de 1980, mas com a sa�da de Fr�d�ric Joos e sem verba suficiente para novos projetos, decidiram encerrar a carreira prematuramente.

Aquisi��o obrigat�ria para todos os amantes do Genesis era Peter Gabriel, pois Fr�d�ric Joos foi o que mais se aproximou do estilo do vocalista do Genesis e quase obrigat�ria para todos aqueles que curtem
um bom prog sinf�nico.