Circle |
Finlandia |
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Revisto por: Demetrio | Nota:9.5 |
Banda finlandesa origin�ria de Pori (cidade situada na costa oeste daquele pa�s), o Circle foi formado no in�cio dos anos 90 e j� conta com uma discografia bastante prol�fica. O grupo tem diversos de seus trabalhos mais recentes lan�ados pelo selo finland�s Ektro Records, sin�nimo de vanguarda em progressivo, eletr�nico/industrial e metal (o selo pertence, na verdade, ao l�der da banda, Jussi Lehtisalo, atrav�s do qual tamb�m v�m sendo lan�ados outros projetos paralelos por ele liderados, como Pharaoh Overload e Ektroverde).
Descrever o som bizarro do Circle n�o � tarefa das mais f�ceis. Predominantemente instrumental, sua sonoridade lembra uma fus�o de rock progressivo com space rock, post-rock, jazz-rock, trance, psicodelia e incurs�es avant-garde, tendo como caracter�stica marcante uma textura r�tmica eminentemente fren�tica e monot�nica (bem na linha Krautrock), sobre a qual s�o desenvolvidas sutis varia��es de andamento ao longo das m�sicas. Rotulado por alguns de neo-krautrock, chega a lembrar eventualmente uma interessante mistura de Can com Neu, Hawkwind, Brand X e Tortoise, mas com uma assinatura s�nica muito particular, bastante original realmente. Pori, como o pr�prio nome sugere, � uma homenagem da banda � sua terra natal. O disco abre com uma faixa meio soturna e experimental, "Perustamisasiakiria 8.3.1558", constitu�da apenas de toques esparsos de violino, violoncelo, flauta, piano e bateria (lembrei-me da introdu��o da su�te Atom Heart Mother, do Pink Floyd, ouvindo esta faixa). A partir da faixa 2, o disco finalmente engrena dentro daquela caracter�stica principal j� acima aludida, de cad�ncias r�tmicas hipn�ticas e repetitivas (� la Can), comandadas normalmente por bateria, baixo e riffs de guitarra. O som � predominantemente denso e fren�tico ao longo de todo o �lbum (exce��es para algumas passagens mais suaves), com varia��es de textura e andamento a cargo de sintetizadores, guitarras distorcidas, bateria e percuss�o, permeadas por interessantes interven��es vocais (oper�sticas ou em coro) e de instrumenta��o sinf�nica. Destaque especial para as excelentes "Back to Pori" (faixa 3), bem roqueira e com participa��o de vocais gregorianos, "Promenaadikeskus" (faixa 6), meio viajante e hipn�tica (apesar do ritmo fren�tico), com bonito vocal feminino e experimentalismos proporcionados por riffs de guitarra e sintetizadores, "Seisomakatsomo" (faixa 8), tamb�m muito bonita e interessante, com �tima presen�a de vocal feminino, violino, flauta, violoncelo e baixo ac�stico, e "Karhun Kansaa 1" (faixa 9), com magn�fica performance de sintetizador, guitarra, bateria e percuss�o. Ou seja, muito embora a m�sica do Circle seja predominantemente instrumental, neste �lbum em particular algumas interven��es vocais foram introduzidas (ainda que de forma bastante minimalista), como o j� mencionado canto gregoriano na faixa 3, bonitos vocais femininos (coros) nas faixas 6 e 8 e harmonias vocais igualmente interessantes em algumas outras passagens tamb�m, a exemplo da faixa 5. A todo aquele que for ouvir um disco desta banda pela primeira vez, um conselho muito importante: n�o se deixe enganar pela aparente falta de rumo das composi��es, pelo intenso "girar em c�rculos" de suas texturas r�tmicas. O som do Circle � deliberadamente monot�nico mesmo, � sua caracter�stica mais marcante (nesse sentido pode-se at� dizer que o nome da banda � bastante sugestivo), mas num sentido positivo, de quase hipnose, de indu��o ao transe. � s� entrar no clima e esperar, pois mais cedo ou mais tarde encontrar� sutis varia��es de andamento, de intensa complexidade e beleza. Circle � uma banda que consegue conciliar, de forma bastante satisfat�ria, arranjos e experimenta��es mais vanguardistas com texturas mel�dicas de not�vel beleza. Neste aspecto, em particular, me lembra de certa forma o tamb�m finland�s H�yry-Kone e o sueco Isildurs Bane, duas bandas que eu reputo entre as mais bem sucedidas no que concerne � solu��o desse aparente antagonismo entre beleza mel�dica e complexidade. |