Neal Morse

Estados Unidos

Titulo: ?
Ano de Lançamento: 2005
Gênero:
Gravadora: Label n�o informado
Número de catálogo:
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  Revisto por: Sergio El Kadi Nota:7.5
Poucas carreiras s�o t�o pol�micas quanto a do Neal Morse. Afinal, ele deixou uma das principais bandas do rock progressivo, da qual era o principal compositor, e resolveu partir para uma carreira solo orientada � sua voca��o religiosa.

Do meu ponto de vista, a f�rmula do Spock's Beard j� dava sinais de esgotamento no �ltimo disco com o Neal Morse, embora o resultado final de "Snow" ainda seja na minha opini�o muito bom. Em sua carreira solo, novos elementos foram adicionados, mas que tamb�m mostraram sinais de esgotamento, uma vez que as estruturas de composi��es se mantiveram praticamente as mesmas do que nos tempos em que estava com sua banda de origem.

Por isso, foi com algum receio que ouvi seu quinto disco, "?". Neste �lbum, o Morse optou por convidar v�rios m�sicos renomados do progressivo que gravaram participa��es especiais em algumas m�sicas, al�m de contar com o tamb�m renomado Mike Portnoy na bateria e com o Randy George no baixo. Al�m disso, ele investiu em um conceito que conta a hist�ria do Tabern�culo, deixando de lado experi�ncias pessoais. Com tudo isso, o resultado final me surpreendeu, e considero este disco o melhor de sua carreira solo at� o momento (incluindo seu �ltimo disco, "Sola Scriptura").

Entretanto, o disco tem seus pontos fracos, e � por eles que come�o. O primeiro e mais evidente: as melodias vocais deste disco n�o t�m l� grande carisma e se tornaram quase comuns se comparadas �s suas composi��es anteriores. Sempre considerei as �timas melodias vocais do Morse como uma de suas caracter�sticas mais marcantes (e aqui n�o levo em considera��o o teor religioso das letras), e esta aus�ncia faz com que n�o exista no disco uma m�sica absolutamente brilhante.

Segundo: apesar de trazer novidades em alguns trechos, em outros o Neal Morse se repete descaradamente. "Sweet Elation" parece ter sido composta para o "Testimony", por exemplo, at� a progress�o � id�ntica.

Terceiro: apesar da menor dura��o do disco, ainda assim h� alguma enrola��o, e o disco poderia ser um pouco mais curto. Depois de uma paulada na moringa, na metade do disco tem lugar uma seq��ncia mais calma, com progress�o lenta e constante at� o cl�max ao final de "Deliverance". O disco poderia acabar a�, mas o Neal Morse tinha que gravar mais uma balada sem-vergonha chamada "In His Presence". Felizmente, ela � salva por um bonito solo dobrado de guitarra, que progride bem at� o verdadeiro final. D� a impress�o que o Morse tinha dois finais na obra e ficou na d�vida sobre qual deveria ser utilizado, ent�o mandou essa marretada...

Seguem agora os pontos positivos que identifiquei, e que por sorte superam os negativos.

Primeiro, como escrevi na introdu��o, eu estava desanimado com a carreira solo do Morse. "Testimony" tem alguns trechos instrumentais brilhantes que primam pelo rock sinf�nico com orquestra��es muito bem arranjadas, mas � longo demais e tem algumas coisas ruins de doer (algumas baladas sem-vergonha, por exemplo). "One" � um disco mais curto, mas nem por isso sem enrola��o. Al�m disso, o Morse adicionou em determinados momentos um som pesado demais pro meu gosto, sem deixar o rock sinf�nico de lado mas com orquestra��es inferiores �s de "Testimony". O resultado na opini�o deste resenhista � um disco apenas razo�vel.

Isso n�o acontece tanto em "?". O disco � ainda mais curto (56:29), mas � composto basicamente por uma m�sica dividida em 12 partes com trechos que s�o revisitados. O Morse � mestre nesse truque, que tamb�m est� presente em seus discos anteriores, e por isso j� est� meio manjado. Por sorte, � exce��o do trecho que comentei acima, desta vez as partes funcionam bem no conjunto da obra, e muitas delas tamb�m funcionam bem isoladamente. Por isso, me parece que a estrutura de composi��o deste disco, apesar de n�o apresentar grandes novidades, representa uma melhora.

Segundo, eu gostei do estilo musical apresentado. Este � um disco de rock progressivo sem tanta �nfase em orquestra��es sinf�nicas, dando lugar a algumas faixas de puro rock. Al�m disso, n�o h� uma grande varia��o de estilos musicais como em "Testimony". H� um trecho mais puxado pro samba-jazz (ali�s, o Portnoy parece n�o ter o swing necess�rio para tanto) em "12", uma seq��ncia mais lenta a partir da segunda metade do disco, mas de resto � rock daqueles que conferem maior coes�o � obra e que deixam o ouvinte satisfeito.

Alguns trechos s�o mais pesados, mas nem tanto quanto em "One", e por isso me agradaram mais. Al�m disso, o Neal Morse adicionou trechos mais marcados e swingados e usa metais de forma mais comedida e n�o t�o estridente quanto naquele disco. Tudo isso faz com que "?" tenha por vezes uma energia que lembra a do "Kindness of Strangers", que apresentava um som moderno por vezes swingado.

Terceiro, a sele��o de m�sicos faz diferen�a. Todos eles contribuem muito bem, e o disco � muito bem executado. Com isso n�o quero dizer que os outros discos n�o tenham sido bem executados, mas cada �timo m�sico imp�e seu carisma, fazendo com que o disco apresente uma varia��o muito interessante.

Meus destaques v�o para a seq��ncia "In the Fire" / "Solid as the Sun" e para "12", que tem progress�es muito bem arranjadas e um solo do Steve Hackett que � mesmo de arrebentar.