Ashtar |
Brasil |
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Revisto por: Gibran Felippe | Nota:7.5 |
N�o � todo dia que nasce num pa�s latino americano bandas correlatas com Gathering, Nexus, Karnataca ou Mostly Autumn, nem calcada em refer�ncias
sonoras irisadas, tendo o folk pesado como prato principal, aliado a toques de metal g�tico e black metal. Pois bem, os brasileiros do Ashtar executam algo exatamente desse tipo. J� na introdu��o temos uma sonoridade inspirada no esp�rito celta, esse pren�ncio nos sons naturais e nas badaladas de "An Oidhche Dhorca" permeiam toda a obra, com sopros de flauta que denotam a ess�ncia dessa cultura. A forma��o do grupo em "Urantia" � dada por: Fernanda Mesquita - vocais, Luiz Garcia - guitarras e flauta, Pedro Salles - baixo, Thiago Guimar�es - viol�o e guitarra, Daniel Dobbin - bateria e Breno Aouila - teclados. Al�m deles, temos como m�sicos convidados Anderson Muniz na gaita de foles, Clota de Oliveira nos violinos, Monika Brehm como narradora do texto na m�sica "Urantia" e Perazzo nas percuss�es de "Arriving At Skye". Essa consistente forma��o possibilitou que tal obra realmente tivesse uma sonoridade diferenciada e com v�rias alternativas dentro do contexto musical proposto. A m�sica "Urantia" (nome c�smico do planeta Terra), apresenta esse vigor e traz � tona, praticamente, todos os elementos que iremos encontrar na sonoridade do grupo durante a audi��o desse trabalho, assim como seu conceito pautado na for�a da Terra, capaz de manter-nos aprisionados como escravos e ao mesmo tempo nos conceder a liberdade. A narra��o chega em tintas �picas muito bem conduzida pela Monika, com belos dedilhados de viol�o ao fundo, numa suavidade regozijante em conjunto com o suspiro da gaita de foles. A quebra dessa estrutura � feita de forma competente com a introdu��o dos teclados e da bateria, surgindo um backing vocals muito belo da vocalista Fernanda Mesquita durante os minutos iniciais da m�sica. "Urantia" � a mais longa m�sica do �lbum, quando a ouvi pela primeira vez no cd, percebi o quanto sua vers�o de est�dio estava diferenciada para a que havia assistido ao vivo. Ali�s, vale a pena abrir um par�nteses sobre a primeira apresenta��o do grupo no Canec�o, nessa ocasi�o quase ningu�m conhecia o trabalho do Ashtar e foi o primeiro contato com a banda. Sinceramente, a impress�o n�o foi das melhores, j� que o Ashtar optou por fazer um show extremamente pesado, talvez pela inseguran�a de deixar a plat�ia entediada com passagens mais ac�sticas. � sempre assim, na d�vida opta-se pelo peso, pela f�rmula mais vi�vel, pela empatia que o metal causa ao p�blico e mesmo sendo a banda principal da noite (Wishbone Ash), aut�nticos expoentes do hard, essa estrat�gia do Ashtar n�o foi muito bem digerida, principalmente pelo p�blico progressivo que l� estava presente, afinal de contas, se tratava de uma banda de um selo de rock progressivo e n�o de metal g�tico. Por conta de algumas manifesta��es, dias depois dessa apresenta��o, criou-se uma pol�mica entre o essencialmente progressivo e o que poderia se misturar a essa ess�ncia em eventos ao vivo, ou seja, muitos chegaram � conclus�o que o prog cl�ssico necessitava de tintas met�licas para arrebanhar um novo p�blico e continuar vi�vel economicamente, afinal de contas, essa era uma tend�ncia mundial e porque o Brasil n�o seguiria a mesma? Outro fator que pode ter gerado o excesso de peso, talvez esteja relacionado �s p�ssimas condi��es de passagens de som que as bandas de abertura sofrem, em qualquer festival do mundo, mas no meu �ntimo creio que isso n�o foi o que de fato ocorreu, sendo o peso um atributo escolhido at� mesmo para quebrar o gelo e o nervosismo de tocar em p�blico pela primeira vez e no palco de uma casa t�o tradicional como o Canec�o. Convenhamos, o Ashtar n�o possu�a a menor experi�ncia para esse evento da mesma forma como ocorrera com outras bandas competentes, tais como o Cactus Peyotes e o Octophera. Foi jogada aos le�es, mas pelo que se ouviu depois, acho que passaram no teste, porque tamb�m tivemos o outro lado da moeda, composto por um p�blico que admirou aquele show. Por conta de n�o ter gostado da barulheira do grupo naquela ocasi�o, demorei para adquirir o cd, mas diante de tantos coment�rios positivos, da ascens�o fulminante do grupo chegando at� mesmo a fazer apresenta��es internacionais com relativo sucesso, fui atr�s para coloc�-lo em minha cole��o e ao ouvir "Urantia" pela primeira vez, como estava dizendo, fiquei completamente aturdido, pois a vers�o de est�dio � muito superior ao que ouvi no Canec�o, mas muito superior mesmo, sendo poss�vel identificar toda a instrumenta��o. As guitarras n�o est�o t�o pesadas e a rigor, possuem at� mesmo pouco destaque durante a m�sica, sendo notada na parte final e com acordes bem delineados e sinf�nicos, nada daquela zoeira ensurdecedora do show, nada mesmo. � verdade que nos �ltimos dois minutos da m�sica temos um certo exagero, por�m o mesmo sofre uma interven��o ac�stica de um viol�o que � absolutamente m�gica e prop�cia, fechando novamente com os vocais da Fernanda. Grande m�sica e um abre-alas adequado para um cd de estr�ia. Vale ressaltar que no Canec�o sequer consegu�amos ouvir o viol�o ou qualquer coisa do tipo e convenhamos que uma banda de folk que se preze deve ter essas passagens ac�sticas em profus�o e no caso do Ashtar elas existem e muito em sua obra, s� n�o foram levadas ao show. "Urantia" � o �nico trabalho do Ashtar at� a concep��o dessa resenha. Pelo reconhecimento que o grupo adquiriu com essa obra, j� era tempo de um novo lan�amento, fico pensando... ser� mais uma das que engrossar�o as estat�sticas dos grupos de um disco s�? A prop�sito, s�o milhares no mundo progressivo. Espero que n�o, pois influ�ncias da cultura celta n�o s�o comuns em terras tupiniquins e ouso dizer que o grupo � �nico nesse estilo em nosso pa�s e isto j� � um grande m�rito. Voltando ao disco, destaco "Druid Dream" que possui um viol�o magn�fico, nesse folk que enaltece a magia dos druidas e seres habitantes das highlands. A flauta tamb�m puxa o carro num rif bem interessante em conjunto com a bateria e o viol�o. Particularmente o que n�o me agrada muito nessa m�sica s�o os vocais da Fernanda, soam muito embolado e sempre que ocorrem andamentos velozes, ela acaba perdendo a for�a de sua voz e o seu ingl�s fica praticamente incompreens�vel, por incr�vel que pare�a nem os vocais guturais incomodam-me, mas n�o entender nada do que a vocalista canta deixa a m�sica confusa, at� mesmo por abordar temas altamente conceituais. "Children Of The Mist" � a m�sica que considero melhor no disco, possui um set instrumental muito denso e bonito, onde o violino imp�e a dramaticidade e tens�o necess�ria na abordagem das guerras dos highlanders, personagens m�ticos da cultura escocesa, imortalizados no filme de mesmo nome que al�ou o fraco ator Christopher Lambert a astro da noite para o dia, muito disso se deve � companhia exuberante de sir Sean Connery na pel�cula. � poss�vel identificar em off, nessa m�sica, ru�dos muito bem colocados de uma batalha campal e aqui a Fernanda desempenha o que considero excelente... suspiros em forma de coral, afinal de contas, a sua voz � muito bela. Necessita apenas ajustar o canto das letras em ingl�s, parece-me que ela n�o fica t�o confort�vel quando est� pronunciando as letras da mesma forma que arrebenta nos seus longos solos vocais, apenas com a sonoridade de sua voz. Pra ficar claro para aqueles que n�o conhecem tal trabalho, quando a Fernanda executa trechos a la Annie Haslam na m�sica "Prologue" o resultado fica excelente! A segunda metade do disco n�o � t�o boa quanto a primeira, principalmente porque a banda descamba para o estilo Evanecense e afins. De qualquer forma, esse vigor tem um p�blico certo e agrada em cheio �queles que curtem essa sonoridade t�pica dos anos noventa. O arqu�tipo da Fernanda Mesquista � semelhante �s vocalistas oriundas das bandas de metal g�tico e black metal da Europa, com longas madeixas negras e lisas, pele muito alva e olhos claros. Esse fator pode ter gerado uma certa empatia cem essa fus�o existente no metal g�tico, sem d�vida outra boa jogada da banda. "Oblivious Scars" e sua tem�tica existencialista possui tais caracter�sticas, sendo conduzida por um rif pesado de guitarra e uma bateria nervosa. O mesmo ocorre em "Nemesis", mas nessa a flauta est� presente na maior parte do tempo e os vocais s�o mais lentos, notando-se que a guitarra cede espa�o para os viol�es durante os cantos da Fernanda. Os teclados incidentais tamb�m est�o muito bons, por�m acho que o grupo poderia explorar um pouco mais as teclas, afinal n�o temos nenhum solo sequer de teclados ao longo do �lbum, o �nico momento de destaque ocorre justamente em "Nemesis" e possui curta dura��o. Outro ponto a se destacar s�o os vocais guturais que aqui n�o s�o mero coadjuvantes e aparecem com destaque nos trechos mais pesados, fazendo um interessante contrataste com o timbre angelical da Fernanda. O encarte est� muito caprichado, contendo a letra e o conceito envolvido em cada m�sica, com destaque para a bela presen�a da Fernanda Mesquita. Mais uma vez fica claro que o seu arqu�tipo em tudo nos remete � s�rie de vocalistas que tanto encanta o p�blico jovem europeu, propiciando a aceita��o do grupo por aquelas bandas. Acredito que o Ashtar tenha iniciado a sua trajet�ria musical de forma oficial com o p� direito, entretanto ainda falta a consist�ncia natural que s� chega com o passar dos anos e novos trabalhos, por isso imagino que o grupo ainda tenha algo mais a dizer e que n�o finde apenas com essa grata surpresa denominada "Urantia". |
Revisto por: Cesar Lanzarini | Nota:6.5 |
Misturando a influ�ncia da m�sica celta com o Rock Progressivo, Folk, Heavy Metal e Hard Rock, a banda carioca Ashtar lan�a seu primeiro trabalho pela Rock Symphony. A banda segue a linha de alguns trabalhos de bandas de prog-metal europ�ias que mesclam o rock pesado com melodias suaves (com direito at� ao bom e velho "grito gutural" assustador em pelo menos uma das m�sicas). Mesmo n�o sendo algo "novo" vale uma audi��o. Destaques para os vocais de Fernanda Mesquista e as letras que abordam temas celtas, Esc�cia e o cosmos.
Uma resposta brasileira ao Mostly Autumn? Talvez, mas n�o t�o neo-progressivo e floydiano quanto eles. |