Wejah

Brasil
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Titulo: Springtime
Ano de Lançamento: 2006
Gênero:
Gravadora: Label n�o informado
Número de catálogo:
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  Revisto por: Gibran Felippe Nota:8.5

Conheci a musicalidade do grupo paulista Wejah, atrav�s do disco "Senda", j� faz algum tempo. Na primeira audi��o, tal trabalho n�o despertou muito meu interesse, estava envolto em v�rias obras pra ouvir e o �lbum acabou passando desapercebido em meio a esse turbilh�o de novas e velhas bandas que nos atemos em audi��es diariamente. Um pouco depois, com calma, coloquei o "Senda" no player e o disco de certa forma foi ganhando espa�o diante das minhas prefer�ncias musicais. Esse fator � muito interessante, pois sempre que ou�o algo que num primeiro momento n�o chama a aten��o, por�m com o tempo produz o efeito de repararmos que se trata de algo realmente bom e atinge o nosso gosto em cheio, considero melhor que ouvir m�sica, onde num instante inicial soa como obra-prima e mais a frente torna-se desinteressante e enfadonha.

Dez anos se passaram entre "Senda" e a �ltima obra de est�dio do grupo: "Springtime". Nesse per�odo a forma��o foi constantemente alterada, restando do time original Jorge Sanchez -baixo e voz e Wladimir Augusto � bateria, juntando-se a eles Nelson Sanchez � guitarras e teclados (participante do projeto embrion�rio Renascen�a, mas que n�o chegou a gravar quando a banda passou a utilizar sua denomina��o atual e permanente), Marcelo Perez � teclados, Luiz Fernando Piriquito � bateria (em substitui��o ao Wladimir durante as grava��es) e Br�ulio Veiga � bateria em "Insanity". O desafio aqui era n�o s� mostrar que o Wejah ainda estava vivo e em plena atividade, como tamb�m manter o n�vel de qualidade do disco anterior.

"Springtime" n�o possui uma refer�ncia �bvia, daquelas que podemos assinalar de imediato. Trata-se de progressivo sinf�nico, mas com in�meras gretas, principalmente pela profus�o de timbres utilizados nas guitarras e teclados. � poss�vel identificar em toda obra tra�os relacionados ao Yes, Jon Anderson solo, Marillion, Pallas, Djam Karet e Kaseke, no caso dos grupos nacionais uma boa refer�ncia sonora s�o os cariocas do Aether. O Wejah coloca todos esses elementos num caldeir�o e o resultado � uma iguaria fina, que pode ser degustada solo ou com um grupo de amigos, sem maiores preocupa��es com afeta��es t�picas do excesso de experimentalismo, metal ou com o glac� pop que estragam muitas obras da nova gera��o. O grupo consegue atrav�s de um termostato muito bem regulado, o equil�brio sonoro para agradar quem est� somente atr�s de um bom, escorreito e impoluto rock progressivo, nada al�m disso.

A composi��o de abertura "Beginining Of Life" � pautada na levada quebrada do Wladimir Augusto, gosto muito desse baterista, considero um dos pontos altos do grupo, possuindo uma categoria fortemente acentuada que remete ao mestre Bill Bruford, lament�vel que ele tenha deixado a banda durante a concep��o desse trabalho. Outro destaque � a guitarra limpa do Nelson Sanchez e tamb�m suas incurs�es incidentais ao teclado, vale ressaltar que o tecladista Marcelo Perez s� aparece na terceira m�sica do disco. Os vocais de Jorge Sanchez possuem um qu� de Fish e tamb�m de Alan Reed, principalmente nos momentos de maior for�a. Na sequ�ncia, ainda com a mesma forma��o, temos um set instrumental "First Spring Flower" com vocais epis�dicos a la Jon Anderson por demais agrad�veis, destaca-se tamb�m a marca��o suingada no baixo, aqui em primeiro plano ante a guitarra.

"Insanity" traz a presen�a de um tecladista fixo e esse fator contribui para que o grupo amplie sua plataforma musical, onde a guitarra pode solar a vontade, j� que a cozinha est� completa. A letra � melanc�lica com contexto musical sinf�nico, t�pico de grupos dos anos oitenta como Marillion e Pallas. O tecladista Marcelo Perez mostra grande talento em camas ac�sticas com timbres de piano, da mesma forma que sola com desenvoltura nos synths, conduzindo de forma equilibrada a altern�ncia entre esses elementos conforme o desenvolvimento musical, trata-se de um componente que acrescentou muito durante todas as m�sicas que participou do "Springtime". O destaque negativo fica para a bateria do Br�ulio Veiga, extremamente burocr�tica e pouco inspirada, chegando ao ponto de incomodar de fato, v�rias situa��es que mereciam uma boa virada, passaram em branco, dando saudades do Wladimir.

Algo que sempre noto quando ou�o o �timo �lbum "Senda" � que falta uma m�sica de refer�ncia, aquela que n�o seja necessariamente a melhor, mas a mais marcante, uma longa su�te ou algo parecido, que tenha um apelo forte a ponto de ficar na mente das pessoas. "Springtime" possui essa refer�ncia, � a m�sica "North, South, East and West", sem d�vidas o ponto alto do disco, com in�meras varia��es, solos de guitarra, de baixo, de teclados, a bateria de Piriquito marca adequadamente e tamb�m supera tranquilamente a anterior. Imposs�vel ficar alheio ao dedilhado de guitarra da introdu��o, assim como a virada dos teclados na metade da m�sica, respons�veis por uma guinada sonora supreendente. Mesmo com seus nove minutos, a sensa��o que fica � que foi interrompida antes da hora, estava fluindo t�o bem que poderia continuar navegando por outros mares sonoros para regozijo dos ouvintes...

"Bragdah" e "Box Of Surprises" retoma a forma��o das duas primeiras m�sicas, sem os teclados de Perez e com o retorno do Wladimir Augusto na bateria. Com essa forma��o ocorre um ajuste bem distinto com rela��o � anterior, a marca��o � mais jazzy, tanto pela bateria, quanto do baixo, permitindo alguns momentos que se aproximam de aut�nticas jams, onde a cada instante um instrumento perfila-se em primeiro plano, lembrando os melhores momentos do Djam Karet e da long�qua banda da Est�nia - Kaseke. Esse fator � extremamente atraente, porque possibilita a fuga do lugar comum e a banda soube aproveitar de forma coerente as caracter�sticas de cada forma��o, sem passar a id�ia de desarmonia ou de m�sicas completamente antag�nicas num mesmo �lbum, mesmo sendo percept�vel tal distin��o. O fato de n�o inclu�rem todas as m�sicas da forma��o em trio de uma s� vez, foi uma sacada e tanto, ou seja, essas m�sicas fazem parte da abertura e depois do encerramento, caso contr�rio, se fossem dispostas na sequ�ncia normal, poderia soar como "banda 1" e "banda 2" no mesmo disco de um �nico grupo, algo que n�o acontece de fato durante a audi��o completa do "Springtime".

O grupo encontra-se numa fase promissora, buscando espa�o atrav�s de shows pelo Estado de S�o Paulo, e tamb�m pela possibilidade de belas parcerias; e todos que curtem um aut�ntico rock progressivo e os que est�o em busca de rock um pouco al�m do trivial, est�o torcendo para que o esfor�o herc�leo de congregar esse estilo t�o conspurcado pela m�dia, germine frutos maduros num futuro pr�ximo.

P.S. Resenha dedicada ao m�sico Jorge Sanchez, pois sem a colabora��o do mesmo, n�o seria poss�vel conceb�-la.