Solar Project

Alemanha

Titulo: The House Of S. Phrenia
Ano de Lançamento: 1995
Gênero: Progressivo
Gravadora: Rock Symphony
Número de catálogo:
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  Revisto por: Gibran Felippe Nota:9.0
A cena progressiva alem� dos anos noventa n�o foi t�o f�rtil quanto a de outros pa�ses, principalmente It�lia, Inglaterra, EUA e Su�cia, mas se teve alguma banda que manteve a s�lida tradi��o germ�nica adquirida no �ureo per�odo setentista, essa atende pelo nome de Solar Project. Marcada por uma forma��o numerosa, o grupo manteve seus principais nomes e atributos ao longo dos anos e continua na ativa a pleno vapor, com seu �ltimo �lbum "Chromagnitude", lan�ado em 2007.

Em "The House Of S. Phrenia", seu terceiro disco de est�dio e para a maioria de seus admiradores, o melhor, o grupo desenvolve um tema conceitual pautado nos andares de um determinado edif�cio, extremamente psicod�lico e on�rico. � medida que os andares v�o se sucedendo por interm�dio do elevador, novas e variadas situa��es v�o acontecendo, com o surgimento dos personagens que comp�em a hist�ria e quanto mais distante do ch�o, maior � a sensa��o de liberdade musical imposta pelo Solar Project, at� desaguar no cl�max de "F. Power", um dos grandes momentos desse �lbum, com a celebra��o da chegada ao para�so marcado pela beleza das flores. Aqui a banda presta uma justa homenagem � gera��o flower power, que atrav�s da sua cultura e arte influenciou milhares de jovens mundo afora nos anos sessenta e setenta e mostrando que dentre todos os tenebrosos andares, o melhor realmente � cutlivar os preceitos da pr�pria gera��o flower power.

A forma��o em "The House Of S. Phrenia" � vasta, contando com a participa��o de diversos m�sicos: Det Maurer, Andre Teikhoff, Stefan Mageney, Anja Kiechle, Olaf Kobbe, Holger Von Bruch, Aneli Claus, Lorena Espinoza e Allison Blizzard - todos nos vocais, Christian Razborsek - guitarras e vocais, Sonja Mischor - flauta e vocais, Klaus Hoffmann - c�tara e vocais, J�rg Weweries - baixo, Andreas Bracht - baixo, Tim Isfort - contrabaixo, Wolfgang D�hr - guitarra, Hans Lammert - piano, J�rgen Wimpelberg - hammond, al�m do trio principal, presente em todas as m�sicas; Volker Janacek - bateria e vocais, Robert Valet - teclados, guitarra e vocais e Peter Terhoeven - guitarra e vocais. Pela quantidade de vocalistas, pode-se imaginar o quanto o grupo explora esse recurso, que sempre surte um efeito muito positivo e vibrante na musicalidade do Solar Project, contrastando com os momentos de melancolia, intimamente relacionados � bela guitarra de Terhoeven, outro disc�pulo de David Gilmour que possui um feeling matador.

O �lbum se inicia com "J. Anitor", onde a ascensorista prenuncia a chegada ao apartamento de Mr. Anitor e uma levada psicod�lica toma corpo ao fundo, mas a viagem est� apenas come�ando e no segundo andar o grupo mostra seu perfil de vez com "S. Phrenia", corruptela para esquizofrenia, pois nesse andar a personagem extravasa por completo suas m�goas e decep��es por viver num mundo t�o cheio de problemas e complica��es - "Radioactivity corrodes man, cancer spreads and people slowly die". A m�sica � muito envolvente tendo tr�s pontos a destacar: os vocais de Det Maurer s�o perfeitos, uma aula de como se cantar rock - precis�o, afina��o e alma; o refr�o entoado pelos backing vocals femininos - "schizophrenia" s�o de arrepiar e por fim, o solo espetacular de guitarra de Peter Terhoeven nos minutos finais, de rasgar a alma com timbre semelhante ao de David Gilmour, ficando clara a influ�ncia do guitarrista na sonoridade do grupo e consequentemente do Pink Floyd. Vale ressaltar a qualidade das letras do grupo, s�o um dos melhores de sua gera��o nesse quesito, provavelmente tendo como inspira��o m�xima o mestre Roger Waters.

Em "R. Fire" os belos solos de guitarra continuam dando as cartas, aqui divididos entre Peter Terhoeven e Wolfagan D�hr, a entrada da c�tara fazendo uma base muito interessante prenuncia o teor cosmopolita do grupo, abordando diversos ritmos, com destaques para passagens cantadas em espanhol por Lorena Espinoza. Essa acentua��o hol�stica do grupo ficaria mais acentuada no trabalho posterior, intitulado "In Time". A influ�ncia de Roger Waters n�o fica apenas restrita �s letras, a sonoridade do l�der do Pink Floyd fica latente no quarto andar com "G.Mania", outra corruptela ir�nica para a obsess�o humana em mapear o genoma, em fazer experi�ncias cient�ficas que muitas vezes alteram a composi��o natural dos seres vivos em busca de alimentos perfeitos ou curas milagrosas e quase sempre com efeitos colaterias catastr�ficos. A m�sica se desenvolve com um blues rock, vocais femininos e narrativas em off, caracter�sticas marcantes na carreira solo de Waters.

Por se tratar de uma banda alem� com caracter�sitcas ligadas ao space rock, obviamente que n�o poderia deixar de beber na fonte dos maiores astros alem�es dessa cena. "C.Chaos" possui acentua��o voltada para o Eloy, fase "Time To Turn", devido � base de baixo e mais notadamente a tecladeira espetacular de Robert Valet. Talvez a melhor letra do disco esteja aqui e vale ressaltar uma passagem: "The Yankees start the napalm show/You are a witness of the apocalypse now/Colonel Kurtz ponders on time and love/Eschatology - you get enough/But then - the sun comes back/The return of Big Mac/This is the next heart attack/Back to the final part".

Se "The House Of S. Phrenia" j� estava muito bom, diria que o promont�rio de tal obra chega com a sequ�ncia final e as m�sicas "G.Arret", "S. Phrenia II" e "F. Power", todas repletas de varia��es, a primeira com um solo de guitarra muito bonito, a segunda com dedilhados de viol�o que imp�em a dramaticidade exata para os vocais lamentosos de Anja Kiechle, mas o destaque absoluto fica mesmo para a passagem monumental da flauta de Sonja Mischor, fazendo-me perguntar, porque a banda n�o explorou mais esse recurso. Ao fim dessa m�scia temos a seguinte anuncia��o: "the only answer is Flower Power" e segue o �pice do disco, com uma su�te arrasadora composta por tr�s movimentos que seguem do oitavo ao d�cimo e �ltimo andar com dura��o aproximada de vinte e dois minutos. Aqui � muito dif�cil ficar parado e n�o cantar junto com o grupo o envolvente refr�o: "We are in paradise, in nature/In the kingdom of flowers/Flower power, you make it true", Robert Valet mostra-se extremamente inspirado nos teclados e pilota um hammond com grande compet�ncia. Interessante que quando os membros do Solar Project resolveram reinventar o Abacus, no trabalho "Fire Behind Bars", banda alem� cl�ssica dos anos setenta, Robert Valet teve uma presen�a muito burocr�tica e mal tocou teclados, deixando-os a cargo J�rgen Wimpelberg e o resultado final ficou muito aqu�m dos discos do Solar Project, apesar da grande similaridade entre ambos. Outra curiosidade � o longo intervalo de sil�ncio ao t�rmino do disco, provavelmente uma alus�o cr�tica a tantas mazelas que existem em nosso planeta, com a consci�ncia de que praticamente todas s�o consequ�ncia das desventuras humanas.

"The House Of S. Phrenia" foi lan�ado no Brasil e j� est� com edi��o esgoatada, entrando para o rol dos discos cults em terras tupiniquins e para aqueles que curtem Pink Floyd, Roger Waters, Abacus e Eloy trata-se de um belo aperitivo, mas pode ser servido como prato principal sem maiores riscos e com satisfa��o garantida. Comprove!