IQ |
Inglaterra |
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No início dos anos 80, o movimento progressivo estava praticamente morto, dando sinais de esgotamento. As grandes bandas estavam em crise, algumas chegando ao fim, outras mudando de estilo.
Pois foi no meio desta tempestade que, em 1981, dois amigos que faziam parte da recém extinta banda The Lens resolveram seguir em frente na música, e partir para outro projeto. Eram o guitarrista Mike Holmes e o tecladista Martin Orford. Verdadeiros virtuoses em seus instrumentos, eles recrutaram o baterista Mark Ridout, e mais tarde, o baixista Tim Esau (abaixo, no violão) , e formaram o IQ. O novo grupo já criara várias composições, e tão logo se juntaram, trataram de gravar suas primeiras demos. A sua proposta musical consistia inicialmente a mesclar vários estilos musicais num só, sempre com uma temática progressiva. Com o tempo, uma certa influência do Genesis tomou conta da banda. No início, os temas eram basicamente instrumentais. O vocal, quando havia, ficava a cargo de Martin Orford. Mas todos achavam que a banda precisava de um cantor com uma voz mais forte. O próprio Martin preferia ficar mais concentrado nos teclados. E eles acabaram encontrando em um velho conhecido o cantor que procuravam: Peter Nicholls era amigo de Martin e Mike, e chegou a fazer parte do Lens por um tempo. Pouco mais de 1 mês após a entrada de Peter, Mark deixou o grupo, sendo substituído por Paul Cook. Com uma formação estável, o grupo fazia vários shows pela Inglaterra, e nestes shows, vendia seu primeiro lançamento : uma fita cassete com 8 músicas, intitulada Seven Stories Into Eight. Eram os primeiros registros de estúdio do grupo, em gravações caseiras de média qualidade sonora. Mas as músicas eram excelentes, o grupo mostrava uma grande força desde os primeiros dias. A entrada de Peter reforçou as influências de Genesis no som do grupo. Sua voz lembra bastante a de Peter Gabriel, e além disso, ele também utlizava máscaras e fantasias, em representações teatrais. Em 1983, eles lançam seu 1º lp por uma gravadora, a Samurai. O disco, Tales From the Lush Attic, é muito bem recebido, e chama a atenção de muita gente : havia sangue novo no desgastado mundo progressivo britânico. Apesar da semelhança com o Genesis, havia algo de novo no som do IQ. A temática progressiva parecia ter encontrado um meio de seguir em frente, de soar atual. A popularidade da grupo aumenta, e em 1985 eles lançam o aclamado The Wake, considerado pela crítica como um dos melhores álbuns de rock progressivo da década. O sucesso foi grande, e vital para o estilo. Depois de algum tempo, eram vistos jovens em shows de uma banda progressiva, era uma nova geração descobrindo o estilo. Mas esta popularidade sofreria um abalo, ainda em 1985 : Peter Nicholls deixou o grupo, após vários desentendimentos com os outros componentes. A saída de Peter foi preocupante. Ele havia se transformado na figura central do grupo, com sua voz melódica, dramática, e sua performance no palco. E também era o autor de quase todas as letras. Além disso, sua saída se deu justamente no momento em que o grupo estava no auge, se estabelecendo como um grande sucesso não só na Inglaterra, mas também por boa parte da Europa. Mas eles encontraram rapidamente um substituto : Paul Menel. Com uma voz muito forte, e parecida com a de Nicholls, Paul também passaria a ser o letrista da banda. Ele entrou e a banda logo seguiu com a turnê. E lançou um álbum duplo, quase todo gravado ao vivo no estúdio, para apresentar ao público seu novo cantor. E realmente impressionou com a semelhança da voz dos dois. Este álbum, Nine in a Pond is Here, foi lançado de forma independente, e era vendido nos shows, numa manobra similar ao que aconteceu com Seven Stories Into Eight. O ano de 86 foi curioso na carreira do grupo : enquanto fazia vários shows com seu novo cantor, a gravadora, à revelia, lançava Living Proof, álbum ao vivo gravado em maio do ano anterior, ainda com Peter Nicholls à frente da banda. E este álbum acabou se tornando um clássico para os fãs. Apenas em 87 sairia o 1º álbum de estúdio do IQ com Paul Menel nos vocais : Nomzamo. O álbum mostrava uma verdadeira mudança na sonoridade do grupo : estava muito mais acessível, bem mais pop. Mas ainda haviam belas composições, a banda mostrava que estava bem neste novo caminho. E além disso, havia ainda alguns temas bem progressivos, como a maravilhosa Human Nature. Em 1989, foi lançado Are You Sitting Confortably , e seguiu-se uma longa excursão ao lado de Mike & the Mechanics, que percorreu toda a Europa. Apesar da qualidade deste álbum, e da turnê que fizeram, porém, as coisas não estavam muito bem. No final deste ano, a gravadora despediu o grupo. Desanimados e sem esperanças no futuro da banda, Paul Menel e Tim Esau decidiram sair. Foram tempos difíceis, em que a banda esteve muito perto de acabar. Mas, após um tempo parados, resolveram tocar novamente o barco. Recrutaram um velho amigo, Les Marshall, para o baixo, e Martin voltou a fazer os vocais, por pouco tempo. Até que a banda reencontrou-se com Peter Nicholls, e começou a ensaiar uma volta. Neste período, a morte de Les entristeceu a todos, e acabou unindo-os ainda mais. Foi neste clima de pesar, mas com uma grande determinação, que eles recrutaram outro baixista, Jon Jowitt, e seguiram em frente. Em 1993, lançaram Ever, aclamado por público e crítica como um dos melhores trabalhos de toda a carreira da banda. O álbum mostrava que o grupo voltara ao som puramente progressivo dos primeiros anos. E o público recebeu muito bem a volta de Peter. Após o lançamento de Ever, a banda realizou, em fim, sua primeira turnê mundial. Os primeiros shows nos Estados Unidos foram apoteóticos. A banda estava definitivamente de volta, e mais forte do que nunca. Em 96 foi lançado Forever Live, CD duplo ao vivo, com músicas de todas as fases, num excelente resumo da sua carreira. Este álbum também foi lançado em vídeo, aproveitando as filmagens do show, realizado na época do lançamento de Ever. Em 1997 lançaram Subterranea, um cd duplo conceitual, considerado por muitos como o melhor trabalho da carreira da banda. Aqui eles confirmam o amadurecimento que já se percebia em Ever : o grupo possui uma sonoridade própria, mais calma do que nos tempos antigos. O ano seguinte veria o relançamento de Seven Stories Into Eight, totalmente regravado pela banda. Há anos o público cobrava da banda o relançamento deste histórico álbum, que só existia então em formato cassete, e só era vendido nos shows. E estava fora de catálogo desde 1984. No início, a idéia era remasterizar as gravações originais. Mas, ao analisar os velhos tapes, eles concluíram que era impossível, devido à fraca qualidade sonora das fitas, algumas deterioradas pelo tempo. Então, tomaram a decisão de regravar todas as músicas. Procurando manter os arranjos originais, eles então regravaram as 8 faixas, e ainda acrescentaram uma a mais (Eloko Bella Nucki). O Cd foi lançado com o nome de Seven Stories Into 98, e algumas versões incluem um Cd bônus com as gravações originais, restauradas a partir de uma das cópias do cassete que o grupo ainda tinha em mãos. Após quase 20 anos, ainda era impressionante a força das antigas obras que compõem este álbum , como Fascinacion, It All Stops Here e For Christ's Sake. Em 99, foi lançado The Lost Attic, uma coleção de gravações raras, músicas inéditas e versões alternativas de vários sucessos do grupo. Uma obra que impressiona pela qualidade de seus temas, ao contrário de muita coletânea caça-níqueis que é lançada por aí. Em 2000, a banda retorna com o lançamento de Subterranea : The Concert, aonde todo o álbum é executado na íntegra ao vivo. E no fim do ano, lança mais um disco de estúdio, The Seventh House. A pouca divulgação prejudica a repercussão deste excelente álbum, mais um clássico desta banda incansável. Dele podem ser destacadas a emocionante e apoteótica faixa título, Zero Hour e Erosion. Seguiu-se uma turnê pela Europa, o IQ celebra seus 20 anos de carreira em shows que têm emocionado os fãs. Num show dessa época, o ex-baixista Tim Esau se juntou aos antigos companheiros para tocar as músicas The Wake e Headlong, e ainda houve um medley de músicas dos tempos do Lens. Esse material acabou sendo lançado em DVD : IQ20. O mais recente lançamento de estúdio do grupo foi Dark Matter, de 2004. Mais uma grande obra, este álbum acabou sendo o último da banda com o baterista Paul Cook e o tecladista Martin Orford, que a deixaram algum tempo depois, em momentos distintos. A banda, porém, segue ativa, e já andou até fazendo shows com nova formação, e algumas novas músicas. Todavia, por enquanto, não há previsão de lançamento de um novo álbum. |