Affinity |
Inglaterra |
Na primeira metade dos anos 60, um grupo de músicos com fortes influências de jazz começou a tocar junto na universidade inglesa de Sussex. A universidade tinha uma espécie de pequena cena musical, com destaque para dois grupos : The Baskervilles e The Jazz Trio. O primeiro era um grupo pop. O segundo, um trio que tocava jazz acústico, e era formado pelo baixista Nick Nicholas, o baterista Grant Serpell, e o pianista Lynton Naiff. Seu repertório era basicamente composto de standards de jazz tracidional. Mais tarde, o baterista foi substituÃdo por Mo Foster, um baixista que aprendeu bateria para ajudar a completar a banda, pois não haviam bateristas disponÃveis na faculdade. O contato direto com os demais músicos locais acabou resultando, aos poucos, numa fusão de influências. A formação se completaria no inÃcio de 1968 com as seguintes mudanças : o retorno de Grant Serpell à bateria, a mudança de Mo para o baixo, a chegada do guitarrista Mike Dopp (dando o toque roqueiro à banda), e principalmente, a chegada de uma excelente cantora : Linda Hoyle. O som do grupo era um verdadeiro caldeirão de estilos. A voz de Linda tinha um forte apelo soul e influências de blues. Os teclados de Lynton eram outro diferencial, principalmente seu órgão Hammond. Juntava-se a isso a ótima cozinha de Mo e Grant, dando um ar jazzÃstico ao som, e as guitarras de Mike, que iam do melódico ao hard. E para completar, uma cama de metais que surgia do nada, enriquecendo ainda mais os arranjos. Esta banda lançou, durante seu pouco tempo de atividade, apenas um lp, auto-intitulado, em 1970. Algum tempo depois, perderia quase toda a sua identidade com a saÃda de Linda e Lynton. Linda gravaria algum tempo depois um disco solo : Pieces of Me, e depois sumiu do meio musical. Os músicos remanescentes ainda tentaram continuar, recrutando a vocalista Vivienne McAuliffe e o tecladista Dave Watts. Chegaram a gravar o que seria o esboço de um segundo disco, porém logo no inÃcio da turnê a banda entrou em crise, e se separaria de vez em 1972, sem chegar a lançar novo material. Décadas depois, o advento da internet começou a tirar do baú vários nomes pouco conhecidos do rock progressivo dos anos 70, e o nome do Affinity veio novamente à tona. Hoje, existem 4 cds da banda no mercado : um com os primeiros registros de 1965 a 67, na época em que eram ainda um trio de jazz (muitÃssimo interessante, por sinal); outro com apresentações ao vivo em 69 (sem Linda, que estava doente na época); o próprio disco de 1970 (com 8 faixas bônus, entre elas duas músicas posteriores ao disco, muito boas também); e ainda há um cd com os registros da segunda formação da banda, que mostrou que a vocalista Vivienne McAuliffe (já falecida) tinha uma excelente voz. Por fim, vale recomendar também o único registro solo de Linda Hoyle : Pieces of Me. Embora não seja um álbum ligado à música progressiva, trata-se de uma excelente obra, que mostra mais do talento e versatilidade de Linda, que passeia tranquilamente pelo blues, soul, rock e jazz, com uma cozinha de respeito, formada por membros da banda Soft Machine (entre eles o tecladista/soprista Karl Jerkins, que co-escreveu a maioria das canções do álbum com Linda). Texto : Marcello Rothery |