Para uma banda tão nova é até estranho dizer que é muito difícil falar sobre o passado do Jadis pré anos 90. O próprio guitarrista e fundador Gary Chandler parece nào querer falar muito sobre isso, dando ênfase à grande musicalidade da formação atual (no que está correto). No entanto, o grupo tem uma estória bastante comprida antes de chegar ao seu aclamado primeiro CD, o hoje tido como clássico More than Meets the Eye.
Na verdade, a trajetória inicial do grupo vem bem do início dos anos 80, sendo eles um dos autênticos representantes do nascimento do movimento neoprogressivo, apenas gravaram mais tarde que a maioria. O grupo foi formado em 1982 em Southampton por Chandler, o baixista Trevor Howkins e o baterista Mark Ridout (ex IQ e The Lens). Em 86 estriariam, como tantas outras bandas, através de um fita, Baboon Requires. Em 86 lançariam outra, com duas músicas (Out of reach e G13) já contando com um tecladista, Peter Salmon. Outras duas fitas seguiriam em 88.
Mais ou menos nessa época o grupo veria Ridout ser substituído por Mark Law. O grupo tem sua grande chance quando é chamado para abrir para o maior sucesso do neoprogressivo até então, o Marillion (durante a tour de promoção do LP Clutching At Straws). Steve Rothery, guitarrista do Marillion, deu uma força maior ainda se voluntariando para produzir algumas demos que, no entanto, não foi suficiente para garantir um contrato de gravação. O grupo então se separa em 89.
Uma curiosidade: apesar de certas fontes afirmarem que o grupo teria gravado seu primeiro LP em 89, dando inclusive o nome da gravadaora (Jadis, 1990, Backbeat), tal disco nào é mencionado em nenhum distribuidor, nacional ou internacional, nem mesmo no site oficial da banda. Provavelmente devem ter pego informações de um provável contrato na época das demos (que sairiam como um CD bônus na reedição remasterizada do More Than Meets the Eye). Tal disco parece nunca ter existido de fato.
Em 90 Chandler retorna com um line up completamente diferente: o excelente baterista Steve Christley, o baixista Nick May (ex Dagaband) e o IQ Martin Orford (teclados, flauta, backing vocals).. O grupo também seria um dos primeiros contratados do selo independente Giant Electric Pea (GEP), do qual Orford foi um dos fundadores.
More than Meets The Eye foi lançado em 1992, mas na época da gravação May já nào estava na banda e o IQ John Jowitt foi convidado para o seu posto. Jowitt acabaria sendo efetivado oficialmente pouco depois, e tocaria na maioria dos lançamentos do grupo nos anos 90, junto com Orford, mas na capa do disco é creditado como músico convidado ainda.
O disco ainda é considerado por muitos fãs como o melhor da carreira do Jadis, embora a banda, ao contrário da maioria de seus contemporâneos, sempre primou por uma qualidade ímpar em todos os seus discos até hoje, sem fazer quaisquer concessões, para comercialismos. No entanto, nào deixa de ser verdade que o primeiro disco é o que mais se aproxima do neoprogressivo como o conhecemos no início dos anos 80, já que o grupo mostraria uma notável evolução durante os anos seguintes, acrescentando mais influências e versatilidade dentro da sua forma de compor.
More than Meets the Eye é considerado um clássico do neoprogressiov, ainda que seja um clássico tardio. Embora nào tenha sido lançado nos anos 80,. É sempre mencionado como uma referência do movimento. Talvez seja a maior prova que o ditado antes tarde do que nunca é uma verdade incontestável. A maioria das músicas sobreviveu ao teste do tempo e até hoje o grupo toca a maioria delas nos seus shows.
O disco seguinte, Across The Water (1994), ganharia vários prêmios como o melhor disco de música progressiva daquele ano e confirmaria o status da banda como uma das grandes novidades dla década. Mantendo a formação do disco anterior, traz clássicos absolutos como Daylight Fades e Touch.
No entanto, pouco depois disso o grupo teve que se despedir de Martin Orford e John Jowitt, muito ocupados com o retorno do IQ, outra lenda do progressivo. Para os seus lugares foram requisitas Mike Torr (teclados) e Steve Hunt. O resultado foi o CD Somersault (1997), um disco um pouco mais intrincado, com mais influências jazzísticas e menos melódico que os anteriores. Da tour que se seguiu a este álbum saiu o ótimo ao vivo As Daylight Fades (1998).
Felizmente o CD seguinte marcou a volta de Orford e Jowitt, que passaram desde então a dividir seus serviços entre o Jadis e o IQ, Understand (2000) mostrou o grupo voltando ao som dos dois primeiros tempos e foi muito bem recebido. A ele se seguiu um CD reunindo faixas raras e demos, Medium Rare (2001) e outro ao vivo Live Outside (mesmo ano).
Para o lançamento de Fanatic (2003), o grupo gravou uma apresentação na Polônia, que resultou no excelente DVD ao vivo View From Above que foi novamente muito bem recebido e ajudou a divulgar o nome do Jadis mais ainda. Em 2006 a banda lançou o seu mais recente CD, Photoplay, onde Chandler utilizou composições mais pesadas, o que dividiu os fãs, muitos preferindo o estilo mais progressivo dos CDs anteriores. Pouco depois Orford anunciaria sua saída do Jadis (e, tempos depois, também do IQ).
Tarcísio B. Moura
