O ELO, junto aos Beatles, está entre as minhas bandas - Pop-Rock - Favoritas. Banda inglesa nascida das cinzas de outra banda bem famosa nos anos 60, o "The Move". Liderada então por Roy Wood, o Move foi uma importante banda de pop-psicodélico, que dividiu o palco do lendário clube "UFO" de Londres, entre 1966 / 1967, com outras bandas como o Pink Floyd (fase Syd Barrett), Soft Machine, Jimi Hendrix, entre muitos outros artistas e bandas que marcaram o clube com suas apresentações lendárias.
Roy Wood , guitarrista e vocalista da banda, e mais o baterista Bev Bevan, foram as peças chave para o The Move desenvolver a sua carreira no concorrido cenário do rock inglês dos anos 60. Junto a Wood estavam também o vocalista Carl Wayne e o baixista Rick Price. Quando os Beatles iniciaram a sua guinada para um pop mais sério e experimental a partir de "Rubber Soul" (65), passando por "Revolver" (66) até desembocar no mitológico "Sgt Peepers" (67) e continuar em "Magical Mistery Tour”, estava provado que a musica pop não era mais a mesma. O pop ingênuo do início da carreira dos Beatles e tantas outras, estava dando o seu adeus.
Muitas guinadas estavam sendo dadas na musica nesta época: os Beach Boys apareceram com o clássico “Pet Sounds"; o Pink Floyd com o psicodélico e igualmente clássico "The Piper Gates Of Dawn”; “The Who” com o duplo e conceitual "Tommy" introduzindo o conceito ópera-rock. Isso sem falar do outro lado planeta (E.U.A), onde surgiam Jimi Hendrix, Janis Joplin, Doors, Bob Dylan, figuras que também renovavam a musica pop feita lá. Dylan, por exemplo, até então tocava a sua tradicional musica folk, ao se apresentar de guitarra em punho em um show de 1966 causa um alvoroço, sendo mal recebido e vaiado no palco.
O fato era um só: o pop era, agora, algo sério. Roy Wood foi um dos muitos músicos ingleses que ficou fascinado com a guinada experimental pela qual passava a musica pop nessa época, e começava a se cansar do pop burocrático do Move; ele queria mais. Ao ouvir "I Am The Walrus" dos Beatles, ele decide montar uma banda que continuasse a fundir o rock com a musica barroca, erudita e clássica. Ele declarou, ao formar a ELO: “Queremos continuar de onde I am The Walrus parou”. Roy Wood comunica aos colegas da banda sobre esse projeto, e quem cai fora é o vocalista Carl Wayne. Wood precisava urgentemente de outro cantor e também guitarrista que se juntasse a ele nessa nova banda. Bev Bevan, baterista do Move, indica Jeff Lynne, guitarrista e cantor. Mas Lynne já tinha a sua própia banda pop, a "Idle Race", e não aceita de imediato o novo projeto de Wood.
Wood insiste, convida Lynne para uma audição de sua nova banda, e faz mais que isso: pede que Lynne se junte ao Move, já que a banda ainda tinha contrato de shows e gravações a cumprir. Após gravar alguns discos com o "Idle Race", Lynne aceita juntar-se ao "The Move" no fim dos anos e 60, e grava com a banda nos seus 2 últimos discos.
O The Move , inicio dos anos 70 , já reduzido á Lynne , Wood e Bevan .
Paralelamente a isto, Wood e Lynne já iniciam o projeto da banda "Electric Light Orchestra" recrutando jovens músicos, como Hugh Mcdowell, Andy Craig, Mike Ewards nos cellos, Steve Woolan nos violinos, e Bill Hunt nos Sopros.
ELO- Line-Up-Original !!!
Rick Price, o então baixista do Move, chega a gravar as suas partes de baixo no álbum de estréia do "ELO", mas Wood apaga todas, e ele e Lynne é quem fazem os baixos do disco. Rick Price acaba caindo fora oficialmente do projeto.
O "ELO" inicia as suas apresentações entre 1971 e 1972. Richard Tandy, que futuramente seria figura importantíssima dentro da banda, entra inicialmente para ser o baixista nos shows, não chegando a tocar no primeiro álbum.
As primeiras aspresentações da ELO em 1972
A formação-completa da ELO l , que tocava na tour do primeiro-disco da banda em 1972.
Chamado simplesmente de "Electric Light Orchestra", a estréia do grupo é lançada oficialmente em 1972. Apesar de Roy ser o mentor da banda, é de Lynne grande parte das canções do disco, assim como o seu único sucesso real: "10538 Overture", nitidamente influenciada pelo pop sinfônico dos Beatles de "Sgt Peppers". As demais músicas do disco eram por demais herméticas, com arranjos intricados e (acima de tudo) com um forte teor experimental, salvando-se raras exceções como "Mr. Radio" - cantada por Lynne, ou "Whisper In The Night" de Wood. O que não diminuía em nenhum momento a qualidade dessas músicas, mas o fato é que elas não caíram nas graças do público. Ainda que o rock progressivo em 1972 já estivesse a mil por hora com bandas como Yes, ELP, King Crimson, musicalmente o álbum de estréia da banda não atingiu o público alvo, como sonhava Wood.
O Primeiro-Album da ELO ,de 1972 , também conhecido como " No Answer " e que continha a famosa-lâmpada que tornnaria-se simbolo da banda durante alguns anos .
Este primeiro disco do ELO é de fato o mais radical de sua carreira, e musicalmente é um mix de pop, sinfônico, Beatles, progressivo, psicodelismo e musica de vanguarda. O ELO em suas primeiras apresentações, ainda em 1972, fez mais uma tentativa que se mostrou frustrada. Ainda era impossível na época reproduzir, ao vivo, toda a sofisticação do material de seu disco de estréia. Ainda era estranho uma banda tocar com cellos e violinos no palco e o som parecia ser por vezes muito ruidoso e pouco agradável mesmo na época. Algo já não ia bem no ELO original.
Wood, desapontado com as frustradas apresentações, abandona o grupo em junho de 1972, levando consigo Bill Hunt e Hugh Mcdowell. Outro fator importante que foi decisivo para essa formação inicial do ELO não dar certo foi a famosa briga de egos que se travou no íntimo dos seus dois líderes Wood e Lynne, dois excelentes compositores que já apontavam visões diferentes sobre o queriam desenvolver com a musica pop.
Como ficou comprovado com o tempo, Wood era o lado mais experimental e porra-louca do ELO. Em muitos de seus discos-solo, iria experimentar diversas linguagens dentro do universo pop, utilizando diferentes formações e instrumentos em sua banda. Wood montaria big-bands com muitos metais em sua banda, gravando o que viesse à sua cabeça. Se mostrando mais ousado, crítico e irreverente de que seu amigo Lynne, Wood muito se aproximou dos trabalhos de Frank Zappa em seus trabalhos posteriores. Jeff Lynne, ao assumir a real liderança do ELO, a partir do ELO 2 (73), ainda trilhou também um caminho experimental por um tempo, praticando um som mais progressivo até 1975. Mas esta experimentação, com o tempo, deu lugar a um pop que ainda que fosse sofisticado e influenciado pela musica sinfônica dos Beatles, acabou se tornando com o tempo um pop mais burocrático e padronizado, embora sem perder a qualidade.
O fato era um só: o ELO desde o seu inicio não comportaria uma banda com dois líderes.
Elo Live em 1972