Músico tocou com as bandas Os Incríveis e Joelho de Porco
Eduardo Tristão Girão - EM Cultura
Netinho fez parte de grupos históricos do rock nacional em 47 anos de música
Luiz Franco Thomaz não poderia celebrar sua longa carreira de outra maneira. No recém-lançado livro Netinho – Minha história ao lado das baquetas (Minuano), o baterista e fundador do grupo Os Incríveis reúne não só as lembranças dos 47 anos de atividade musical, mas as inúmeras histórias que recheiam cada fase de sua vida e que realmente fazem de sua trajetória pessoal e artística algo digno de registro. Ao longo das quase 200 páginas, estão muitas fotos e relatos (sempre em primeira pessoa), da infância em Itariri (SP) à recente gravação do disco Deus abençoe as crianças, em prol do Centro de apoio à criança carente com câncer.
"Esse livro é um filho para mim. Foram quatro anos escrevendo. Só contei com a ajuda da minha filha, que mora na Austrália. Acho que consegui um livro bem no meu estilo, meio poetizado. Me empolgou muito. Com ele, pretendo fazer tudo o que vier pela frente, como shows e palestras", comemora Netinho, que completou recentemente 63 anos. Atualmente, o artista está animado com o retorno do grupo Casa das Máquinas, banda de rock que fundou em 1974 e que acabou de reativar.
"Estou trabalhando no disco da volta do Casa das Máquinas há quatro anos. Queremos entrar em estúdio mês que vem e lançar um disco ainda este ano", anuncia ele. O quarto disco de inéditas ainda não tem nome e será gravado com formação diferente das três anteriores: Mário Testoni Jr. (teclado e piano), Mário Franco (irmão de Netinho; bateria e vocal), Andria Busic (baixo e vocal) e Faiska (guitarra), além de Netinho (bateria e percussão). O grupo lançou discos em 1974 (Casa das Máquinas), 1975 (Lar de maravilhas) e 1976 (Casa de Rock), além de uma coletânea (2000) e um álbum ao vivo (1978).
"As novas músicas são todas inéditas e demos uma retrocedida no estilo. O som do primeiro disco era parecido com o d'Os Incríveis. O do segundo era mais progressivo e o do terceiro, mais rock, tipo Deep Purple. Agora vamos voltar ao progressivo mais `viajante', tipo Pink Floyd. Estou muito preocupado com as mensagens deste disco. As letras tocam nas feridas do país. Estou entusiasmadíssimo. Será o melhor disco que a gente já fez", adianta. O grupo foi desativado há 30 anos e fez o último show na Argentina. Apesar de continuar com Os Incríveis, Netinho não pensa em produzir nada de novo com o grupo.
Em clima de anos 1970, Netinho e os músicos do Genesis Steve Hacket e Toni Banks
EXPERIÊNCIAS
Mesclando impressões pessoais e fatos, Netinho – Minha história ao lado das baquetas ajuda o fã a compreender a passagem do baterista pelos principais grupos em que atuou: Os Incríveis, Casa das Máquinas e Joelho de Porco. "Os Incríveis foram tudo: o início e as realizações que eu nem sabia que existiriam. Tudo era novidade. Tivemos o privilégio de viajar com a cantora Rita Pavone para a Europa e de lá trouxemos muitos equipamentos. Foi a grande banda do Brasil", lembra. De fato, esse incremento tecnológico foi a semente das outras duas bandas, ambas criadas nos anos 1970.
"Com o Joelho de Porco o trabalho já estava pronto quando entrei. Meu papel era mais de empresário e produtor. Já cheguei com a infraestrutura toda do Casa das Máquinas. Foi interessante, mas muito punk para minha cabeça. Fora do palco, os caras aprontavam muito e isso me incomodava demais", desabafa. Já com o Casa das Máquinas, a experiência foi bem diferente: "Foi com eles que eu comecei a escrever. Estava vendo shows do Deep Purple, Pink Floyd e Yes e ficava encantado com isso. Comecei a imaginar uma nova banda, uma ideia diferente d'Os Incríveis, que gravavam o que a gravadora impunha. O Casa era meu".
E, como nem só de música se faz a carreira de um artista, estão também no livro relatos sobre o comentado namoro de Netinho com a cantora italiana Rita Pavone, o encontro com a banda inglesa Genesis em Londres nos anos 1970, o concerto para o rei norueguês Olavo (quando tocou com uma perna e o nariz quebrados após sofrer acidente de carro) e a relação com a esposa, Sandra, que conheceu em 1966.