Renaissance - Ashes Are Burning - Progbrasil

Renaissance

Inglaterra




Titulo: Ashes Are Burning
Ano de Lançamento: 1973
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Alexandre Sinicio em 14/07/05 Nota: 8.0

 

Ótimo trabalho, disco de cabeceira

Lançado em 1973, Ashes Are Burning é o quarto disco da banda inglesa Renaissance. Com um som simples e forte influência folk, consegue ser bastante acessível e fácil de ouvir, ao mesmo tempo que pode facilmente agradar aos ouvidos mais exigentes.

O disco abre com "Can You Understand?". Trata-se de uma suite muito bem elaborada que é um dos destaques da obra. Começa com uma passagem de piano que se desenvolve conforme entram novos instrumentos, até que se torna um tema emocionante, cheio, repleto de vozes instrumentais. De repente a "quebra". Violões, vozes, no melhor estilo folk. Finalmente, a volta para o tema inicial.

As três músicas seguintes fazem a parte menos progressiva do álbum. "Let It Grow" é a balada do disco. Música extremamente simples, com belíssimos vocais de Annie Haslam. É a música mais famosa da banda fora do círculo progressivo. Tem todos os elementos de uma canção pop: harmonia e melodia agradáveis, refrão "pegajoso", letras sem maiores segredos. "On The Frontier" e "Carpet Of The Sun" são as músicas mais agitadas, cheias de violões, harmonizações de vozes e ritmos agradáveis. Exatamente por serem mais acessíveis e simples, essas três músicas podem desagradar aos fãs mais ferrenhos do rock progressivo, pois isoladas não têm muitos elementos do estilo. Entretanto, a bela voz e interpretação de Annie Haslam, os ótimos trabalhos de bateria (Terence Sullivan) e baixo (John Camp) e o uso discreto de instrumentos de orquestra já valem a pena.

A próxima canção, "On The Harbour", consegue unir perfeitamente o clima musical à letra. Enquanto se fala de uma tempestade em um cais e o desespero dos moradores, a música dá a clara impressão de se estar vivenciando a situação. A simplicidade e os detalhes instrumentais são completados com uma passagem erudita de piano que abre e fecha a canção, fornecendo uma espécie de "moldura".

Finalmente, a música homônima ao álbum, "Ashes Are Burning". Trata-se de uma suite de mais de onze minutos inspiradíssima, provavelmente a melhor do álbum, com um trabalho fantástico principalmente no baixo e piano, além da voz. A música muda de clima constantemente, passando de um momento tenso nos versos para um refrão mais alegre, porém de forma que quase não se nota essa quebra. A música se desenrola no melhor estilo progressivo, misturando elementos de folk, psicodélico, rock sinfônico e música erudita. Fechando a música, um emocionante solo de guitarra de Andy Powell (Wishbone Ash).

Ashes Are Burning é com certeza um clássico do rock progressivo e merece atenção de todos. Dois detalhes são particularmente interessantes nesse disco. Um é o belo trabalho de John Camp com seu baixo Rickenbacker. O outro, mais curioso, é o fato de que Annie Haslam, uma das melhores vocalistas do mundo progressivo, desafina perceptivelmente em algumas músicas, principalmente em "On The Harbour". Mas ao invés de isso depor contra sua qualidade ou deixar o ouvinte de nariz torcido, parece enriquecer ainda mais a obra. Dá um ar de "naturalidade", um certo calor humano. Fica apenas a ressalva de que o disco pode desagradar aos fãs mais ferrenhos pelo "miolo" mais pop-folk e pela simplicidade da maioria das canções. A produção geral do álbum também não é das mais fantásticas, mas nem de longe isso influencia na qualidade.
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