Ótimo trabalho, disco de cabeceira
Após 22 anos sem lançar um disco solo, a voz e a guitarra do Pink Floyd, David Gilmour, lança "On an Island" deixando para trás faixas como "Blue Light" se mostrando um disco mais pessoal, centrado na família e no momento que o guitarrista vive.
Com a maioria das letras escritas pela sua esposa Polly Samsom (a mesma que dividiu as letras de High Hopes), o disco tenta mostrar as coisas que são verdadeiramente importantes na vida: Amor, Família e Felicidade , coisas que não tem relação com enriquecimento em termos financeiros. Tanto é que na faixa "This Heaven" há esta passagem: "life is much more than money buys, when I see the faith in my children’s eyes…" que significa: "a vida é muito mais do que o dinheiro pode comprar, quando eu vejo a fé nos meus olhos de criança.." Vocês perceberão a semelhança deste disco com o último disco solo do tecladista Richard Wright, "Broken China".
O disco começa com a celebração de uma tarde que David passou numa pequena ilha no Mar Mediterrâneo; dois desses amigos vieram a morrer após este evento, mas isto não deixou com que a primeira faixa se chama-se o nome da ilha grega: Castellorizon, e a música-título do disco, que segue, é puramente nostálgica, com passagens como "Remember that night, the warmth and the laughter…" que significa "Se lembra daquela noite, o acolhimento e as risadas…", mas Gilmour escreve sua nostalgia em forma de celebração e não de tristeza.
"Castellorizon" começa com aquilo que podemos chamar de "Echoes do Futuro", com sons de pássaros, sons de mar, e uma orquestra que vai dando solidez à faixa. Depois, vem um solo que tem a assinatura de DG, a seu próprio estilo; então começa a expectativa para a faixa-título "On an Island" .
Com um trabalho de guitarra excelente, a faixa-titulo contém letras essencialmente nostálgicas e uma harmonia onde você vai sacando a verdadeira qualidade após algumas escutadas. A faixa ainda conta com a presença de ilustres músicas como Crosby & Nash (vocais), e ex Floydianos como Richard Wright (Orgão Hammond) e Bob Klose (que saiu do Floyd antes do primeiro disco da banda – nas guitarras). A música que segue "The Blue" é cantada pro Gilmour e Wright, e, assim como todo álbum, possui uma levada mais calma, tranquila, finalizando num solo único do gênio da guitarra!.
A próxima faixa "Take a Breathe" quebra o ritmo do disco, com um Rock n Roll com levadas pop, ela lembra muito alguma coisa do "A Momentary Lapse of Reason", porém com letras bem mais marcantes e fortes, onde uma criança vê o mundo com seus próprios olhos, chamado de "hard Love" a música pode desapontar os fãs que até então estavam se deliciando com o disco. É uma boa música, com alguns excelentes "slides guitar".
O disco seque com a pequena, mas linda instrumental "Red Sky at Night"e é nesta faixa que o guitarrista toca saxofone, de uma maneira parecida com sua guitarra, melódica, harmônica e tocada de maneira emotiva, transparecendo toda a musicalidade de Gilmour. Em algumas partes, existem sons que lembram "Shine On You Crazy Diamond", para a peça todos acham que o tecladista é Richard Wright, mas surpreendemente , não é!
Após a suavidade da faixa anterior, tem uma faixa mais Blues Moderno, com Tempo d Jazz, chamada "This Heaven". A faixas diz respeito sobre a vida de Gilmour, e o momento que está passando. Reflexão, tranquilidade, família, etc. Excelente faixa, com uma pegada mais rápida do que o resto do disco, e excelentes solos de guitarra. "This Heaven" é seguida pela belíssima instrumental "Then I Close My Eyes"", faixa onde Gilmour usa um instrumento turco, parecido com guitarra, chamado Cumbus. Uma música bem tranquila, onde se nota também a presença da corneta do ex-baterista do Soft Machine Robert Wyatt, grande músico e amigo pessoal de Gilmour.
Possivelmente a faixa mais antiga do Disco, escrita em 2001, "Smile" apareceu no DVD do Gilmour "In Concert" de 2002. É uma faixa bem tranquila, levada pela voz e violão e que aqui conta com a participação de sua mulher nos backing vocals, a escritora Polly Samsom. "Smile " tem uma letra que fala sobre saudades e momentos bons passados juntos com uma pessoa que querida.
"A Pocketful of Stones", música que segue, é a mais orquestrada do disco, mais cinemática, o polonês Zbigniew Preisner , que rege a orquestra, mostra sua influência na faixa. Mais do que o trabalho de harmônica de Malloy, e do som da harpa de Lucy Wakeford, os vocais cristalinos de David e seu incrível solo suave no fim, demonstram a sutileza da música.
Fechando o disco, a faixa "Where We Start", uma música escrita por Gilmour, para sua esposa Polly Samsom. A faixa reitera seus sentimentos por ela, e de novo, mostra seu estado de espírito atualmente. Música bem tranqüila, no mesmo estilo do álbum, com David Gilmour escrevendo sobre a pessoa com que certamente vai envelhecer junto, e passar o resto de sua vida. Belo final. Solo matador.
On An Island foi primeiro lugar nas paradas em 9 países, e ficou nos "10 Mais" em mais de 20 países incluindo Brasil, Austrália e Japão. Foi extraído 1 single do disco para rádio: Smile/ On an Island Jam (uma peça meio blues com mais de 6 minutos de duraçao, instrumental que nao saiu no disco).
Enfim, um disco que merece ser escutado com atenção e prestando atenção nos detalhes. |
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