Discoteca básica, fundamental
Embora não tão famoso quanto os mais renomados medalhões do gênero, o Camel foi e continua sendo ainda hoje outro grupo seminal do rock progressivo inglês. Contava originalmente em sua formação com Andrew Latimer (guitarra, flauta, vocais), Pete Bardens (teclados, vocais), Doug Ferguson (baixo) e Andy Ward (bateria), formação esta com a qual gravou os quatro primeiros trabalhos de sua prolífica carreira, dentre os quais se inclui este Mirage, segundo trabalho da banda.
Mirage é uma das obras primas do rock progressivo dos anos 70 e constitui, junto com The Snow Goose e Moonmadness, a chamada trilogia de ouro da fase setentista do Camel. É um disco que sintetiza, de forma magistral, o estilo que tão bem caracteriza o som deste magnífico grupo: melodias belíssimas e arrebatadoras, longas passagens instrumentais com sutis reminiscências jazzísticas à la Canterbury, presença marcante de guitarra, flauta e teclados e arranjos vocais de intensa suavidade e beleza. Andy Latimer, líder da banda, é simplesmente um dos melhores guitarristas que já surgiram dentro do gênero (além de ser também um brilhante flautista). O cara toca não só com a ponta dos dedos, mas sobretudo com o coração. É realmente incrível o quanto Latimer consegue transmitir de emoção num solo de guitarra ou num toque de flauta. Os outros músicos são todos de altíssimo nível e têm participações igualmente importantes ao longo de todo este trabalho: Pete Bardens, uma verdadeira fera no órgão, piano, mellotron e mini-moog; Doug Ferguson (baixo) e Andy Ward (bateria) cuidando da seção rítmica com incrível maestria e competência também.
O disco contém dois épicos da banda: "Lady Fantasy", melhor faixa do álbum, com seus quase 13 minutos de puro deleite e emoção à flor da pele (incluindo aí alguns memoráveis e inspiradíssimos solos de guitarra do Latimer e de teclados do Bardens), e "Nimrodel / The Procession / The White Rider", outra peça igualmente belíssima, com seus quase 10 minutos de duração, inspirada no livro "Lord of the Rings", de J.R.R.Tolkien. As demais faixas do disco são todas excelentes também, fazendo deste álbum uma autêntica pérola progressiva, realmente extraordinária do início ao fim.
Já tive este CD em edição normal e hoje possuo a edição remaster, a qual contém quatro faixas bônus, sendo três ao vivo ("Supertwister", "Mystic Queen" e "Arubaluba") e uma versão alternativa de estúdio do épico "Lady Fantasy". Aos colegas que ainda não possuem o CD e desejam adquiri-lo, eu certamente indico esta edição remaster, afinal as faixas extras são muito boas e a qualidade técnica excelente, mas àqueles que já possuem a edição normal eu diria que a melhoria da qualidade técnica em si não é assim tão significativa a ponto de justificar um novo investimento, afinal a edição normal deste CD já é de uma qualidade excepcional, portanto não havia muito realmente que melhorar na sua remasterização. |
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