Bom, mas com ressalvas
Antes de mergulhar definitivamente no som progressivo sinfônico-
espacial que bem caracterizaria a fase seguinte de sua carreira, o
grupo alemão Eloy (nome inspirado no livro "A Máquina do Tempo", de
H.G.Wells) gravou três discos bastante focados no hard rock, a
saber: Eloy (1971), Inside (1973) e Floating (1974).
Este primeiro Eloy é um disco atípico, mesmo comparado com os dois
trabalhos acima referidos. Enquanto Inside e Floating já começavam
efetivamente a moldar o som progressivo do grupo (mesmo que ainda
bastante focados no hard), este primeiro trabalho não tem
praticamente nada de progressivo, mas apenas algumas esparsas
reminiscências do estilo. Aqui o que predomina mesmo é um hardão
tipicamente setentista com domínio quase que absoluto da guitarra e
quase nenhuma presença dos teclados que tão bem caracterizariam os
discos seguintes. A faixa de abertura, por exemplo, não tem uma
reminiscência progressiva sequer, apenas um hard rock bastante
enérgico com total predomínio de guitarra. Já a faixa 2, "Something
Yellow", esta sim contém alguma coisa de prog, lembrando bastante o
primeiro trabalho do Nektar, Journey to the Centre of the Eye, com
riffs de guitarra, baixo e teclados muito parecidos, além de
interessantes variações de andamento. "Eloy" (faixa 3) começa bem
heavy, evoluindo depois para uma boa passagem de percussão e bateria
para logo em seguida recuperar seu andamento heavy rock
inicial. "Song of a Paranoid Soldier" (faixa 4) e "Voice of
Revolution" (faixa 5) também são puro hard rock, ambas igualmente
dominadas por guitarras. "Isle of Sun" (faixa 6) é a única do disco
a conter uma consistente presença de teclados, abrindo com ótimos
riffs de órgão e assim prosseguindo até o seu término, com
interessantes elementos progressivos e algumas reminiscências de
Nektar também. O disco fecha com outro petardo hard rock, "Dillus
Roady", construído sobre riffs agressivos de guitarras.
Mesmo não sendo exatamente o que podemos chamar de disco essencial,
eu acho que este primeiro Eloy tem seus bons momentos, representados
pelo menos por duas excelentes faixas: "Something Yellow" e "Isle of
Sun". Duas músicas realmente muito boas que, no meu entender,
justificam a aquisição deste disco, pelo menos por aqueles que se
interessam em conhecer melhor a evolução deste excelente grupo desde
os seus primórdios até os mais recentes trabalhos (que é o meu caso). |
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