Eloy - Silent Cries and Might Echoes - Progbrasil

Eloy

Alemanha




Titulo: Silent Cries and Might Echoes
Ano de Lançamento: 1979
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Demetrio em 02/11/06 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental


Formado em 1969 e depois de seis discos lançados (Eloy, Inside,
Floating, Power and the Passion, Dawn e Ocean), o grupo alemão Eloy
(nome inspirado no livro "A Máquina do Tempo", de H.G.Wells) chega
ao seu sétimo trabalho no melhor de sua forma, a esta altura
contando apenas com o vocalista e guitarrista Frank Bornemann da
formação original. O grupo, que quase encerrara atividades depois do
quarto trabalho (Power and the Passion) em razão de divergências
musicais intensas que resultaram na debandada de três de seus
músicos de uma só vez (o tecladista Manfred Wieczorke, o baixista
Luitjen Harvey Jansen e o baterista Fritz Randow), retornou
totalmente reformado em Dawn com três novos membros (o baixista
Klaus-Peter Matziol, o tecladista Detlev Schmidtchen e o baterista
Jürgen Rosenthal), que ajudariam a moldar o novo som do Eloy, do
típico hard progressivo dos três primeiros trabalhos para o
característico progressivo sinfônico / espacial da fase seguinte,
iniciada ainda que transitoriamente em Power and the Passion e
consolidada definitivamente em Dawn.

O que temos aqui (a exemplo dos dois trabalhos anteriores, Dawn e
Ocean) é um progressivo sinfônico/espacial da melhor qualidade,
caracterizado por passagens instrumentais bem viajantes (ainda que
mantidos alguns elementos hard em determinadas passagens), com
deliciosas reminiscências de Pink Floyd e Tangerine Dream. Detlev
Schmidtchen, um mago dos teclados, era exatamente do que o Bornemann
precisava para criar os sofisticados arranjos sinfônicos agora
presentes na música do Eloy. A faixa de abertura, a totalmente
instrumental "Astral Entrance", começa com um timbre grave de
teclado, seguido de um melancólico solo de guitarra do Bornemann,
bem na linha "Wish You Were Here – Part 1" do Pink Floyd. "Master of
Sensation" (faixa 2) marca a passagem de uma atmosfera melancólica e
viajante para passagens mais hard, comandadas por riffs de teclados
analógicos e sintetizadores, ótima performance vocal do Bornemann e
excelente presença guitarra e seção rítmica também. "The Apocalypse"
(faixa 3) é uma suíte de quase 15 minutos de duração dividida em
três partes, sendo a primeira delas com incríveis solos de órgão,
guitarras e sintetizadores, a segunda mais viajante, marcada por um
melancólico solo de teclado, riffs de guitarra à la Gilmour e um
vocal feminino na linha "The Great Gig in the Sky" do Floyd, e a
terceira bem cósmica, à base de sintetizadores (à la Tangerine
Dream) e baixo, complementada ao final por riffs de guitarra e
bateria. "Pilot to Paradise" (faixa 4), a exemplo da segunda faixa,
também é uma música mais cadenciada, construída predominantemente em
cima de timbres de baixo e teclados, mas com boa presença de
guitarra e bateria também, além de uma excelente e inspiradíssima
performance vocal do Bornemann. "De Laboris Solis" (faixa 5) é outra
música bastante atmosférica também, comandada por timbres de
teclados e outra boa participação do Bornemann aos vocais. A faixa
de encerramento, "Mighty Echoes", também tem seus momentos mais
hard, com ótima presença de todos os músicos da banda.

A edição remasterizada deste disco, a exemplo de todas as outras do
Eloy que eu conheço até agora, também é de uma qualidade técnica
excepcional, razão pela qual a recomendo sem reservas. Além disso,
contém duas faixas bônus também excelentes, inclusive a última com
algo que eu considero bastante incomum no som do Eloy: flauta (será
por isso que alguns também conseguem identificar alguns elementos
esparsos do Jethro Tull no som da banda?).

De uma forma geral eu considero este trabalho todo excelente
realmente, mas destacaria com especial ênfase as faixas "The
Apocalypse" e "Pilot to Paradise", além da bonita e melancólica
faixa de abertura, como minhas prediletas. Detalhe: o disco é de
1979, uma prova cabal de que, nessa época, diferentemente do que
muita gente pensa, ainda se fazia rock progressivo de ótimo nível.

Uma pena que, depois deste álbum, o tecladista Detlev Schmidtchen e
o baterista Jürgen Rosenthal acabaram deixando o grupo para formarem
uma outra banda, a Ego on the Rocks (a qual lançaria apenas um
álbum, Acid in Wonderland, ainda em 1979).

Silent Cries & Mighty Echoes foi o álbum de maior sucesso na
carreira do Eloy e constitui, na minha opinião, um dos melhores
trabalhos do grupo, no mesmo nível de clássicos como Dawn, Ocean e
Power and the Passion.
Progbrasil