Obra-prima, irretocável
Desde que saiu do Spock's Beard, em 2002, Neal Morse começou a escrever sobre temas
cristãos, fazendo verdadeiras pregações em seus álbuns. Essa parece ser a tônica do
seu trabalho: levar a palavra cristã através da boa música.
"One" é um CD conceitual. Nele, Neal conta a história do homem desde sua criação,
passando pela fase da onipotência, achando-se absoluto, do assédio do "demo",
passando por seu arrependimento e querendo voltar aos braços do "pai", até, por fim,
ser perdoado por Deus de todos os seus erros, que teria sua crucificação, como forma
de sacrifício para que ambos voltassem a ser um só.
Bem, conceitos à parte, vamos ao que interessa. "One" segue uma linha de excelência
impressionante, mesclando momentos suaves, com corais de muito bom gosto e super
encaixados, como em "The Creation", que é a melhor música do CD, com a banda
mostrando-se extremamente inspirada, com Neal cantando horrores, o baixo de Randy
George sempre bem colocado e a extrema competência e técnica de um Mike Portnoy sem
"estripulias": tocando o que deve tocar. Simplesmente uma música mágica.
O CD segue por um emaranhado de boas músicas e momentos realmente excelentes, em
várias formas. Andamentos quebrados e cadenciados, como em "Author Of Confusion",
passagens mais calmas e belas, como em "Cradle To The Grave" e "Father Of
Forgiveness", na união de nervosismo e tranqüilidade, peso e leveza, guitarras
distorcidas e violinos dividindo o mesmo espaço com maestria em "The Separeted Man".
Tem espaço até para uma música mais alegrinha, "Reunion" fecha o CD de forma
extremamente leve, fechando o álbum com grande categoria.
Além destas citadas, "One", possui outra canção especial: "Help Me/Spirit And The
Flesh" possui um quê de pregação em culto sim, mas e daí? É daquelas canções que
tocam o coração por sua beleza, por sua emoção e sua atmosfera simplesmente
fantástica. É ouvir e literalmente sair do chão.
Na humilde opinião deste que vos escreve, é sem dúvida o melhor álbum de Neal Morse.
Nem "Testimony", nem "Question Mark" e provavelmente, nem "Sola Scriptura" superam
esse que, na minha opinião estará, sem dúvida, entre os 10 melhores CD's da primeira
década do século 21.
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