Pallas - The Sentinel - Progbrasil

Pallas

Escocia




Titulo: The Sentinel
Ano de Lançamento: 1984
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Demetrio em 24/03/07 Nota: 9.0

 

Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo

Início dos anos 80, a onda disco/new wave rolando solta, alguns punks ainda comemorando a tão alegada morte do rock progressivo, e eis que de repente ressurge das cinzas o velho e bom prog, nas mãos de alguns abnegados jovens ingleses e escoceses que, fortemente inspirados em seus ídolos (notadamente Genesis e Pink Floyd), decidiram que era hora de reacender a chama progressiva através de uma abordagem mais moderna e acessível, caracterizada por uma
sonoridade normalmente mais pesada e linear e pela utilização de um aparato instrumental mais simplificado, baseado – salvo algumas exceções – em uma nova geração de teclados digitais (em substituição aos tradicionais analógicos como Mellotron, órgão Hammond, etc.), tendência esta a que a imprensa inglesa acabou dando o nome de Neo-Progressivo e que teve no clube de música Marquee, em Londres, uma grande força catalisadora, estando este clube, portanto, fortemente
associado ao movimento. Faziam parte dessa primeira geração de bandas Neo-Prog nomes como Marillion, Twelfth Night, IQ, Pendragon e Pallas.

Banda escocesa (de Aberdeen), o Pallas foi na verdade formado ainda em meados dos anos 70 (inicialmente batizado de Rainbow, em seguida Pallas Athena, depois simplificado para Pallas), tendo estreado em disco somente em 1981, com o ao vivo Arrive Alive, só vindo entretanto a finalmente lançar seu primeiro disco de estúdio, The Sentinel, em 1984, contando com a seguinte formação: Euan Lowson
(vocais), Graeme Murray (baixo, guitarra, vocais), Ronnie Brown (teclados, vocais), Niall Mathewson (guitarras, vocais) e Derek Forman (bateria, percussão, vocais).

The Sentinel é um disco conceitual, sobre os temores e as incertezas vividas pelo mundo em pleno auge da Guerra Fria (o Muro de Berlim, o espectro de um holocausto nuclear pairando sobre a humanidade, enfim, toda aquela paranóia representada pela "guerra não-declarada" entre as duas grandes potências da época, Estados Unidos e União Soviética), tendo como fio condutor dessa temática a lenda sobre ascensão e queda de Atlantis, com sua destruição pela guerra e o
surgimento de um novo mundo a partir de seus escombros.

O disco abre com três petardos de características bem roqueiras, dotados de um certo apelo pop oitentista apesar das evidentes reminiscências progressivas: "Shock Treatment" (faixa 1), com excelente trabalho de teclados, guitarra e bateria, a soturna "Cut and Run" (faixa 2), com algumas quebradas à la Yes (inclusive uma marcante presença do baixo Rickenbacker do Murray), e "Arrive Alive" (faixa 3), com algumas reminiscências de bandas pomp-rock como Saga e Asia. Três faixas bastante representativas das típicas incursões mais pesadas do Pallas, de muito punch realmente, de uma pegada bem mais roqueira que outras bandas neo-prog da época. À guisa de comparação, algo como uma mistura de Rush com Saga, mas com uma assinatura melódica bastante agradável.

A partir da faixa 4, o disco envereda por território mais tipicamente progressivo, de faixas mais longas e de características mais sinfônicas, com texturas melódicas muito bem elaboradas, interessantes variações de andamento, ótima interação entre todos os músicos (com uma sutil proeminência para o trabalho de teclados, valendo salientar que, além dos característicos teclados digitais da época, também constam créditos no disco para o uso de Novatron e
grand piano), além de excelentes performances vocais do Euan Lowson e do baixista Graeme Murray (não entendo por que razão o Pallas precisa de um vocalista quando tem um baixista que canta tão bem). Nesta segunda parte do disco encontramos fortes influências de bandas como Genesis, Yes e Pink Floyd, eventualmente ainda associadas com algumas levadas à la Rush e Saga. Destaque especial para as belíssimas "East West" (faixa 5), "March on Atlantis" (faixa
6), "Heart Attack" (faixa 8) e "Ark of Infinity" (faixa 10).

Em suma, um clássico incontestável do gênero Neo-Prog, com excelentes atributos musicais, letras muito bem escritas e uma belíssima arte de capa (a cargo do famoso artista Patrick Woodroffe), além de uma produção também de excelente nível, a cargo de Eddie Offord (Yes/ELP).
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