Ótimo trabalho, disco de cabeceira
"The End Is Beautiful", lançado em 2005, representa uma mudança no som do Echolyn. As belíssimas melodias e a ótima estrutura de composição cheias de variações do disco anterior, "Mei" (uma música com quase 50 minutos que dificilmente será batida), cederam um bom espaço a um som mais "swingado", agressivo e sombrio, por vezes adicionado de metais. Ainda presentes estão os ótimos arranjos, tanto na parte musical quanto vocal.
Seguem impressões de cada música:
1) Georgia Pine (5:49): um rockão bem agitado, com um riff que lembra aqueles de filmes de aventura e uma estrutura mais tradicional, apenas com algumas variações a mais em relação à média do rock'n'roll. Não chega a ser uma novidade em relação ao que a banda normalmente faz, e por isso mesmo me agrada.
2) Heavy Blue Miles (6:48): aqui a banda ousa mais e apresenta novidades, misturando trechos climáticos com os riff's bem característicos da banda em trechos bem variados que se repetem numa progressão lenta e constante. Pela primeira vez aparecem os metais acompanhando a banda (e não se destacando em relação a ela) e uma cozinha rítmica mais "swingada". É uma bela música, embora eu tenha ficado com a sensação de que ela é um pouco mais comprida do que deveria.
3) Lovesick Morning (10:12): eis um exemplo do que mais gosto no Echolyn, que é a composição. Nesta eles capricharam: trata-se de uma balada bonita e comum (embora a letra esteja bem longe de ser romântica, ao contrário), bem executada, com bons arranjos. A música prossegue numa progressão bem lenta durante os primeiros cinco minutos. Aí a coisa começa a esquentar: a estrutura musical e vocal fica mais complexa (de novo com metais e mais "swingada" que de costume), a progressão fica mais evidente, e a música se transforma num ótimo rock sem perder sua identidade, mesmo porque a música volta ao clima inicial e se transforma num rock de novo, com ótimos arranjos vocais e um bom solo de slide guitar. Pra mim, a melhor do disco.
4) Make Me Sway (5:23): hard-rock swingado, bem marcado, com direito a órgão e tudo mais, que eu gosto muito. Nesta música a banda mostra um lado mais sombrio, a letra é bem agressiva, e a música tem ainda menos variações que Georgia Pine.
5) The End Is Beautiful (7:45): a praia mais tradicional do Echolyn, um jazz-prog-rock climático (com destaque para o baixo) aliado a boas variações e boas melodias intercaladas de momentos mais explosivos. Entretanto, o que chama mais a atenção é a letra, mais uma vez sombria: a música fala sobre o fim de uma relação amorosa que começou errada ("How do I tell her the end is beautiful?"). O destaque para os fãs de Yes fica para a melodia que serve de base para a música, que é nada mais nada menos que Firebird Suite. Considerando-se a adaptação que se fez de um clássico com uma letra dessas e que o final da música é realmente muito bonito, achei que o resultado, nada óbvio, ficou bem legal.
6) So Ready (5:01): foi a que eu menos gostei. É um rock bem swingado, intercalado de trechos funk (aquele dos anos 70, não o das cachorras cariocas) acompanhados de metais. Não gostei muito do resultado, mas o final instrumental, muito bem arranjado e executado, salva a música.
7) Arc of Descent (5:46): mais uma balada bem executada, de novo com letra nada romântica. Tem um refrão que gruda na cabeça, mas não tem o mesmo apelo de Lovesick Morning. Nota 7.
8) Misery, Not Memory (9:03): a faceta mais explorada pela banda até hoje, um jazz-rock meio maluco com influências de Gentle Giant e cultura americana, com um tom agressivo. A música é uma viagem, com uma letra que fala sobre um assassino, mas a estrutura da composição, que lembra a de Lovesick Morning, tem um final apoteótico com um arranjo de babar e um final abrupto, que me deixou pensando "acabou?".
No geral, não acho que este disco seja o melhor que o Echolyn fez até hoje, mas tá longe de ser ruim. Eles optaram por uma mudança no som que por algumas vezes não atinge os resultados que eu espero da banda, mas tal atitude no meu modo de ver é louvável, uma vez que não perderam a identidade que formaram ao longo do tempo. Some-se a isso o fato de que eles fizeram um disco com boas músicas, algumas delas brilhantes, e tem-se um disco acima da média. Considero o Echolyn como uma das melhores bandas do cenário progressivo dos últimos tempos.
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