Ouço, mas pulo algumas músicas
“Somewhere Else” é o 14º disco de estúdio do Marillion (10º da fase Hogarth, a minha favorita) e nos mostra ao longo de suas 10 canções uma banda despretensiosa. Sim, despretensiosa. É sempre muito difícil superar logo de cara um álbum como Marbles, que sem dúvida é TOP 3 na discografia da banda. Apesar da calmaria, as influências dos Beatles e do britpop se mantém presentes, embora em menor escala.
Ao contrário do que a maioria dos fãs (inclusive eu) imaginava, o CD novo nos mostra músicas mais curtas, mais tranqüilas e sem ligações entre si. A bolacha se inicia com “The Other Half”, que Hogarth escreveu em homenagem à sua nova namorada, que traz uma canção que começa leve e vai crescendo, terminando com um lindo solo de guitarra de Steve Rothery. A seguir temos “See It Like A Baby”, o primeiro single da banda, música mais comercial e nada de muito chamativo. Depois, temos a belíssima “Thankyou Whoever You Are”, que tem mais uma vez, um solo lindo de guitarra e uma melancolia nos vocais de Hogarth, característico do Marillion ao longo desses quase 20 anos.
A seguir, temos uma escorregada: “Most Toys” é uma das piores canções do Marillion. Ainda bem que é curta, pois se trata de um som totalmente descartável. Depois dela, a banda nos traz os dois melhores momentos de Somewhere...: a faixa-título, “Somewhere Else”, começa num clima despretensioso e tranqüilo sob os teclados de Mark Kelly, mas vai crescendo em emoção e energia ao longo de seus quase 8 minutos, sendo a melhor música do CD.
Depois temos, “A Voice From The Past”, seguindo a mesma fórmula da canção anterior, mostrando o que o Marillion sabe fazer de melhor: cozinha ajustada, teclados discretos, porém eficientes, os solos maravilhosos de Rothery e Hogarth cantando muito bem, nos brindando com seu estilo melancólico e maravilhoso de sempre.
Depois, nova escorregada com “The Such Thing”. Descartável como “Most Toys”, porém mais longa e não menos chata. Pulemos essa e passamos para a ótima “The Wound”, que peca apenas pelo excesso de melancolia e experimentalismo no final da música, ela poderia ter pelo menos uns 30 segundos a menos. Depois dela temos “The Last Century For Man” e a belíssima “Faith”, que era para entrar em Marbles, mas se encaixou como uma luva em Somewhere Else, sendo a minha segunda música favorita. A letra fala da fé e das perspectivas e chances que temos para alcançarmos a felicidade na vida e que deixamos escapar de nossas mãos.
Um CD irregular. Não é um clássico, mas em se tratando de Marillion é sempre algo acima da média da música atual, mesmo abaixo do padrão Marillion de qualidade. |
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