Ótimo trabalho, disco de cabeceira
Acho que a imensa maioria dos verdadeiros fãs da banda não tinha uma grande expectativa em relação a esse novo trabalho, apenas, talvez, curiosidade, ou mesmo a dúvida em relação ao resultado, já que em tempos onde, paradoxalmente, artistas não esperam rendimentos através de novos trabalhos, qual seria o interesse do Heep em produzir novas canções ? Confesso que não sei se o faria.
O álbum nasce baixo a sombra da recente saída de Lee Kerslake, pode parecer pouca coisa, afinal o Lee nunca foi um grande compositor ou mesmo referência para a banda, mas o fato é que sua figura estará para sempre imortalizada na memória dos fãs, são vinte e cinco anos na ativa, convenhamos, não é pouco, sobra espaço para o projeto Lawton+Hensley+Kerslake.
O que mais surpreende nesse novo disco, ao menos para mim, é a vitalidade, a energia, não sei de onde tiraram tanta, após uma abertura que lembra bastante a "Roll Overture" do Head First começa a pauleira, "Overload" tem todos os ingredientes para tornar-se figurinha fácil nos shows da banda, composição forte, vocais lancinantes e um hammond furioso, cortesia de Lanzon que assina mais de 80% das composições, "Tears of the World" e "Light of a Thousand Stars" seguem mais ou menos no mesmo espírito, a abordagem varia um pouco, acerca de temas como a condução de nossas próprias vidas, o orgulho da terra natal, o isolamento, enfim, o álbum não está centrado em nenhum tema específico mas esbanja coesão e sobriedade, coisas da maturidade.
Bernie Shaw cumpre muito bem seu papel, é um bom vocalista e até possui um certo carisma mas não consegue fazer a "diferença" que outros fizeram no passado, o novo baterista Russel Gillbrook também faz sua parte, devidamente engessado pela banda, ele toca exatamente como Kerslake o faria, daí a gente entende que o problema com Kerslake pudesse ocorrer durante as tourneés, quem sabe?
Mick Box e Trevor Bolder são os mesmo de sempre, rigorosamente não produzem nenhum tipo de surpresa, absolutamente nada de novo, a música segue governada pela mão de ferro de Mick que nunca irá abandonar suas convicções, bom para os fãs.Bom para os fãs ? Na verdade não sei e esse é exatamente o ponto onde "Wake The Sleeper" escorrega e demonstra a falta que Hensley ainda faz à banda, não há surpresa, não há o inusitado, o interlúdio ou a introdução acústica, uma quebrada na melodia? Nem pensar. Mick não permitiria.
Falta também uma grande dose de emotividade nas interpretações, ok eu não preciso ouvir "Rain" novamente mas tocar a alma das pessoas é sempre indicado, falta Hensley novamente.
De qualquer forma o novo álbum atende à expectativa de quem esperava por novas músicas dessa formação, aí estão, e não fazem feio.
Longa vida ao Uriah Heep.
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