Gentle Giant - Giant On The Box - Progbrasil

Gentle Giant

Inglaterra




Titulo: Giant On The Box
Ano de Lançamento: 2004
Genero:
Label:
Numero de catalogo: 003

Revisto por Gibran Felippe em 19/10/09 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

Discoteca básica, fundamental.

Um trabalho aguardado ansiosamente pelos admiradores do Gentle Giant, já que se tratou do primeiro dvd/cd oficial lançado no mercado com um show na íntegra. A espera valeu a pena, pois se trata de um trabalho produzido com muito esmero, onde certamente os fãs mais ardorosos do gigante gentil não sentirão qualquer tipo de felonia pairando no ar, pois esta obra é muito superior aos vários caça-níqueis relacionados a diversos medalhões, editados de forma desleixada para aproveitar oportunidades comerciais e a boa fé do público, principalmente o relacionado ao rock progressivo, sempre ávido por registros ao vivo dos seus ídolos, mesmo que pese a qualidade duvidosa contida em tais lançamentos.

'Giant On The Box' está dividido em quarto segmentos: 'German TV 1974', 'US TV Concert', 'Szene '74' e 'Extras', além do cd com a totalidade do show em Brussels. A formação neste dvd é a clássica: Ray Shulman - baixo, sax, flauta, violino, pistom e vocais, Derek Shulman - baixo, sax, flauta e vocais, Kerry Minear - teclados, violoncelo, flauta e xilofone, John Weathers - bateria e Gary Green – guitarra e flauta. Exatamente a formação do aclamado 'Power And The Glory', onde definitivamente percebe-se a deslumbrante performance ao vivo do grupo.

O evento inicia com 'Cogs In Cogs' abrindo a tour do 'Power And The Glory' com estilo, em que Kerry Minear e Ray Shulman dão a tônica com uma harmonia absurda para a entrada radiante da potente voz de Derek. O palco é bem diminuto para o quinteto e o público é super diferenciado, porque mesmo diante daquela sonzeira alucinante produzida pela banda, comportam-se como se estivessem assistindo uma autêntica ópera, onde qualquer suspiro pode atrapalhar a concentração dos artistas. O final da música com o tradicional coro de vozes, marca registrada do Gentle Giant, é arrebatador. Ah, temos também as tradicionais batidas com os pés ao longo de toda a apresentação. Na sequencia a música que mais se destaca no 'Power And The Glory', a maravilhosa 'Proclamation', numa versão eletrizante, marcada num ritmo muito forte da bateria de Weathers. A destacar o anticlímax nas vozes de Derek e Ray, alternando para a virada bem mais calma com notas ao baixo que vão se perdendo, dando a deixa para o set acústico no violão de Gary Green, devidamente acompanhando pelo marcante violino, executado por Ray, no magistral momento de abertura da bela 'Funny Ways'. A versatilidade e virtuose dos membros do grupo fica nítida com o movimento central desta música do primeiro disco do grupo, pois Derek assume o baixo, possibilitando a Ray a condução do pistom/violino em substituição ao Phil Shulman que não mais fazia parte do grupo nessa ocasião e o xilofone executado por Minear é algo existente numa esfera superior, depois ele ainda assume o violoncelo no último trecho deste clássico eterno do grupo.

'The Runaway', clássica composição introdutória do 'In A Glass House', mostra um Minear em excelente forma, tocando diversos teclados ao mesmo tempo e com um nível de complexidade imenso, o sincronismo com a guitarra é de cair o queixo, naquela quebrada que é marca original do grupo, ninguém tocava com arranjo, ritmo e técnica semelhante na época. O momento que Ray Shulman reproduz os vocais no baixo é um dos momentos de magia deste show, para em seguida elaborar um duelo inusitado com Minear aos teclados, simplesmente genial! Assim ingressa-se em 'Experience' com Derek em seguida soltando a voz com muita alma para a quebradeira geral que segue até o fim do número.

Enxertos de um dos mais consistentes discos do grupo chega com 'Features From Octopus', aqui temos o melhor momento vocal, com a participação arrebatadora de todas as vozes, enquanto Weathers e Minear criam um clima psicodélico nos movimentos atonais ao xilofone e sintetizadores. Depois mais um set acústico, agora conduzido pelos violões de Ray Shulman e Gary Green até desaguar num dos momentos mais emocionantes do show com absolutamente todos os integrantes tocando demais, inclusive Derek Shulman executando o baixo com maestria, enquanto Shulmam assume a viola. 'Advent Of Panurge' traz uma situação interessante, pois se trata de uma das músicas mais pesadas de todo o show e por incrível que pareça a platéia não esboça uma reação, meio que hipnotizada, meio que concentrada na apresentação, fruto de uma outra época.

'So Sincere' encerra a apresentação de forma apoteótica, numa versão de arrepiar, permitindo espaços para uma jam session e um solo matador de Gary Green, atenção para a reunião em torno da bateria, simplesmente fenomenal o sincronismo dos integrantes. Mesmo que durante os cinqüenta minutos de apresentação o grupo não tenha executado músicas de discos clássicos como 'Aquiring The Taste', 'Three Friends' e 'Free Hand', o show é do mais alto nível, simplesmente impecável.

Em 1975 o grupo envereda por uma turnê americana, o registro desta apresentação está no segundo segmento do dvd. A diferença para o show de Brussels é que na América a produção é bem mais grandiosa, o palco é mais amplo e o público é muito mais fervoroso. Vale ressaltar que as versões desse segundo show ainda conseguem o impossível, o qual seja superar as versões anteriores! O terceiro segmento, denominado Szene '74 traz-nos um curioso take da TV germânica sobre a tour européia do grupo na ocasião do lançamento do 'Power And The Glory'.

Os extras encerram com o documentário italiano intitulado 'Baroque 'N' Roll', mesclando passagens em shows com uma interessante entrevista onde os integrantes, principalmente Derek, discorrem sobre as origens do grupo, desde o nome, fazendo alusão ao famoso gigante inglês, quanto à filosofia musical de criar algo realmente diferenciado. A parte final da entrevista é a mais interessante, quando o grupo é indagado sobre quais referências da música italiana eles carregavam, Minear não hesitou em citar o Premiata Forneria Marconi. A questão do preço dos ingressos também foi abordada sem pormenores, pois a entrevistadora questionou que uma boa parte do público italiano não poderia comparecer aos concertos por falta de grana para adquirir a cara entrada, fato que levou a uma resposta muito bem colocada do Derek, relacionando os custos de uma produção como a do Gentle Giant.
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