Jan Akkerman - Live - Progbrasil

Jan Akkerman

Holanda
http://www.janakkerman.nl




Titulo: Live
Ano de Lançamento: 2004
Genero:
Label:
Numero de catalogo: 789842012304

Revisto por Gibran Felippe em 23/11/09 Nota: 9.0

 

Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo

Extremamente bom, um clássico do rock progressivo.

Este é mais um produto de grande qualidade lançado no país pela Indie Records com a característica primordial de preço acessível, estando ao alcance de todos os admiradores de um dos mais geniais guitarristas oriundos do movimento progressivo. A obra é dividida em duas partes: na primeira temos uma apresentação em Viersen e na segunda, um show realizado na cidade de Leverkusen, ambas com o mesmo line-up e perfazendo a mesma turnê. Infelizmente, os shows não foram editados na íntegra, tranzendo-nos pouco mais de trinta minutos por apresentação.

O dvd traz como abertura 'Streetwalker', mostrando o belíssimo palco onde ocorreu o evento. O perfil é de extremo bom gosto para um show que já se mostrava intimista com o dedilhado acústico do mestre Jan Akkerman ao violão. O personagem principal é acompanhado por Jeroen Rietbergen - teclados, Wilbrand Meischke - baixo e o excelente Ton Dijkman - bateria. Após a introdução acústica, fica claro que os músicos não servem apenas como apoio para o guitarrista, já que possuem um certo espaço para brilharem também, basta conferir a personalidade do baixo todo quebrado e vívido durante a execução do número que, além disso, possui como ponto forte o maravilhoso solo de teclado com inúmeros timbres a cargo de Rietbergen, criando uma certa atmosfera progressiva e remetendo de imediato ao Focus, banda que consgarou Jan Akkerman nos anos setenta. Os solos do guitarrista estão um aço, deixando nítida toda sua destreza e feeling, enfetiçando a grande platéia presente ao teatro.

O tom cerúleo da iluminação do palco junto ao número anterior, fica um pouco ofuscado pelas tonalidades vermelhas, pois 'Zebrah' é uma música mais nervosa e aberta, a melodia da guitarra de Akkerman fica mais latente e novamente destaca-se o excelente solo de teclado que recebe efusivos e merecidos aplausos. Importante salientar o trabalho do baterista Ton Dijkman, mostrando categoria e acima de tudo super discreto, justamente como se deve ser num show de porte intimista como este, já que uma bateria efusiva em execução ao vivo poderia colocar a perder toda a sensibilidade presente nas composições solo de Jan Akkerman. 'My Pleasure', música da fase oitentista de Akkerman, presente no obscuro álbum 'Heartware' aporta com uma linha de baixo nervosa, bateria em ritmo rápido e um solo rasgado de Akkerman. A base lembra um pouco a clássica 'Hocus Pocus' pela vibração e força, não por acaso antes do início desse número a banda havia emendado o riff principal do maior clássico do Focus. Ao fim a banda traz outra surpresa do Focus...

Terminada a execução de 'My Pleasure', o grupo deixa o palco em direção ao camarim, ao largo de aplausos initerruptos de um público satisfeito com a performance dos artistas, provocando o retorno imediato de todos para encerrar com o melhor número dessa primeira parte do dvd - a maravilhosa 'Am I Loosing You'. Aqui temos Focus na veia, naqueles velhos momentos de puro sentimentalismo em que o guitarrista ficava em primeiro plano com solos capazes de causar comoção em todos aqueles ligados ao sublime rock progressivo produzido pelos holandeses nos anos setenta. Interessante perceber que os takes na platéia ao fim do evento mostram uma média de idade elevada, podemos ter várias explicações para isso, mas a óbvia deve ter residido no preço das entradas que deveriam ter sido caras para os mais jovens, tamanho o requinte do teatro. Entretanto fica a dúvida se o rock clássico de Akkerman sofreu também da ausência de renovação ao longo dos anos.

A segunda apresentação em Leverkusen é totalmente distinta, plugadíssima e o guitarrista já inicia de pé e numa levada muito mais roqueira, o público também se levanta e o tom é mais de concerto do que de recital como o registro na primeira parte do dvd. Assim, a versão de 'My Pleasure' mostra grande vibração e velocidade, um verdadeiro show de guitarra, com bases, improvisos e solos fantásticos e fechando, assim como no show anterior, com os acordes marcantes de 'Sylvia', uma bela surpresa! 'Am I Loosing You' não apresenta maiores diferenças com relação à execução no show em Viersen.

Na sequencia temos a bucólica execução de 'Central Station', quebrando o ritmo intenso e arrefecendo um pouco o calor do público que em Leverkusen é completamente distinto da fria platéia de Viersen. Mas a empolgação cessa diante dos mágicos acordes impostos por Akkerman, sutileza, sentimentalismo e pungência que tragam a atenção de todos. Esta etapa do dvd mostra um pequeno trecho da entrevista com Akkerman onde ele afirma nunca querer executar mais do mesmo e que não suportaria uma rotina a la Rolling Stones, onde se acorda pela manhã já sabendo exatamente o que vai ser tocado durante à noite, isso para ele durante quarenta anos seria insuportável, mesmo com todo dinheiro advindo deste tipo de 'fábrica de fazer rock'. O nome perfeito para a próxima música - 'Heavy Treasure', marca pela aproximação com o típico blues que tanto agrada o guitarrista holandês, que por algumas vezes já tivera a oportunidade de dividir o palco com nomes consagrados do estilo, notadamente B. B. King.

'Pietons' surge na mesma configuração do evento anterior, Akkerman ao violão comentendo certas assombrações num clima bem blueseiro, mas hiper variado, sua guitarra realmente é ímpar! As viradas de bateria são outro ponto alto para este número, mas o grande destaque fica por conta do belo solo de baixo executado por Meischke. 'Tommy' encerra a apresentação de Leverkusen com o jeito especial do Focus de conceber rock progressivo, já que o mestre Akkerman executa o magistral solo de 'Eruption', muito bem assessorado pela atmosfera de Jeroen Rietbergen a la Thijs Van Leer. Aqui a platéia fica extasiada, aplaudindo-os efusivamente ao término do número.

Os extras trazem uma longa e excelente entrevista com o músico holandês, iniciando pela congratulação devido o lançamento do primeiro DVD e desfilando durante trinta minutos por diversos temas de relevância capital na carreira do artista. Interessante quando Akkerman cita que após a passagem pelo Focus ficou longo tempo sem tocar guitarra acústica, salvo a parceria psicodélica com Kaz Lux, até o encontro com o The Rosemberg Trio, despertando-lhe o gosto por execuções ao violão novamente, algo de farto neste DVD. Suas influências são perpassadas também: Charlie Christian, Wes Montgomery e obviamente Django Reinhardt, sem falar na admiração pelo grande Paco de Luccia e o famoso encontro de ambos.

Entretanto, a cena mais emocionante de toda a obra, é o take de Akkerman em seu galpão, ao lado de duas dezenas de guitarras, executando uma peça belíssima, bucólica, exageradamente sentimental e ainda assim com muita técnica, sem dúvida há algo de sofrido em toda aquela solidão. Viva o motoqueiro Jan Akkerman!
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