Marillion - Recital Of The Script - Progbrasil

Marillion

Inglaterra
www.marillion.com




Titulo: Recital Of The Script
Ano de Lançamento: 1983
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Gibran Felippe em 22/05/10 Nota: 10.0

 

Discoteca básica, fundamental

Discoteca básica, fundamental.

A capa do 'Script For A Jester's Tea' salta na tela de introdução do dvd, no quadro passa a foto de cada um dos integrantes desta lendária banda dos anos oitenta. Depois o corte para o palco do Hammersmith Odeon, em Londres, para o antológico show realizado em 1983, marcante por ser o princípio da caminhada junto ao estrelato. A abertura com a música título do álbum de estréia da banda apresenta, ao público, todas as armas do Marillion, vocais agressivos e, sobretudo, emotivos. Solos de guitarra entrecortados à base dos teclados e uma aura teatral capaz de hipnotizar a plateia presente. Já neste início fica claro que vale a pena prestar atenção na performance deste que foi o grupo progressivo mais popular nos anos oitenta.

A formação do grupo neste show é a mesma de sua fundação: Derek Dick nos vocais, o Fish, Mark Kelly - teclados, Steve Rothery - guitarras, Peter Trewavas - baixo e Michael Pointer na bateria. Agradável ouvir o show de teclados na introdução de 'Garden Party' e a interpretação sempre pungente de Fish, muito bem entrosado com os fãs, chegando a ponto de oferecer uma bebida para um felizardo. Na sequencia, uma das melhores músicas do grupo toma corpo, a mágica 'The Web', em que Fish, sempre em primeiro plano arrasa no seu destempero minimalista. Esta versão ainda consegue superar a de estúdio, mesmo com toda fidelidade e semelhança entre ambas, mas ao vivo os teclados de Kelly ficaram ótimos, sem contar que temos uma das mais belas melodias desenvolvidas pelo tecladista em toda fase inicial da banda. Rothery, que vinha com uma performance pra lá de discreta, também da o ar da graça com aquele solo maravilhoso, momento em que Fish aproveita para exercer seu apelo dramático despedaçando uma planta, num aspecto de tristeza profunda. Considero 'The Web' como a música que estabeleceu as bases de um movimento que começou de forma embrionária no fim dos anos setenta e tomou vulto após o estouro de vendas do Marillion, refiro-me ao tão contestado e adorado neoprog.

O destaque da bela 'Chelsea Monday' vai para os solos do genial Steve Rothery, uma vez que os teclados funcionam apenas como base, deixando o primeiro plano instrumental para o guitarrista que comanda toda a música. Difícil nesta etapa do show não traçar um paralelo com a configuração de palco do grupo e o Genesis, pois coincidentemente os integrantes do Marillion também atuam de forma extremamente discreta, nunca ficam em primeiro plano e pouco se movimentam no palco, as execuções até nos momentos de maior arroubo são contidas, permitindo a Fish explanar toda sua dramaticidade e gestual no palco de forma soberana, além de centralizar a comunicação com o público. Bons temos os idos dos anos oitenta, onde as gravadoras investiam pesado em grupos iniciantes, pois nesta época o Marillion não passava de um iniciante, mas impressiona em 'He Knows You Know, como o público presente já cantava toda a letra junto com Fish, algo inimaginável nos dias atuais, para um álbum lançado oficialmente no ano anterior. O fato é que naquela época, muito antes do lançamento oficial as rádios já executavam potenciais hits dos grupos e assim já criava uma percepção e apreço nos consumidores, deixando o campo aberto para a consolidação em vendas na ocasião do lançamento oficial do disco.

Um dos momentos apoteóticos do show surge na execução da antibelicista 'Forgotten Sons', em que Fish descarrega toda sua arrelia contra aqueles que impugnam crianças para guerras infrutíferas e violentas. Michael Pointer faz grande papel na execução da bateria, harmonizando em completa perfeição com o gestual de Fish, que utiliza o pedestal do microfone como encenação de uma arma. Após o êxtase deste número, 'Market Share Heroes' levanta de vez o público londrino e coloca fogo no show com todos em delírio e cantando em uníssono com Fish num movimento maravilhoso.

O evento encerra-se com 'Grendel', não cabem muitas palavras aqui, até porque a impressão que paira no ar é o devaneio de que a criatura, por um instante, supera o criador! Fish e Rothery estão simplesmente magníficos. Este número, sem dúvidas, está na galeria dos melhores momentos deste gênero tão ímpar que é o rock progressivo. Para levantar da poltrona e aplaudir de pé! A admiração e encanto do público durante a execução da música comprova a excelência e performance da banda.

Nos créditos finais aparece um agradecimento especial ao Peter Hammil, porém não informa o motivo, além do registro de que esta foi a última exibição de Mick Pointer com o grupo. O dvd traz alguns bônus, com trechos da apresentação no Marquee em 1982. A curiosidade fica por conta do surgimento de algumas pessoas na plateia que também estavam presentes no show do Hamersmith Odeon, fazendo jus à máxima daquilo que é bom, vale a pena repetir. Pra fechar, um breve monólogo em que Fish contextualiza estas primeiras apresentações do grupo, deixando claro que o recebimento acalorado por parte do público, já possibilitava vislumbrar a grande jornada que este grupo iria cumprir no cenário musical dos anos oitenta.
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