Discoteca básica, fundamental
Discoteca básica, fundamental.
O Maxophone, lendária banda italiana dos anos setenta, contendo em seu currículo um dos melhores trabalhos progressivos de todos os tempos, filho único, diga-se de passagem, ressurgiu de um longo período de hibernação, quase trinta anos, para em 2005 presentear o público com o lançamento deste cd/dvd, contendo algumas músicas inéditas perdidas da década de setenta que iriam compor seu segundo álbum, versões das músicas do clássico 'Maxophone' e uma bela entrevista nos dias atuais com todos os integrantes do grupo: Roberto Giuliani - guitarras e voz, Sergio L'attuada - teclados, órgão, piano e voz, Maurizio Bianchini - xilofone, trompa, oboé, percussão e voz, Alessandro Lorenzetti - bateria, Leonardo Schiavone - clarinete, flauta e saxofone e Alberto Ravasini – baixo, violão e vocais .
O material é luxuoso, produzido com muito esmero pela gravadora italiana btf, possuindo na capa uma borboleta símbolo do ideal de louvor à natureza típico dos anos setenta, um livreto com uma análise do material disponibilizado e também da carreira do Maxophone, além de diversas fotos dos integrantes em ação nos palcos em sua plenitude. Embora o cd tenha seus atrativos, o grande momento desta obra reside de fato no material do dvd.
O show data de 1976, quando o grupo se apresentou no programa 'Concertino' dirigido por Lucio Testa para a rede RAI de televisão italiana. A abertura com 'C'É Um Passe Al Mondo' é de arrepiar, a guitarra de Giuliani está um aço, a combinação dos sons delicados do piano, com a diversidade dos metais, principalmente o sax a cargo de Schiavone, é magistral. A fidelidade para a versão original impressiona, os vocais de Ravasini parecem até playback de tão idênticos ao estúdio, tanto pelo timbre, quanto pela entonação.
A apresentação ocorre de forma intercalada com as entrevistas, artífico interessante para contextualizar as principais passagens do grupo em sua meteórica carreira, mas aqueles que não estiverem mais dispostos a ver a entrevista, o dvd disponibiliza a sequencia na íntegra dos números musicais sem interrupções. O segundo número é a música que considero mais marcante do grupo: 'Al Mancato Compleanno Di Una Farfalla'. O início com Ravasini em primeiro plano ao violão é deslumbrante, acompanhado em seguida pela flauta de Schiavone e a trompa de Bianchini. Após este set acústico o grupo emenda naquele hardão a la Museo Rosenbach, mas sem desmerecer o Museo, os integrantes do Maxophone conseguem atingir um patamar absurdo, tamanha a virtuosidade dos músicos. Ao vivo a banda consegue o impossível, superar as maravilhosas versões de estúdio.
Neste momento o dvd interrompe o show, retornado para um dos momentos mais pungentes, quando Sergio L'attuada retorna após trinta anos para a localidade onde fizeram as fotos do encarte do clássico disco de 76. É mágico como após tanto tempo, o local guarda todas as suas características originais, o rio, os arbustos, as árvores, as flores, tudo na mais perfeita harmonia e beleza. Quando ele aponta o local onde estava o pequeno barco e suas cabaças é de chorar... Na sequencia temos o terceiro número da apresentação da RAI, a fenomenal 'Fase', em que o duo de metais - trompa e oboé dão o tom em conjunto com a força da guitarra. Aqui pela primeira vez em primeiro plano um dos instrumentos ícones do grupo, o estupendo xilofone de Bianchini.
Para encerrar, o grupo traz novamente a mistura de jazz, progressivo, linhas vocais a la PFM, música erudita e uma vibração impressionante na interpretação de 'Antiche Conclusioni Negre', já pagando o investimento com sobras. Ainda que pese a curta duração do registro, já é suficiente para deleite de todos que esperavam ver o Maxophone em ação nos anos setenta, com qualidade de som e imagem. Mas a obra não fica por aí, é claro que consegue unir em pleno ano de 2005, todas estas feras para uma sutil e intimista interpretação de 'Mercanti di Pazzie'. Este dvd é daqueles pra se assistir infinitas vezes. |
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