Discoteca básica, fundamental
atenção proggers curiosos: aqui começa o período de 1976-1978 da discografia de Schulze, com vários discos recomendados. é período mais prog de schulze. continue lendo.
Klaus Schulze - Moondawn (1976)
Mais um novo patamar é atingido por Schulze no sexto álbum, Moondawn. Tecnologia de estúdio e instrumentos musicais colaboram para criar gravações com a melhor qualidade de áudio até aquele momento. Além da qualidade de áudio, a qualidade musical fazem de Moondawn a primeira de um trio de obras-primas de Schulze.
Moondawn abre o período 1976-1978, que é o apogeu da discografia de Schulze, período marcado pela máxima aproximação da estética de Schulze com o rock progressivo, através de uma crescente sensibilidade melódica e principalmente da colaboração com o baterista Harald Grosskopf (Wallenstein, Ash Ra Tempel, Cosmic Couriers). Moondawn segue o padrão dos discos anteriores, com uma faixa de quase 30 minutos para cada lado do disco na edição original em vinil.
É importante notar que este texto se refere a edições de Moondawn que contém a versão original da "Floating", ou seja, a que foi editada no vinil original, e nas edições produzidas pelo editor de Schulze: o chamado "Moondawn - The Original Master" (Manikin Records, 1995) e a reedição "Moondawn", de 2005, pelo selo InsideOut/Revisited Records. As edições em CD mais antigas apresentam uma edição de "Floating" com a adição de várias camas de teclado logo no início, uma má decisão que quebra o clima dos primeiros minutos da música.
"Floating" é a declaração definitiva da chamada Berlin School. É introduzido por uma voz recitando uma oração, e efeitos eletrônicos aquáticos iniciam uma dança. São os mesmos efeitos ouvidos desde Cyborg, mas agora com mais elegância e experiência, mais estética. Esta organização de sons vai dando lugar às longas notas melancólicas características de Schulze, e uma pulsação vai surgindo muito sutilmente. É esta pulsação grave em ping-pong que guia o restante da música, gradualmente crescendo até dominar o arranjo, ocasionalmente mudando as notas.
Estética semelhante havia sido produzida por Tangerine Dream no ano anterior, com Rubycon, mas Schulze opta por uma estética mais limpa, ou pura, livre da multidão de efeitos sonoros fantasmagóricos característicos do Tangerine Dream. Em Moondawn são apenas notas musicais fazendo o serviço, com um único timbre de efeitos sonoros para embelezar a música. Essa estética marca a maior parte da produção de Schulze.
A bateria vem sempre acompanhando a pulsação grave, dando os sons da parte mais aguda do espectro sonoro, sendo responsável também pela variação musical, complementando a batida marcada do sequencer. Os demais sons são as tradicionais camas de teclado em sequências harmônicas, e solos também ao longo de toda a música. Como o nome indica, "Floating" é um som um tanto jazzístico - apesar de Schulze o descrever como "rock". É um arranjo que leva boa parte dos 27 minutos crescendo em intensidade, até sustentar um clímax durante um tempo, para depois se desmanchar, ao final da música. O título, que significa "Flutuando", descreve bem a música.
"Mindphaser" começa semelhante à "Wahnfried 1883" do álbum anterior. Harmonias melancólicas novamente, com muitos efeitos sonoros. O arranjo é mais ou menos estático, até que lá pelos 10 minutos, praticamente sem aviso, surge um enorme som de órgão, substituindo todos os sons. O restante da música é uma intensa excursão progressiva de bateria e órgão, com efeitos sonoros. Como é de costume, é mais uma evolução de obras anteriores. Desta vez as referências são "Mental Door" - por acaso, de nome semelhante - do disco Picture Music (1973), e, na intensidade do uso de acordes de órgão, a música também remete a "Ebene" (Irrlicht, 1972).
Moondawn é um dos melhores álbuns para se conhecer o estilo clássico de Schulze, principalmente para ouvintes de rock progressivo. É uma obra-prima da eletrônica, que lança uma vasta sombra sobre tudo que é feito no gênero, principalmente no estilo da chamada Berlin school.
A atual edição de 2005 pela Revisited Records segue o alto padrão dos demais álbuns. A diferença já comentada em "Floating" já faz desta edição essencial para um fã e para uma apreciação ideal da música. Mesmo quem nunca ouviu antes, recomendo que ouça primeiro esta versão. Há a faixa bônus "Floating Sequence", uma redução do arranjo, um remix de "Floating", que mostra só a sequência eletrônica, a bateria e alguns efeitos sonoros, sem as harmonias e solos de sintetizador. A duração também é reduzida de 27 para 21 minutos, cortando a introdução.
Já a edição da Manikin Records, fora de catálogo, incluiu uma faixa bônus chamada "Supplement", que é remix de "Mindphaser", contendo apenas órgão, bateria e efeitos sonoros. Se esta faixa tivesse sido resgatada, teríamos tido como em Timewind um segundo CD de Moondawn inteiro de bônus, com um remix completo do álbum. De qualquer forma, estes dois remixes são de interesse principalmente a fãs, pouco acrescentando musicalmente - apesar de que, a qualidade de Moondawn dispensa qualquer adição. |
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