Altrock Chamber Quartet - Sonata Islands Goes to RIO - Progbrasil

Altrock Chamber Quartet

Italia




Titulo: Sonata Islands Goes to RIO
Ano de Lançamento: 2012
Genero:
Label:
Numero de catalogo: ALT28

Revisto por Renato Moraes em 16/08/12 Nota: 9.0

 

Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo

Uma das premissas do movimento Rock in Opposition era demonstrar que o rock podia ser algo mais do que apenas música para dançar. O rock progressivo do início dos anos 1970 já havia dado esse passo, mas as bandas queriam ir além, queriam mostrar que o rock podia ser tão complexo quanto a música erudita contemporânea ou o jazz improvisado. Bem, eles tiveram muito sucesso nisso e deixaram um legado. O CD Altrock Chamber Quartet é um deles, que é executado pelo quarteto italiano derivado do grupo Sonata Island, que se dedica à música contemporânea italiana. O Altrock Chamber Quartet é formado por flauta, clarinete, violino e cello, com piano como convidado em uma faixa. A banda interpreta Fred Frith, Univers Zéro, uma reconstrução de Thinking Plague, Yugen, além de composições próprias. Isso coloca uma divisão no CD, as interpretações R.I.O. e as composições dos membros da banda. É impressionante como as interpretações das bandas R.I.O. ficam boas e não são muito diferentes das composições do quarteto e ainda se adaptam tão bem ao quarteto de câmara. De Fred Frith três composições foram escolhidas, Snake Eating its Tail, que abre o CD da banda Cosa Brava, um dos seus maiores clássicos Norgarden Nyvla e Hands of the Juggler. Em Snake Eating its Tail, a flauta substitui a percussão e cello e violino ficam por conta do dueto violino –guitarra, fantástico. Norgarden Nyvla foi composta para ser executada junto com o Samla Mammas Manna no álbum Gravity, aqui o quarteto aposta nas passagens mais calmas para aproveitar a graça e o lado folk da composição. Em Hands of the Juggler, também do álbum Gravity, as variações entre quietude e complexidade são exploradas. Com essas três composições de Fred Frith, o quarteto conseguiu fazer um apanhado do que o movimento R.I.O. tinha em suas bases, complexidade, aspectos da música folclórica e rock! Início sensacional. Rething Plague é o rearranjo e recomposição da faixa Love do Thinking Plague, feita pelo flautista Emilio Galante, e em que ele explora a flauta e o clarone ao máximo! Presage do Univers Zéro ficou muito boa, os instrumentos se alternam e praticamente conseguem substituir com êxito e executar de maneira muito bonita a faixa, de forma contemporânea! Para quem conhece a peça original pode sentir falta do peso da bateria e do baixo no final explosivo, mas o quarteto imprime, no mínimo, grande elegância no arranjo feito para a composição de Daniel Denis. Land Arf é do pianista convidado, Massimo Giuntoli, que mistura minimalismo, na linha dos trabalhos mais recentes de Steve Reich, com a complexidade, nas harmonias e no desenvolvimento, usada por bandas como Yugen ou Volapuk. Brachilogia, do primeiro CD da banda Yugen, explora a complexidade máxima dos contrapontos e da atonalidade. Distillando é do flautista Emilio Galante e é uma composição que lembra algo entre Philip Glass e Fred Frith, com belo desenvolvimento do violino, contrapontos, fugas, e muita tensão. Tiziano Popoli é o compositor de Crossroads, músico italiano que participa do grupo N.O.R.M.A. que já gravou com Chris Cutler, a composição é contemporânea, mas com alma italiana, o final, por exemplo, parece uma canção folclórica italiana. O CD fecha com Luogui Che Aspettano, composta por Stefano Zorzanello, saxofonista que já tocou e gravou com Fred Frith e com o grupo N.O.R.M.A; a composição é bastante complexa, com contrapontos complexos e belo desenvolvimento. Este CD vem provar o quanto a ideia original do movimento R.I.O. é certa, muitas coisas boas, bem feitas, de bom gosto e de altíssima qualidade podem e se derivam do rock! Para quem gosta de R.I.O. o CD tem muita coisa especial, ouvir clássicos com interpretações de câmara é fantástico. Perceber as nuances de um quarteto executando composições idealizadas originalmente para por bandas de rock e esse material misturado com composições feitas para o quarteto e sentir que a música não tem fronteiras nem rótulos, isso é o que consegue conjugar da melhor maneira o que se entende por PROGRESSIVO. O CD ainda tem uma graça, especial para nós brasileros, que é uma caixa de violino preparada para viagem e com uma foto do Rio de Janeiro, já que o CD se chama Sonata Islands Goes to RIO!

1 - Snake Eating Its Tail (Fred Frith)
2 - Norrgarden Nyvla (Fred Frith)
3 - Hands of the Juggler (Fred Frith)
4 - Rethinking Plague (Emilio Galante baseado em Love de Mike Johnson)
5 - Présage (Daniel Denis / Univers Zero)
6 - Land Arf (Massimo Giuntoli)
7 - Brachilogia (Francesco Zago / Yugen)
8 - Distillando (Emilio Galante)
9 - Crossroads (Tiziano Popoli)
10 - Luoghi Che Aspettano (Stefano Zorzanello)

Emilio Galante - flauta, piccolo
Valerio Cipollone - clarone, clarinete
Andrea Pecolo - violino
Bianca Fervidi - cello
Progbrasil