Deep Purple - Machine Head Live 1972 - Progbrasil

Deep Purple

Inglaterra
http://www.deep-purple.com/




Titulo: Machine Head Live 1972
Ano de Lançamento: 2002
Genero:
Label:
Numero de catalogo: 54444

Revisto por Gibran Felippe em 15/06/08 Nota: 8.0

 

Ótimo trabalho, disco de cabeceira

O grupo britânico Deep Purple já havia iniciado uma trilha de sucesso a partir dos seus primeiros discos, sempre chamando a atenção de crítica e público para seu hard altamente trabalhado e com grandes destaques instrumentais, porém essa trilha ficou realmente iluminada por conta do lançamento do seu álbum mais proeminente; "Machine Head". A partir desse monumental trabalho, para muitos o maior disco de hard em todos os tempos, a banda ingressou ao panteão dos maiores nomes da época e suas turnês passaram a ser longas e extremamente concorridas. "Machine Head Live 1972" aborda justamente um desses momentos, na fria Dinamarca, um registro histórico e representativo da carreira do grande Deep Purple.

A formação clássica não deixa margem a qualquer tipo de frustração: Jon Lord - teclados, Ian Gillan - vocais, Ritche Blackmore - guitarras, Ian Paice - bateria e Roger Glover - baixo. É uma oportunidade de ver em ação dividindo o mesmo palco, os controversos Gilan e Blackmore, algo que se tornaria raro alguns anos depois, para despeito dos milhares de fãs do grupo mundo afora. O entrosamento da banda é contagiante, tocando fogo na platéia dinamarquesa.

As imagens em preto e branco podem deixar o público jovem um tanto quanto atônito, afinal lá se vão mais de trinta e cinco anos, imaginando assistir algo da época dos seus avôs, mas cessando esse impacto inicial, a força do Deep Purple mostra-se presente, abrindo com o seu grande petardo "Highway Star". O interessante desse show é que as versões estão bem distintas das originais, dando vazão a uma série de improvisos, num palco pequeno. Logo de cara percebemos Blackmore fazendo ajustes nos equipamentos, afinal de contas, naquela época o staff do grupo deveria ser diminuto. Nessa música inicial, destaca-se a performance de Jon Lord, o que ele toca no hammond é um arraso, entretanto Blackmore não teve a mesma presença, seu solo ficou bem descaracterizado, muito truncado e com algumas ausências de notas significativas. Deve se levar em consideração que a qualidade do som não estava das melhores. Na sequência quem dá as cartas é Ian Paice em "Strange Kind Of A Woman", a batera dessa música ao vivo ficou muito boa. Se na anterior Gilan parecia meio travado, se aquecendo ainda, aqui ele está totalmente solto e mostrando o vozerio tão característico com agudos fantásticos, uma de suas marcas registradas. Nessa segunda música já se pode perceber a propensão da banda aos improvisos e longos solos de guitarra, é também a partir desse ponto que as câmeras se voltam um pouco para a platéia também e nota-se cada figura que não é brincadeira, chega a ser hilário de tão viajante, puro espírito de liberdade que somente o rock and roll é capaz de produzir. Temos em "Strange Kind Of Woman" o primeiro duelo entre Gilan e Blackmore, momento simplesmente antológico!

Na seqüência chega-se à apoteose total, o grande momento do show, já nas notas iniciais do teclado de Lord o público vai ao delírio. Nada mais, nada menos que uma das maiores músicas de rock em todos os tempos e o carro chefe do grupo - "Child In Time", numa versão estendida e absolutamente deslumbrante. A combinação de solos entre teclados e guitarras é bem equilibrada, ao contrário da maioria das músicas, onde notamos uma presença muito maior do Blackmore, a rigor em "Child In Time" o destaque maior fica mesmo para o mestre John Lord que conduz um anticlímax extasiante, numa suavidade que arrepia, evoluindo com uniformidade para a nova explosão que o grupo provocaria no andamento da música, com Gilan fazendo-se de percusionista a maior parte do tempo, até mesmo para poupar um pouco a voz, pois não é fácil soltar a garganta daquela forma. Acredito que ao longo da história do hard, o nome do Deep Purple esteja relacionado a um significado onomástico por ocasião de interpretações como essa, pois "Child In Time", nos seus mais de quinze minutos faz esse dvd valer a pena.

Em "The Mule", Ian Gilan não tem o menor pudor em associar-se à temática satânica, tão reverenciada pelas bandas de hard, posteriormente as de metal, que teve seu primeiro recado na música dos Rolling Stones, mas sinceramente depois de "Child In Time" soa como um balde de água fria. O som fica pavoroso, mal se ouve os teclados e o riff tão tradicional, salvou-se pelo número de Paice. O turbilhão de improvisos continua numa das músicas que mais curto do Purple; "Lazy". A introdução é bem forte com incidência psicodélica, lembrando algumas bandas viscerais do Krautrock, tipo Ikarus e Kin Ping Meh até desaguar no rif super conhecido do público, provavelmente o mais popular ao lado dos marcantes de "Black Night" e obviamente "Smoke On The Water", entretanto "Lazy" tem um quê especial, aquela batida do blues sessentista americano, acetuando-se ainda mais pela gaita executada por Gilan. Como na maioria das músicas, as atenções ficam voltadas para os longos solos de Blackmore, há de se destacar que seus melhores improvisos estão justamente nessa música, culminando com um final matador com grande destaque. No caso de "Space Trucking" não há muito o que relatar, apenas que temos o maior solo de John Lord em todo o show, ficando claro porque ele está entre os melhores tecladistas de sua geração, num movimento de aproximadamente dez minutos pautado com muita inspiração, técnica e alma. Se tivesse que escolher o melhor momento solo dentre todos executados pelos integrantes do grupo, não hesitaria em apontar esse solo do Lord, nota 10 e a sequência no dedilhado chorado do Blackmore serve para engrandecer ainda mais esse momento.

Após essa longa sequência creio que o dvd já deixaria qualquer admirador do grupo satisteito, mas ainda assim a banda retorna para três números no seu bis e a zoeira é geral, a qualidade do som é precária, embolando por diversas vezes, mas não tem nada mais contagiante que um bis de um medalhão do hard, o clima fica perfeito e isso é que vale para êxtase de uma platéia enfeitiçada. Destinam até um espaço para um número inusitado de "long time ago" conforme palavras do Gilan, o clássico "Lucille". Em que pese praticamente a ausência total de extras, é muito agradável ver o Purple na flor da idade. "Black Night" encerra a festa na Dinamarca, para um público que se soltou de vez com os famosos rifs da música em meio a diversas microfonias...
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