Fantástico, vai rolar direto no meu som
Baseado na composição clássica de Mussorgsky, trata-se de um álbum
conceitual do ELP, pavoneado de muitos prós e alguns contras. Pesa a
favor o fato de ter sido realizado ao vivo, afinal de contas, ELP in
concert sempre significou eventos memoráveis, todavia esse mesmo fato
de ter sido realizado ao vivo, tirou do mesmo a possibilidade de
acertos e ajustes que são propícios das gravações em estúdio,
mesmo valendo-se dos serviços do mago Eddie Offord.
?Pictures At An Exhibition? possui grande exuberância devido ao
talento do power trio, apesar disso, como foi desenvolvido num formato
típico de jam session, permite alguns excessos por parte de Keith
Emerson e não poderia ser diferente, já que essa adaptação permeava
a mente do tecladista antes mesmo do álbum de estréia do grupo e como
a gravadora não percebia potencial para editar esse trabalho, a única
maneira que a banda encontrou de satisfazer seus anseios foi executá-lo
ao vivo e oferecer à gravadora após a aclamação empolgante de um
público extasiado em 71. Dessa forma, esse belo códice foi lançado,
mas não foi tarefa simples, a banda se comprometeu a entregar o
?Tarkus? na mesma ocasião, sendo ?Pictures At An Exhibition?
uma espécie de álbum bônus e dessa forma a banda obteve a anuência
da gravadora para o seu lançamento.
?Pictures At An Exhibition? é ímpar e peculiar na carreira do ELP,
além do aspecto de ser ao vivo, se desenvolve como mix de arranjo de
compositores clássicos, Mussorgsky e Tchaikovsky e composições
próprias, numa espécie de parceria atemporal. Em diversos momentos
transmite a ligeira impressão de ser um mero exercício de
virtuosismo, onde a banda pode mostrar todo o arsenal de variações
rítmicas, quebras seqüenciais de compasso, pausas e momentos velozes
com a agilidade conhecida dos músicos, mas também trechos melódicos
a cargo do genial Greg Lake.
É perceptível que ?Pictures At An Exhibition? não conseguiu
emplacar de fato nenhuma música na discografia do grupo, ou seja,
quando rememoramos as grandes músicas do ELP, provavelmente ninguém
ou poucas pessoas vão citar alguma composição desse trabalho, mesmo
assim é relevante frisar que o mesmo obteve grande sucesso de vendas,
sendo ainda hoje muito admirado pelos amantes do rock progressivo.
Particularmente, considero as melhores músicas ?The Sage? e ?The
Curse Of Baba Yaga?, justamente as de composição exclusivamente da
própria banda, onde fico questionando a possibilidade de uma
produção genuína, ao invés de ter enveredado por uma adaptação de
uma peça clássica.
?Pictures At An Exhibition? possui importância relacionada ao fato
de que a partir desse concerto, o ELP provou que não existem regras
para a sua musicalidade, extrapolando os limites do rock convencional,
aproximando-o por inteiro ao virtuosismo da música clássica, algo
complexo em se levando consideração a escolha que recaiu na virtuose
de músicos eruditos russos.
Comparado a outros trabalhos da banda, ?Pictures At An Exhibition?
deixa um pouco a desejar por ser muito visceral e também por ser menos
equilibrado nas contribuições dos músicos. A maior parte do show é
dominada inteiramente por Keith Emerson, fato que não ocorre nos mais
equilibrados ?Emerson, Lake And Palmer? e ?Brain Salad Surgery?
que considero superiores. A versão remasterizada do cd traz uma amostra
da performance da obra em estúdio, gravada em 93 e para meu paladar, a
considero bem mais equilibrada e sinfônica que a versão original.
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