Fantástico, vai rolar direto no meu som
Dois concertos do compositor Graham Collier. Jazz, free-jazz, bigband, categorize como você achar melhor, mas a melhor designação para a música desses dois CDs é: jazz inglês da melhor qualidade possível. Na formação temos, entre outros, nomes como Karl Jenkins, John Surman, Harry Beckett, Kenny Wheeler, Mike Gibbs, John Marshall e Roger Dean. Conexão direta com os primórdios do Nucleus, Brotherhood of Breath e Soft Machine. O primeiro CD foi gravado ao vivo em Southampton, Inglaterra em março de 1968 e envolve banda de doze músicos, com três trompetes, três saxofones, dois trombones, vibrafone, baixo (Graham Collier) e bateria; alguns músicos também tocam outros instrumentos. Não seria heresia nenhuma dizer que Graham Collier dá as suas composições o tom lírico de Duke Ellington e a dinâmica de Charles Mingus. Nesse concerto são apresentadas três composições: a dinâmica e estonteante Deep Dark Blues Centre, em que apenas algumas frases e determinadas seqüências foram escritas e a banda definiu o rumo e dinâmica dos entremeios, mas com resultado chocante! Muita energia nos solos e muita coesão da banda. A faixa transiciona diretamente para a mais calma The Barley Moon em que a flauta começa com motivo oriental, o tema tocado pelos metais e o vibrafone ao fundo geram combinação sublime. A suíte Workpoints tem quatro partes num total de 50 minutos; boa parte foi escrita, mas muito espaço é deixado para que a liberdade dos músicos defina a evolução da música; cada parte se inicia de maneira calma misturando ritmos fortes ao Bebop, ao New Orleans, flamengo e Blues, além de solos poderosos de todos os músicos, incluindo bateria e vibrafone. Apesar de inúmeras referências ao jazz americano e tradicional, Workpoints é obra prima do jazz inglês que até pouco tempo estava fadada ao esquecimento.
O segundo CD foi gravado ao vivo em Middleheim, Bélgica em Agosto de 1975, sendo que Graham Collier e seu baixo foram acompanhados por quinteto de trompete, sax, guitarra, piano e bateria. A banda tem som mais moderno em virtude da presença da guitarra e do piano elétrico, mas a qualidade sonora não é tão boa quanto o concerto de 1968, apresentando estática em alguns trechos e com o som da guitarra variando o volume no início da primeira faixa. O concerto começa com Little Ben, peça bastante energética com bons solos de guitarra e piano e bela interação entre os metais durante o tema principal. Under The Pier, belo blues, com solo de guitarra matador. Darius é a suíte do CD, com 40 minutos, e me lembra algo de Miles Davis no final dos anos 60, antes de Bitches Brew, algo como Miles in the Sky, mas já com um pé no free-jazz. Clear Moon e Mackerel Sky, balada e blues escritos para uma big band suéca tendo Harry Beckett e Ed Speight como convidados, foram re-arranjadas para sexteto e aparecem aqui com os dois músicos convidados na formação da banda. Só não é perfeito pela estática que aparece em parte do CD, mas demonstra a criatividade de Graham Collier como grande compositor do jazz britânico.
CD 1
Deep Dark Blue Centre - 18:13
Barley Mow - 5:45
Workpoints, Pt. 1 - 12:46
Workpoints, Pt. 2 - 10:14
Workpoints, Pt. 3 - 11:17
Workpoints, Pt. 4 - 16:33
CD 2
Little Ben - 18:50
Under the Pier - 6:00
Darius, Pt. 1 - 9:27
Darius, Pt. 2 - 13:18
Darius, Pt. 3 - 8:01
Darius, Pt. 4 - 4:08
Darius, Pt. 1 (Reprise) - 6:33
Mackerel Sky - 6:29
Art Themen - sax soprano e tenor; Chris Frazer Smith – trombone; Dave Aaron - flauta, sax alto, soprano e tenor; Ed Speight – guitarra; Frank Ricotti – bongos e vibrafone; Graham Collier – baixo; Harry Beckett - trompete, flugelhorn; John Marshall – bateria; John Mumford - trombone, sinos; John Surman - piano, clarinete baixo, sax baritono e soprano; Karl Jenkins - piano, oboé, sax baritono e soprano; Kenny Wheeler - trompete, flugelhorn; Mike Gibbs - trombone
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