Ótimo trabalho, disco de cabeceira
Gravado em 1979, à época de Pink Floyd - The Wall, o primeiro disco de Nick Mason foi lançado dois anos depois. Os músicos aqui presentes são da Carla Bley Band, como o baixista Steve Swallow e o trumpetista Michael Mantler, respectivamente marido e ex-marido da
pianista Carla Bley, compositora de todas as músicas. Pois bem, Nick Mason levou a marca Pink Floyd para o disco, hoje fora de catálogo.
Além de exímios músicos de jazz, o disco conta com Robert Wyatt
no vocal, ex-baterista do Soft Machine. Em outras palavras, temos um disco de Carla Blay com Nick Mason e Robert Wyatt como convidados. Conste que Pink Floyd e Soft Machine já se encontraram nos palcos e
Robert Wyatt já cantou com o austríaco Michael Mantler.
Esse é um disco para fãs de Pink Floyd? Não. Para fãs de jazz? Não. Para fãs de Carla Bley? Não. É um disco sem segmento-alvo, em uma linguagem de marketing. Ok, vamos dizer que atrai tanto os fãs de Pink Floyd quanto os de Carla Bley, mas não atende nenhum dos dois.
As músicas são muito variadas, não há um ritmo preponderante. Vamos a elas:
CAN T GET MY MOTOR TO START: O motor do carro não funciona e temos que ouvir isso a música inteira. Vocais engraçados e metais fantásticos. Destaque para a harmônica. A vontade é mesmo de rir. Talvez seja loucura minha achar graça de uma música, mas essa é cômica. O ritmo, os vocais, os metais, a bateria quase marcial de Mason.
I WAS WRONG: Primeira aparição da voz única de Robert Wyatt. Os primeiros onze segundos alertam: virá um jazz de alto nível. Mas não vem. Basicamente, Steve Swallow domina a música no baixo com
intervenções dos metais entre uma estrofe e outra e uma bateria bem Mason. Destaquemos o solo de sax de Gary Windo.
SIAM: O início alerta: teremos uma linda balada com toques de jazz. Mas o início nos engana. O baixo e a guitarra repetem certas notas com uma bateria bem devagar e um vocal sonolento. Parece que o
disco trancou, mas tenho carinho pela música.
HOT RIVER: O disco é exótico, mas aqui temos uma das canções mais lindas do século XX. Robert Wyatt e Karen Kraft alternando vocais, bateria cheia de firulas, muita guitarra (Chris Spedding) solando com emoção, hammond marcando presença e poucas e perfeitas notas do piano
de Carla Bley. Lindíssima, maravilhosa, com destaque para o baixo de Steve Swallow fazendo parte da melodia.
BOO TO YOU TOO: Big band + rock, várias vozes. Há espaço para os metais solarem, mas é um tanto frustrante depois de ouvirmos Hot River.
DO YA: Eu repito: O disco é bizarro, mas temos outra das mais lindas canções dos anos 70. Michael Mantler solando seu trumpete magnificamente e Robert Wyatt cantando com sua profunda melancolia "I try, God knows I try". Essa música foi feita para vocal e trumpete. Maravilhosa.
WERVIN: O riff inicial alerta a chegada de OVNIs à Terra. É o que me parece o órgão de Carla Bley. Baixo muito grave e piano idem. Não acrescenta muito.
I M A MINERALIST: Grande trabalho de órgão e vozes, com espaço para um rock n roll com solos de sax no final.
Não posso sugerir que você compre esse disco, pois na Amazon o CD usado sai por 75 dólares. Mas procure escutar. Fique com Hot River e Do Ya. Com base nesse disco, conheci Robert Wyatt, Soft Machine, Carla Bley, Steve Swallow. Enfim, teve seu valor ser um fã inveteradode Pink Floyd.
Nota B ou nota 8.
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