Discoteca básica, fundamental
Francamente, a veterana banda de progressivo Apocalypse parecia que ia ficar para sempre naquela situação de ´eterna promessa´, lançando bons discos, mas ainda assim abaixo da capacidade criativa dos seus integrantes. Tudo começou a mudar a partir do momento que entraram o baixista Magoo Wise e do vocalista Gustavo Demarchi. Ainda assim seus trabalhos mais careciam de certa audácia nos arranjos e nas composições. Com o surpreendente The Bridge Of Light fico feliz em anunciar que, finalmente, o Apocalypse lançou um disco realmente fenomenal, digno de todo o talento de seus membros.
Apesar de gravado ao vivo, este é um CD de apenas músicas inéditas, cantado em inglês e com todo um conceito atrás ligando as faixas. A banda desta vez acrescentou uma pegada mais forte na maioria das composições, chegando a lembrar alguns dos momentos mais progressivos do Uriah Heep por exemplo (a faixa de abertura é um boa amostra disso). Este peso extra deu mais potência à música da banda e também a deixou mais original e convincente. Os arranjos se mostram bem variados e de extremo bom gosto: solos entram e saem na hora certa, os vocais estão bem encaixados (Gustavo está cantando cada vez melhor e com um jeito cada vez mais só seu), enquanto que baixo e bateria demonstram um entrosamento absurdo.
Eloy Fritsch é um dos grandes destaques, com o uso bem mais agressivo dos teclados, seus belos timbres analógicos e intervenções certeiras. A guitarra do seu irmão Ruy também está mais rock, ainda que melódica e fluída. Até os backing vocais impressionam pela precisão. Mas tudo isso de nada adiantaria se as composições não tivessem amadurecido igualmente, mostrando uma banda capaz de variar muito sem perder a identidade e de formar um todo coeso do princípio ao fim. Sem vacilos, enrolações ou virtuosismos denecessários, The Bridge Of Light mostra-se um trabalho de grande impacto emocional, coerente e cheio de paixão.
Resumindo: uma das melhores surpresas deste ano. Um disco a ser ouvido com atenção e que mostra uma banda que chegou, enfim, ao seu auge criativo. E que, definitivamente, mostra que o Brasil está sim à altura dos melhores do ramo de qualquer parte do mundo. |
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