Pendragon - The Jewel - Progbrasil

Pendragon

Inglaterra
http://www.pendragon.mu/




Titulo: The Jewel
Ano de Lançamento: 1985
Genero:
Label:
Numero de catalogo:

Revisto por Francisco Kraus em 13/02/06 Nota: 2.0

 

Material para troca

Vou tentar não vou me alongar muito nesta "resenha" do primeiro disco do Pendragon - The Jewel.

Peço-lhes desculpas, mas não vale a pena.

Ao ouvir coisas como estas, quase me levo a concordar com um amigo sobre o mal da década de 80 sobre a música. Mas acabo por me lembrar de coisas legais daquela década, ainda que não fossem progressivas, mas com qualidade, dignidade e até um"q" de originalidade.

A música que abre o disco, "High Circles", é triste. Parece algo que tocaria em qquer pista de danceteria da época, ao lado de coisas como Wham! ou similares, com teclados com timbres pasteurizados, bateria com equalização de latinha com reverber, e vocais pop na pior concepção do termo. E estou escrevendo aqui ouvindo a versão remasterizada do mesmo.

O que se segue e uma amontoado de "idéias" do rock progressivo diluidas para facilitar a audição do novo mercado, fazendo com que o som nem pareça progressivo e muito menos pop. As guitarras carregadas de chorus chegam a me dar arrepios!

Impressionante é que o Marillion, quase contemporâneo do Pendragon, conseguiu não ser tão raso como seu par. Ainda que bebesse diretamente da fonte genesiana, tinha um tanto de conteúdo a mais.

Outra coisa que normalmente ouço em relação ao Pendragon, é sua proximidade ao Pink Floyd. Onde isso se encontra aqui? Em solinhos de guitarra com acento blues? Será que o Pink Floyd se resume a isso? Ou o Genesis? Do último nota-se a pior fase em "Fly High Fall Far", já sem o Hackett e com Colins arrasando o passado da banda.
Certa vez, antes de conhecer o Pendragon, se não estou enganado próximo a época em que eles estiveram aqui, li numa publicação algo do tipo que eles "tinham o mesmo valor que um cachorro morto numa vala a beira da estrada". Grosseiro, não? Ao ouvir este (desnecessário) disco, começo a não achar tão grosseiro assim.

Aos fãs da banda, peço antecipadas desculpas pelos, sinceros, comentários acima.

Aos que não a conhecem, o progressivo e os anos 80 têm muitas outras coisas infinitamente melhores que isso aos vossos ouvidos.
Revisto por Gibran Felippe em 01/12/05 Nota: 9.0

 

Extremamente bom, um clássico ro rock progressivo

Posso dizer que o Pendragon foi o catalisador principal para que meu paladar musical bandeasse com grande satisfação para o neo progressivo feito durante os anos 80, principalmente por ocasião do seu trabalho debutante: "The Jewel", não que esse seja o primeiro trabalho do grupo que travei contato. Na realidade, em meados dos anos 90 conheci o Pendragon através da audição do "The Window Of Life", mas meses depois, ao ouvir o "The Jewel", definitivamente passei a verter grande afinidade pela música esbelta do quarteto inglês.

A importância do Pendragon ainda se estende por um campo maior ao percebermos, que, juntamente com o Marillion e o IQ, foi uma das maiores influenciadoras de bandas surgidas na década seguinte e ainda hoje dentro do contexto progressivo. E muito se deve a esse álbum de estréia que está baseado numa proposta que alia uma revitalização dos elementos progressivos dos anos 70 com o frescor típico do rock convencional produzido nos anos 80, porém com muita isenção e qualidade, nunca descambando para o apelo comercial que acabaria por tragar dezenas de bandas clássicas da década de 70.

A única música contida na obra que realmente deixa a desejar um pouco é justamente o tema de abertura "Higher Circles", típica música linear, sem muitas variações, pouco inspirada, burocrática mesmo e na qual muitos proggers embasam suas críticas ao estilo neo progressivo, parece que tinha sido um mero aquecimento para o que viria depois e, diga-se de passagem, a continuidade do álbum em nada se assemelha a essa primeira música, todas as outras são muito superiores e não justifica tirar o mérito dessa produção por apenas uma música irregular.

"The Pleasure Of Hope" é quando passamos a conhecer a grande destreza dos músicos, guitarra chorada rasgando a alma, moog em profusão e uma cozinha quebrada principalmente nas linhas de baixo hiper instigante. Sem falar que Nick Barret consegue a proeza de ser um excelente vocalista também, conseguindo belos timbres tanto nos momentos melancólicos como nos mais vibrantes. A pureza cristalina das notas extraídas de sua guitarra o alçaram à condição de um dos principais instrumentistas de sua geração.

Vale destacar que algumas músicas dessa obra são proeminentes, tais como "Alaska", "Oh Divineo" e "The Black Night". "Alaska" em minha opinião é a melhor música do álbum e uma das melhores de toda a carreira da banda. Para ser sincero a considero, sem exageros, como um dos melhores momentos do rock progressivo nos anos 80. Nick Barret imprime dramaticidade nos vocais e nas guitarras dedilhadas na medida certa no primeiro movimento, mostrando ser um músico extra classe e Rick Carter destrói nos sintetizadores no segundo movimento, totalmente instrumental e contagiante para todos que curtem um bom rock progressivo.

Apesar de "Alaska" o carro-chefe desse trabalho ficou mesmo sendo "The Black Night", que hoje em dia já é composição clássica do grupo, obrigatória nos seus shows mundo afora e uma das mais apreciadas pelos fãs.

As principais influências do Pendragon se fundem na personalidade instrumental de cada componente:

- As guitarras de Nick Barret seguem a linha do Pink Floyd e Camel, outra similaridade é que assim como Gilmour ele também canta maravilhosamente bem.
- Os teclados, nessa formação, conduzidos por Rik Carter, são influenciados principalmente pelo Genesis.
- As linhas de baixo do aclamado Peter Gee seguem dois pilares do progressivo mundial: Doug Ferguson(Camel) e Klaus Peter Matziol(Eloy).
- Por fim a bateria da banda executada aqui por Nigel Harris em diversos movimentos possui uma linha parecida com a do Yes a partir da segunda metade da década de 70, imposta por Alan White.

Com todas essas boas influências, o Pendragon conseguiu em "The Jewel" um mix muito interessante e agradável, sendo necessário abandonar a superficialidade de audição para realmente apreciar toda a qualidade do grupo, que está longe de ser um mero clone de bandas setentistas como alguns insistem em afirmar em tom depreciativo, afinal na concepção da sua sonoridade a banda se apóia em diversas influências e não apenas numa só, o que já comprova certa originalidade e isenção nas suas músicas.

Em 2005 foi editado uma remasterização desse trabalho, com quatro bônus de canções compostas no início de carreira do grupo, que muito acrescentaram à obra original, sendo os dois últimos executados pelo tecladista e batera atuais, respectivamente Clive Nolan e Fudge Smith. Por esse motivo recomendo a aquisição desse lançamento remasterizado, o único problema é que trocaram a capa original por outra, quanto a isso não sei por qual motivo.

É notório que o Pendragon conseguiu uma evolução musical ao longo de sua carreira, muitos afirmam que a banda atingiu a maturidade dez anos depois desse álbum de estréia com o lançamento do "The Masquerade Overture" e uma respectiva tour mundial vitoriosa, inclusive com passagens por Argentina e Brasil com sucesso, mas na minha ótica, "The Jewel" continua sendo um dos melhores trabalhos do grupo em nada deixando a desejar perante os trabalhos posteriores.
Progbrasil