Discoteca básica, fundamental
Avanti! é o novo CD do quarteto canadense Miriodor. A banda está sempre atravessando novas barreiras e trilhando novos caminhos e, em minha opinião, é uma das bandas mais interessantes, ousadas e criativa dos últimos tempos. Para tentar algo novo, em Avanti!, o Miriodor tentou ao máximo trabalhar apenas com o quarteto, tendo colaboração de apenas três outros músicos, solistas em algumas faixas.
São sete faixas em que a banda explora muitas mudanças de tempos, temas e explora da um dos seus pratos prediletos que é a inserção de pequenos sons, aqui e ali. A banda trabalhou as sete faixas de maneira igual, pois o tempo varia entre 6 e 10 minutos, e o CD é tão bom e as composições tão uniformes que fica difícil destacar uma delas como a melhor do CD, todas são excelentes. Algo que chama muito a atenção é o uso de contrapontos intrincados, entre guitarra e teclados, e junto com o os sons dos teclados, em algumas faixas tem algo de Gentle Giant. Com certeza é o CD com as composições mais ousadas e de arranjos mais complexos, com muitas mudanças de tempo e temas que se juntam em um labirinto de sons. Bernard Falaise merece se desdobra entre muitos instrumentos e provavelmente é uma das forças na criatividade por trás da banda hoje, tocando guitarra, baixo, banjo, mandolim, teclados e arranhando um toca disco de vez em quando.
Envoútement abre o CD com série de atmosfera e barulhos estranhos até o baixo, bateria e guitarra entrarem sob atmosfera asfixiante de ruídos alucinados, que garantam o “enfeitiçamento” do ouvinte. Algo em que o Miriodor é mestre é em criar um tema central no qual vão se agregando instrumentos que o modificam até se tornar algo totalmente diferente, mas se fechando em um loop, pois a evolução disso leva ao tema original. Isso é explorado com maestria em Bolide Débile, que conta com adição de dois convidados no sax e trompete. La Roche começa com algo que parece uma canção de ninar, que evolui com delicadeza e graça até algo muito complexo e louco que poderia ser a trilha sonora de filme lisérgico infantil, como Alice no País das Maravilhas. Écart-Type é a faixa mais curta, mas a mais energética; detonante. À Determiner começa calma e, aparentemente, despretensiosa, mas evolui em uma das mais interessantes composições, em que o pessoal consegue mostrar toda a maestria e mudar um tema central em algo todo novo. Avanti! é o ponto mais alto do CD começando com sons estranhos que invadem sua mente, mas quando você se der conta, vai perceber que nada mais, nada menos é o Miriodor atacando em seu melhor CD, com muita energia, com Bernard detonando a guitarra, sobre uma teia de teclados no fundo sustentados pela sessão rítmica incrível e possante de Rémi e Nicolas. Réveille-matin é a última faixa do CD e fecha o CD com tensão crescente, que dá lugar a passagens mais calmas, mas ao mesmo tempo preocupante, pois algo lhe diz que você enganado e o ataque voltará com carga total. Bom, o melhor CD do Miriodor até então, não vou dizer que o próximo não vai superar esse, pois eu sempre erro nessa previsão e eles sempre vêm com algo novo e arrebatador!
Bernard Falaise - guitarra, banjo, mandolim, teclados, baixo, toca disco
Pascal Globensky - piano, clavinete, teclados
Nicolas Masino - piano, teclados e baixo
Rémi Leclerc - bateria, percussão e samplers
Convidados:
Marie-Chantal Leclair - saxofone soprano
Pierre Labbe - saxofone tenor e baritono
Maxime St-Pierre - trompete
1. Envoutement [Bewitchment]
2. Bolide Debile [Dare Devil]
3. La Roche [Meeting Point]
4. Ecart-Type
5. A Determiner [to Be Determined]
6. Avanti!
7. Reveille-Matin [Shadow of the Alarm Clock]
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