Obra-prima, irretocável
Doubt é o novo power trio de jazz elétrico formado por Alex Maguire (Hatfield and the North, Elton Dean, Michael Moore), Michel Delville (The Wrong Object, Comicoperando, TZGIV) e Tony Bianco (Dave Liebman, Paul Dunmall, Alex von Schlippenbach) e contando com a participação da lenda viva do Canterbury, Richard Sinclair, que toca baixo e canta em algumas faixas. A banda tem a potência do rock e a liberdade do free jazz e a modernidade do post-rock e do Nu-jazz. Uma das marcas da banda é o som da bateria, que é moderna com ritmos intensos e levada moderna que, por vezes, chega a lembrar música eletrônica, mas é tudo feito no braço. Com essa levada o pessoal consegue passear entre o jazz moderno, o rock, o free jazz, muitos improvisos, solos bem zappescos, alguma levada canterbury e uns toques de progressivo. CD muito inteligente e gostoso de ouvir, embora não seja fácil para os que não estão acostumados com as coisas mais abstratas do jazz. Com um pouco de insistência, no entanto, como todo bom vinho, ele vai revelando seus aromas e sutilezas.
Never Pet a Burning Dog apresenta oito faixas e não é possível atribuir estilo único para a música apresentada, que varia de faixa para faixa com muita criatividade. O CD abre com Corale di San Luca, faixa que mistura o lirismo do Canterbury com algo bossa nova e poderia estar tanto em um disco do Hatfield and the North como em um dos primeiros do Milton Nascimento. A faixa transita para Laughter, jazz-rock bem nervoso com muito groove, em que Sinclair manda bem com baixo pesado e o solo de guitarra com certo fuzz nos remete a algo estilo Hugh Hooper. Demais. Over Birkebot é bem free e tem solo de guitarra super Zappa que é seguido por solo de piano elétrico com bastante distorção, o solo é meio Soft Machine, mas o clima de fundo é bem Miles Davis. Sea começa com piano e bateria bem nervosinhos, e é interessante como o piano mais intimista se coloca sobre uma base furiosa! Passing Cloud é outra faixa com a participação de Sinclair e seu vocal bossa-canterbury. Cosmic Surgery é a melhor faixa do CD, começa com teclados em levada que me lembra Gentle Giant, mas logo fica bem pauleira e evolui para parte mais calma, com tema western, bem Morricone, com mellotron de fundo e bateria com levada moderna, seguida de uma sequência com ar música folclórica das Bálcãs, mas com solo distorcido de piano elétrico. Aeon é etérea e viajante. O CD conclui com Beppes Shelter na qual outro solo zappiano domina a primeira parte da faixa que continua com riffs pesados e solo de flauta nos sintetizadores. Michel Delville é a nova descoberta belga, o cara tem uma mão de Midas e tem feitos projetos sensacionais, com suas bandas belgas ou internacionais. Confira esse CD se você gosta de Canerbury, jazz-rock, Zappa, Morricone, Rypdal, Weather Report, Miles Davis e tudo o que é bom e criativo.
1. Corale di San Luca 3:05
2. Laughter 6:25
3. Over Birkerot 8:53
4. Sea 7:57
5. Passing Cloud 4:08
6. Cosmic Surgery 6:45
7. Aeon 7:28
8. Beppe s Shelter 8:16
ALEX MAGUIRE - teclados
MICHEL DELVILLE - guitarras
TONY BIANCO - bateria
with special guest
RICHARD SINCLAIR vocal (1, 5) baixo (1, 2)
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