Nexus - Detrás Del Umbral - Progbrasil

Nexus

Argentina
http://www.nexusarea.com.ar/




Titulo: Detrás Del Umbral
Ano de Lançamento: 1998
Genero:
Label:
Numero de catalogo: 0220

Revisto por Gibran Felippe em 04/02/11 Nota: 8.5

 

Fantástico, vai rolar direto no meu som

Fantástico, vai rolar direto no meu som.

Ao adquirir este cd do Nexus, antes da primeira audição verifiquei o encarte e na contra-capa há uma biografia do grupo, descrevendo a reunião inicial ocorrida no auge dos anos setenta, em que o sonho nunca parou até a concretização deste primeiro trabalho oficial em 1999. Em consonância com o texto biográfico, de forma paraela, identifica-se uma singela homenagem, provavelmente à sua maior fonte de inspiração, neste caso o Yes, como se pode observar através das palavras: 'A dream that brought those boys very Close To The Edge... up to the Gates Of Delirium. A dream sometimes Fragile.' Acontece que na audição das primeiras músicas, o ouvinte encontra muito pouco do Yes, mesmo com toda a alusão da contra-capa, algo que de certa forma pode soar meio decepcionante conforme a expectativa, principalmente, dos fãs do Yes. Porém, a contra-capa passa uma informação muito correta quando informa que o Nexus não se prende a nenhum estilo específico, esta é sua principal vantagem, pois torna o disco bem variado.

A introdução com 'El Despertar' remonta uma musicalidade medieval, com os teclados simulando gaita de fole, auxiliado pelo badalo de sinos e cordas sutis, funcionando como preâmbulo instrumental que rompe de fato com 'Condenados', apresentando o peso do grupo que flerta com o prog metal, mas se aproxima mesmo dos grupos da escola sueca dos anos noventa, notadamente o Anekdoten, pela melancolia e peso das guitarras, uma vez que os teclados ainda não aparecem em primeiro plano, contendo uma discreta execução. As letras em espanhol são entoadas com força no vocal feminino, conforme a formação do grupo: Lalo Huber - teclados e sintetizadores, Daniel Ianniruberto - baixo, Carlos Lucena - guitarras, Luis Nakamura - bateria e Mariela González - vocais.

A terceira música, também instrumental, intitulada 'Más Allá del Limite' ainda mostra a similaridade com a escola sueca dos anos noventa, só que desta vez aproximando-se à plataforma musical do Pär Lindh Project, com os teclados do líder Lalo Huber tomando a dianteira do grupo, porém o tema parece ter seu desenvolvimento cortado de forma abrupta e mesmo com a variação de timbres fica a sensação de ter faltado alguma coisa. 'Tiempo Sin Razón' apresenta uma plataforma mais sinfônica, com teclados a la Solaris(impressionante a similaridade), a quebrada de andamento nos primeiros minutos com a guitarra executando os mesmos acordes dos teclados é um dos grandes momentos do álbum, com a Mariela entrando em seguida com sua bela voz. Já é possível observar que o Nexus mesmo tendo surgido nos anos setenta, se recriou para esta primeira obra e sua musicalidade é totalmente moderna, não há praticamente nada de vintage em suas músicas e a distância para o Yes é imensa. A dobradinha instrumental 'Utopia' e 'La Espiral' seguem a mesma tendência da abertura, tintas góticas funcionam como interlúdio, característica necessária para um cd de longa duração.

O grupo retira um pouco o peso em sua composição mais longa, aproximando-se do neo prog tradicional de grupos como Marillion e IQ, a guitarra dedilhada e os efeitos nos sintetizadores formam camadas musicais que não abafam os vocais da Mirela que segue em domínio completo até a virada a partir dos oito minutos de 'Signos en el Cielo'. No set instrumental a referência ao neo permanece, pois Lalo Huber cria efeitos próximos ao estilo de Martin Orford. 'Detrás del Umbral', a música título, também é a mais bem desenvolvida pelo grupo, com uma introdução bem definida, na linha do Eloy anos oitenta, principalmente o álbum 'Planets', aqui a Mariela se supera nos vocais, seguindo o compasso do baixo. Os teclados de Lalo Huber também estão muito inspirados, remetendo-nos novamente ao grande Pär Lindh, com uma atmosfera cheia de quebras de andamento e plena do progressivo clássico do grupo que seria construído em suas obras posteriores e principalmente em suas brilhantes participações no Projeto Colossus, a reminiscência do Eloy retorna de forma empolgante a partir dos seis minutos, vale a pena atentar para esta sequencia.

A partir desta etapa a obra segue em certo declínio, problema recorrente em discos de longa duração, ou seja, a dificuldade de manter o nível ao longo dos mais de setenta minutos de duração. 'La Processión Interior' é quase como um deja vú para a música anterior e o peso retoma em 'Eterno Y Fugaz' que em seus dez minutos mais parece uma colagem de tudo que já havia rolado durante a execução do disco, desde o dedilhado da guitarra, aos movimentos nervosos nos teclados, desaguando nos vocais em primeiríssimo plano, sem bateria nem baixo. As duas últimas músicas também seguem a mesma tendência, porém com curta duração, não há muitas escusas para esta necessidade de se aproveitar o máximo tempo possível com tudo que o grupo compôs nos últimos vinte anos. De qualquer forma, vale ressaltar que esta estreia do Nexus foi amplamente aplaudida no meio progressivo, alçando o grupo a uma projeção internacional, com participação no prestigiado festival Nearfest em sua edição de 2000, além de se apresentarem também no Brasil, no auge do saudoso RARF.
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