Ótimo trabalho, disco de cabeceira
Eu estava na loja do Zé do Disco (Faunus) quando as caixas do primeiro Lp do Dialeto chegaram em mil novecentos e tralalá e foi quando eu ouvi pela primeira vez a banda com seu rock pesado, com certa influência da new wave, do rock dos anos 1980, e com certa mistura de Pink Floyd e King Crimson. Infelizmente Dialeto é uma banda intermitente e só 2013 lançou seu terceiro CD, agora pela gravadora americana Moonjune, mas felizmente um dos melhores CDs de 2013. Do trio original, que gravou os dois primeiros discos, dois integrantes continuam na banda, Nelson Coelho e Miguel Angel, na guitarra e bateria, respectivamente, mas o baixista foi substituído por Jorge Pescara, que toca touchguitar. Se eu tivesse que fazer uma descrição muito curta da musica do Dialeto eu diria que é mistura de King Crimson, Pink Floyd, Present e Djam Karet tocando progressivo instrumental, pois todas essas bandas apresentam uma musica com base fortemente embasada no som da guitarra. A única critica que eu faria é a diferença na qualidade, bem superior, do som das cordas em relação ao da bateria, de resto, The Last Tribe é só satisfação, onde Nelson Coelho explora a guitarra de maneira feroz, tribal e com grande paixão, pois seus solos são viscerais e construídos sobre bela base de bateria e touchguitar e com a base de uma ou varias guitarras. Windmaster abre com belo dedilhado, calmo e sóbrio, o que me lembra Andy Summers em alguns dos seus trabalhos solos, seguido da touchguitar, até a entrada da bateria para dar peso e consistência à musica. Longo solo de guitarra que mistura rock, blues e country, meio que na linha de Dire Straights, que culmina na parte central da faixa, dando lugar, no final, a sequência rápida de palhetadas com slide. Em Dorian Grey, Jorge Pescara mostra todo poder da sua touchguitar, criando a base perfeita para clima floydiano e solo muito intenso. As puxadas e diversificações usadas nas cordas de baixo são no melhor estilo do Tony Levin. The Last Tribe é curta, menos de dois minutos, mas é realmente tribal, com ritmo pesado e repetitivo, solo esfuziante, enquanto a base é dividida entre a touchguitar e overdubs de guitarra. Embora curta, The Last Tribe, é uma das faixas mais intensas do CD. Lydia in the Playground tem inicio calmo e delicado evoluindo para solo cheio de poder e intensidade, acompanhado pela tensão da bateria que varia o fraseado, trazendo tensão e tranquilidade na medida necessária. Unimpossible começa com a touchguitar fazendo a linha do baixo, seguida de acordes para a guitarra começar solo calmo e profundo, com estilo que mistura David Gilmour e Mark Knofler, mas a calma inicial é substituída por base distorcida, crimsoniana, na linha de Red, em que solos rápidos são alternados com a base da música, com excelente harmonia entre as cordas. Tarde Demais é balada bem bonita, no estilo das composições mais calmas de Mr. Fripp. Vintitreis é uma das mais pesadas e intensas do CD, com acordes dissonantes, sessão rítmica com o peso e a intensidade do Present, e solo conduzido por sequências de palhetadas com slide. Whereisit resume o estilo do disco que deveria ser algo como rock-jazz e não jazz rock! Peso da touchguitar em grande sintonia com a bateria em ritmos hipnóticos, como em De Futura, e guitarra debulhando em cima disso! Sand Horses tem algo de Rush e música latina e poderia ser usada em trilha sonora de algum filme de Tarantino, por causa de sua dramaticidade. O CD fecha com Chromaterius, que é a mais crimsoniana do CD, com grande intensidade e peso da sessão rítmica e solos intensos, algo similar com The Power to Believe. Embora eu tenha usado uma serie de referências para descrever as faixas, The Last Tribe tem grande identidade e para quem já conhece o som do Dialeto vai reconhecer o estilo próprio da banda em cada faixa. Ver uma banda brasileira ter CD lançado em selo americano que tem em seu catalogo nomes como Soft Machine, Elton Dean, The Wrong Object é para se alegrar e para prestar atenção na qualidade desse material. Se você não conhece o som do Dialeto, The Last Tribe é o lugar para se começar.
01. Windmaster (6:26)
02. Dorian Grey (4:27)
03. The Last Tribe (1:56)
04. Lydia in the Playground (5:20)
05. Unimpossible (7:47)
06. Tarde Demais (3:40)
07. Vintitreis (4:19)
08. Whereisit (5:11)
09. Sand Horses (4:07)
10. Chromaterius (3:42)
NELSON COELHO: guitarra
JORGE PESCARA: touchguitars
MIGUEL ANGEL: bateria
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