Obra-prima, irretocável
Blue Dogs é o primeiro CD da banda Manna/Mirage e não, o nome não é coincidência com o do primeiro disco da banda The Muffins, na verdade esse projeto deveria ser o próximo CD deles, mas em virtude de alguns desacordos quanto à forma dos arranjos, acabou virando o primeiro CD do Manna/Mirage. Eles contam com ¾ do The Muffins, Dave, Billy e Paul, mais Mark Stanley (Chainsaw Jazz) na guitarra, George Newhouse (filho do Dave) na bateria e Steve Pastena no corne francês. No disco tem três bateristas, George toca em Canterbury Bells e Blind Eye, Paul em Muffin Man Redux e o resto da bateria fica por conta de Dave Newhouse, e ele manda bem, mas eu sinto falta das viradas explosivas de Paul em algumas partes. Billy toca baixo elétrico e acústico, Mark aparece em Muffin Man Redux and Blind Eye, enquanto de última hora Steve Pastena adicionou corne francês em “Shwang Time”. Para quem gosta da fase Chronometers e Manna/Mirage este CD é um parto cheio, pois o Canterbury-americano, com belas harmonias e arranjos intrincados, é explorado ao máximo, com destaque para os teclados, organ e piano elétrico, e múltiplos sopros, quase todos executados por Dave Newhouse, adicione aí alguma influência de Zappa, Duke Ellington, Charles Mingus, Soft Machine e Benny Goodman e você terá como resultado uma obra prima. A base de teclados e piano elétrico é marca registrada de Mr. Newhouse e, aqui, ele esbanja seu talento com as ideias centrais criadas e desenvolvidas nos teclados. O uso de múltiplos sopros, principalmente saxofones, em Duke Street se faz perceber a reconhecida influência de Duke Ellington, que é creditada no título. Muffin Man Redux está mais para o estilo da fase tardia e intensa do The Muffins, como em composições tipo Queenside ou Horsebones, do CD Open City, mas misturada com uma boa dose de jazz, ainda final totalmente canterburiano. Simplesmente esplêndido. Lost in a Photograph é calma e algo melancólica, com os teclados substituídos por diferentes sopros, requisitando grande riqueza no arranjo o que resulta em bela sonoridade. Blind Eye é mais pesada, percussiva e propulsiva, com influência Zeuhl, que se nota nos teclados, baixo pesado e na bateria, e culmina com solo devastador de guitarra. Shwang Time tem influência das big bands, especialmente de Benny Goodman e Gene Krupa, sendo que a ideia inicial foi gerada a partir de improviso nos estúdios de Tom Scott, e com algum trabalho virou uma das melhores faixas do CD, pois os sopros são algo realmente especiais, com destaque para Steve Pastena, que arrebenta no corne francês! Isso ao vivo, com uma big band inteira deve ficar impressionante! Rovian Cue fecha o CD e tem bem o estilo do The Muffins, com o piano e uma montanha de saxofones que dão suporte aos solos de flauta e de piano. Esse CD é muito bom, resgata algumas coisas do início do som do The Muffins, fazendo-o um dos melhores de 2015, na minha opinião. O CD tem um pequeno defeito, ele é curto, só tem 35 minutos, mas com essa qualidade, não tenho do que reclamar. Na verdade é um CDR feito pelo próprio Dave Newhouse e vendido por mesmo. 100 cópias, quase todas vendidas, e se alguém estiver interessado, vai ter que buscar nas lojas que ainda o tem em estoque, pois as do próprio Dave acabaram. A minha é a de número 77. Recomendadíssimo!
1. Canterbury Bells
2. Duke Street
3. Muffin Man Redux
4. Lost In A Photograph
5. Blind Eye
6. Shwang Time
7. Rovian Cue
Billy Swan - baixo e baixo acústico
George Newhouse, Paul Sears - bateria
Steve Pastena - corne francês
Mark Stanley - guitarra
Dave Newhouse - teclados, sopros, bateria
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