Fantástico, vai rolar direto no meu som
O box mais esperado de todo o movimento do rock progressivo atende pelo título dessa resenha, mais de vinte anos de espera para termos oficialmente registros ao vivo de apresentações da banda nos anos 70, em sua fase áurea com Peter Gabriel nos vocais, antes somente havia o Genesis "Live", o que convenhamos era muito pouco em se levando consideração a vasta discografia dessa banda extraordinária. Encontramos também demos de uma época incipiente pré "Trespass",
importantíssima para a busca da concepção e desenvolvimento sonoro que a banda atingiria na maturidade musical setentista.
Esse exemplar contém quatro cds, com o show do "The Lamb Lies Down On Broadway" na íntegra nos dois primeiros, diversas versões ao vivo no terceiro que é o melhor dos quatro, principalmente do "Foxtrot" e do "Seeling England By The Pound" e uma sucessão de inéditas embrionárias no quarto. Percebe-se claramente uma inversão cronológica, começando por 75 e terminando em 67, esse fato é meio incoerente e não consigo observar uma justificativa para isso, pois essa disposição impossibilita-nos de apreciar a evolução natural da banda ao longo do
período, ficando deveras anacrônico. Depois de passarmos pelo terceiro cd, torna-se até complicado de ouvir o quarto de forma ininterrupta e seqüencial, já que há um diferencial muito grande entre essas fases.
No que diz respeito à apresentação do "The Lamb Lies Down On Broadway" nota-se a impressionante fidelidade do show em Los Angeles com a versão de estúdio, numa reprodução praticamente idêntica, até mesmo por ser conceitual e apresentar uma história bem definida, sendo narrada pela sucessão das músicas e por esse motivo tal box é altamente recomendável para todos que admiram esse último legado da fase Gabriel. Porém, pode soar meio exagerado para aqueles que não chegam a apreciar tanto esse trabalho, pois vários clássicos foram abdicados em detrimento da extensão do mesmo. Talvez essa inclusão na íntegra se justifique pelo saudosismo de marcar a despedida do genial Peter Gabriel da banda, que
já estava decidida antes mesmo de rumarem para a América.
Nesses dois primeiros cds os destaques são: "In The Cage" pelo teclado
espetacular do Tony Banks, "Hairless Heart" música pouco citada, mas altamente instigante, "The Chamber Of 32 Doors" onde temos uma das interpretações mais emotivas de toda a carreira de Peter Gabriel, sendo acompanhada por um solo arrebatador de Steve Hackett, trata-se de um momento antológico, "Anyway" com outro belíssimo solo de Hackett e a estupenda "The Lamia".
Com relação ao terceiro cd o ponto alto é a versão ao vivo de "Supper's Ready", preenchendo uma lacuna; e para deleite dos fãs com toda aquela introdução em forma de encenação que é deveras interessante, já que no Genesis "Live" a mesma fora preterida. Aqui vale citar que o box procura mostrar versões que não foram lançadas anteriormente, por esse motivo não há qualquer versão do Genesis "Live". Temos também as esperadas versões de "Happy The Man" e "Twilight Alehouse" que jamais foram gravadas em qualquer exemplar de estúdio, servindo como um resgate significativo.
O quarto disco funciona como uma espécie de homenagem ao período Anthony
Philips com versões inéditas e interessantes que remontam ao contestado "From Genesis To Revelation", mas o fato é que se excluindo umas quatro ou cinco músicas, as restantes ficam muito aquém dos outros três cds. Destaque para "Going Out To Get You", "Dusk", "Build Me A Mountain" e "Hidden In The World Of Dawn". Não é minha função intrometer-me na concepção desse box, mas acredito que o espaço destinado a essa fase também fora exagerado, em que pese sua relevância pelo teor inédito, já em termos de qualidade não se justifica.
Agora passarei a relatar alguns pecados contidos na obra:
1 - Ausência de clássicos eternos como "Musical Box", "The Knife" e "Cinema Show".
2 - A supressão inexplicável da belíssima introdução ao piano por Tony Banks em "Firth Of Fifth".
3 - A versão de "Watcher Of The Skies" é um arremedo se comparada à do Genesis "Live" e também a de estúdio.
4 - Repertório sem incluir uma música sequer do "Nursery Crime", na minha visão o melhor do Genesis, cabeça a cabeça com "Foxtrot" e "A Trick Of The Tail".
5 - Inclusão de "More Fool Me", o que me obriga a ter que pular essa música, não sei por que Phil Collins se imiscuía a cantá-la, é fraca demais.
De qualquer forma, esses pecados não chegam a comprometer o resultado final que é por demais satisfatório, ainda levando-se em consideração que contém um livro luxuoso com aproximadamente oitenta páginas abordando inúmeros fatos da carreira da banda e com diversas fotos do período disposto. É cada estória de arrepiar, temos uma hiper curiosa sobre um caso fortuito com Baden Powel e tantas outras.
Temos nesse "Archive - Volume 1: 1967-1975" um exemplar para os admiradores da era Gabriel que sentiam a falta de não possuírem registros oficiais de concertos do grupo nesse período com boa qualidade de som e mixagem, ainda assim não recomendo para qualquer fã de rock progressivo pelo teor da abordagem, por outro lado é item de cabeceira para qualquer seguidor médio do Genesis. |
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