Fantástico, vai rolar direto no meu som
A história da banda carioca Acidente é um tanto curiosa, dividindo-se em dois períodos distintos, o primeiro e totalmente obscuro dá-se no fim dos anos 70 abordando uma temática popular, rock convencional e sem maiores complexidades, não gerando frutos de sucesso. A segunda fase inicia-se justamente com o álbum ?Quebre Este Disco? e veio com uma aura progressiva, não sendo necessário ser um exegeta para compreender que a banda seguiu um rumo distinto do levando anteriormente, privilegiando a qualidade musical em detrimento da música pop.
O grupo passou a contar em suas fileiras com músicos tarimbados, desenvolveu arranjos mais complexos e elaborados, produziu idéias conceituais a partir de músicas totalmente instrumentais e o resultado fora bem recebido pelo público adepto do progressivo e por aqueles que curtem uma boa jam session com levadas rítmicas que vão da linha jazzy ao blues.
?Quebre Este Disco? possui ecos de diversos estilos e bandas, nas composições mais sinfônicas a banda se aproxima de elementos neo, principalmente no que tange alguns arranjos de teclados que remetem a bandas como Abel Ganz e Pallas. É de se notar que a sonoridade do grupo também reflete o contexto nacional do rock anos 80 em diversos movimentos, delineados em bandas como Plebe Rude, Violeta de Outono e 14 Bis. Por outro lado, nos momentos mais quebrados é possível identificar influências de medalhões dos anos 70 como ELP(principalmente nas composições de baixa duração feitas pelo power trio) e Eloy(notadamente nas linhas de baixo).
É importante ressaltar a qualidade do músico Jarbas Loop, baixista de mão cheia e acima da média, tendo nesse trabalho uma sincronia muito afinada com o tecladista e líder do grupo Paula Malária, o entrosamento dos dois é praticamente perfeito e dá as cartas do grupo na maior parte das músicas, bela dobradinha do progressivo nacional.
Gostaria de destacar as duas primeiras músicas que abrem de forma intensa o trabalho, contando com grande criatividade do baixo e belas linhas de teclado: ?Nilopmusic? e ?Não Querer?. A qualidade da edição em cd da Rock Symphony também é digna de elogios com uma produção impecável desde o encarte até a remasterização, resgatando essa importante obra do progressivo nacional.
A curiosidade fica por conta do bônus ?Fim do Mundo? em que a banda reedita seus velhos tempos com o vocalista Helio Jenné, sem falar no suplemento composto por quatro músicas da Expo Rock 2000, porém a meu ver não estão no mesmo nível das miúdas, mas eficientes composições do trabalho original. |
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